quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Revolución, Camarada!

Gosto de revoluções, mudanças extremas, quebra de paradigmas. Por 12 anos, o país colocou fé numa suposta revolução encabeçada por um lider trabalhista supostamente ilibado, com trejeitos e maneirismos populares. Era o sonho das classes menos abastadas do país assoladas pelos frequentes governos das, e para as oligarquias, que