segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Homem Que Amava As Mulheres

O trecho abaixo foi retirado do filme O Homem Que Amava As Mulheres (L´Homme Que Aimait Les Femmes) de François Truffaut, 1977, que assisti recentemente. Em tese, sintetiza meu apreço e desejo pela figura feminina em suas mais belas nuances. Me sinto à vontade para dizer que, em nenhuma hipótese, sou ou serei um Casanova, apesar de admira-lo muito. Tampouco me importo sobre algumas opiniões que venham a surgir sobre o meu caráter após citar este filme (fato é que poucos o viram ou ainda o verão), por isso danem-se os hipócritas, prefiro morrer sozinho do que restringir meus pensamentos e opiniões por causa de quem seja. Adaptei o texto de Truffaut, narrado pela personagem principal do filme, Bértrand, para a nossa realidade do hemisfério sul, onde o inverno ocorre no meio de ano e não no início do mesmo. Por fim, a quem desejar saber a razão por eu estar citando um filme cult como este, eu adianto somente que não vou ao cinema, somente assisto aos clássicos. Gosto de um filme que me faça pensar, ou melhor, imaginar a realidade, do que entregar, "de bandeja", a fantasia:

"Para mim não existe nada mais bonito de se ver do que uma mulher andando, desde que com um vestido ou saia que mexa no ritmo de seus passos. Algumas mulheres andam como se tivessem um objetivo; um encontro talvez. Outras apenas passeiam com ar despreocupado. Algumas são tão belas vistas por trás que hesito em ultrapassá-las, temendo ficar decepcionado. Porém, nunca me desaponto. Quando elas não me agradam de frente, me sinto aliviado de certa maneira; pois, infelizmente, não posso ter todas elas.

Milhares delas andam pelas ruas diariamente. Mas quem são todas essas mulheres? Para onde vão? Dirigem-se a algum encontro? Se o coração delas está livre, então seus corpos devem ser pegos, e creio que não tenho o direito de deixar passar essa chance. A verdade é que elas desejam a mesma coisa que eu: elas querem amor. Todo mundo quer amor. Todos os tipos de amor: amor físico, amor sentimental ou simplesmente a ternura desinteressada de alguém que escolheu outro alguém para a vida toda, e não tem olhos para mais ninguém. Não me encontro nessa situação; olho para todas.

As pernas das mulheres são compassos que percorrem o globo terrestre em todos os sentidos, dando-lhes equilíbrio e harmonia.

Como alguns animais, as mulheres praticam a hibernação. Durante dois meses elas desaparecem. Não são vistas. E então, no primeiro raio de sol do verão, como se tivessem combinado ou recebido uma ordem de mobilização, elas aparecem às dezenas nas ruas, com roupas leves e saltos altos. E a vida recomeça.

Uma bela perna é maravilhosa, mas não sou inimigo dos tornozelos grossos. Posso até dizer que me atraem: são a promessa de um alargamento mais harmonioso subindo ao longo da perna. As pernas das mulheres são compassos que percorrem o globo terrestre em todos os sentidos, dando-lhes equilíbrio e harmonia.

Recentemente percebi que no inverno sou atraído por quadris grandes. Entretanto, no verão, gosto dos menorzinhos (citação do blogueiro, a original se refere a seios). Duas pequenas peras andando de braços dados. Mas o que têm todas essas mulheres? O que têm a mais do que todas as outras que conheço? Bem, justamente, o que têm a mais é isso: elas ainda me são desconhecidas."



Merci, Monsieur Truffaut! Trés Belle!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ti Piace La Pace?

Vamos dar um tempo nos textinhos sentimentalóides e falar de coisas mais adequadas ao Blog. Minha musa está em outra Egotrip e eu estou "numas" de mandar bala em textos mais adequados à minha personalidade irônica, e de certa forma, patética em alguns aspectos. Acredito que este texto traz alguma utilidade publica, por que não? As pessoas vivem sendo enganadas, ou melhor, tiradas como estúpidas perante diversos conceitos que explodem vez por outra nos meios de comunicação. Alguns conceitos chegam a ditar comportamentos, romper paradigmas e dar diretrizes a pessoas...digamos...despreparadas (estou light nas ofensas hoje).

Todos gostam de paz, não? Aquela paz muito difundida pelo movimento hippie da década de 1960, cujos predecessores, os beatniks, eu admiro muito, pessoalmente. Paz é realmente uma utopia, é algo reconfortante, é simbólica, quase iconoclástica, ou ao menos é o que a contra cultura quis nos dizer. Paz é balela! O mundo nunca estará em paz, e o conceito de paz mundial é risível, coisa de quem é inocente demais, ou talvez alienado demais às questões humanas, sociológicas, encravadas no nosso comportamento pelos milhares anos de nossa existência.

A paz, na prática, é intangível porque é antagônica sob o ponto de vista da nossa espécie. Aliás, de quase todas as espécies. Os conflitos existem para estabelecer-se a paz, pois sem os mesmos a paz não existiria nem em nossos vocabulários. Somos guerreiros, antes de tudo. Nossa civilização somente existe por causa das guerras passadas, as conquistas. A motivação para a conquista de novos mundos, a descoberta de novas tecnologias e bem estar como um todo só veio por causa da vontade em dominar e derrotar o outro. Sem o motivo da rivalidade, a motivação para que a humanidade crescesse iria vir de onde? Da religião? Certamente não, sempre foi o objetivo do catolicismo, por exemplo, ver seus fiéis pobres, ignorantes e sem aspirações, de modo a nunca perderem a fé em sua força magnânima invisível, mas onipresente.

Ora, se a guerra nos faz bem, por que a abominamos? Simples, a busca incessante pela dominação e poder, pode nos levar, enfim, a não existir mais. Até mesmo a guerra tem equilíbrio, ela só persiste quando não nos afeta quanto a perpetuação de nossa espécie. Por isso, o conceito de guerra nuclear é coisa de ficção científica. A única coisa que evitou que duas grandes potências nucleares do século XX, os EUA e a USSR, se destruíssem mutuamente num conflito mundial foi exatamente a idéia que aquele seria o único e último ataque da história da humanidade. Neste caso, o limite para os envolvidos não era somente as baixas humanas, e as ecatombes econômicas a seguir, mas sim o próprio conceito de autoextinção, este sim, um freio natural para qualquer conflito.

É fato que, durante o período da Guerra Fria, experimentamos uma "paz" interessante, onde guerras em escala mundial como a I e a II não ocorreram. Seria loucura, mas a teoria é que duas potências antagônicas que podem se destruir, umas as outras, são um grande impulso para a paz mundial. O simples fato de uma poder monitorar e destruir a outra já são brochantes o suficiente para que as duas tentem iniciar um conflito. Funcionou naquele período, mas só naquele período. Vêem como o conceito de paz, pela paz, é ridículo? Simplesmente não existe.

Depois da queda da USSR e a manutenção dos EUA como única potência, os conflitos bombaram, literalmente, no mundo. Um único poder nuclear comandou no inicio do século XXI todas as ações militares que se têm conhecimento neste período, abaulando o Oriente Médio e dividindo-o entre amigos dos EUA e inimigos dos EUA. Claro que o terrorismo tem papel preponderante em tudo isso, mas é fato que o terrorismo árabe nada mais é que uma reposta à intervenção constante dos EUA no mundo em geral, quase sempre desastrosa. A paz, que tanto os americanos apregoam, não passa de instrumento de propaganda de dominação politico-economica no mundo, e é altamente lucrativa. Ao vender-se o conceito de paz, todos compram um único conceito da mesma, num mundo que, apesar de globalizado, tem diferenças marcantes neste quesito. A paz para um árabe não é mesma que para um americano. Logo, a imposição de conceitos, gera conflitos. Adeus paz.

Contudo, este século demonstra mais uma solução para a paz momentânea, e tudo passa pela idéia que a economia americana está em ruinas após dois governos desastrosos. A emergente China vem ensinando ao mundo como ser grande e nunca conflitar interesses com outros grandes. Como? Comércio. Sim, a solução estava no passado! O comércio entre as nações sempre foi a melhor maneira de se manter a paz entre elas. Nenhum país entra em conflito com o outro que lhe provê lucros, ou produtos essenciais para seu crescimento. A China está se tornando a maior compradora e a maior vendedora do mundo, ela sustenta diversas economias no mundo, inclusive a americana. Ou seja, quem irá querer guerrear com eles? A não ser que o país seja dirigido por um ditador altamente estúpido e tacanho, que não perceba os benefícios da "paz comercial". Para quê ver um país destruído se ele tem, por exemplo, reservas de um insumo muito bom na nossa produção? Invadi-lo? Não me trará benefícios, preciso que eles estejam bem economicamente para que nós também estejamos. Assim se tem um conceito de paz mais límpido.

É, não era aquela teoria hippie do paz e amor, com seus conceitos tortos de paz forçada pela pura vontade de estar em paz (drogado), vivendo em comunas auto suficientes, andando nu etc... Pessoas assim ignoraram o simples fato de sermos humanos, animais racionais, por assim dizer, que têm interesses. Sejam as nações, vizinhas, seja nossa própria vizinhança, sempre haverá diferenças nos interesses entre elas, sempre haverá conflitos. A idéia é que troquemos os antiquados métodos bélicos pelo transporte de mercadorias, dando vazão ao livre comercio sem fronteiras. Quando todos os países estiverem inseridos no quadro comercial mundial, aí sim, experimentaremos anos de paz, fomentada pelo desenvolvimento e pela inserção das nações nos patamares economicos adequados às suas culturas. A paz mundial não é imposta por grupos pacifistas, é alcançada ao entendermos que o mundo é imenso e as culturas são diversas. Ao respeitá-las e querermos vê-las prosperar, nós também prosperaremos. É o livre comércio como maior instrumento de paz mundial. Pensem nisso.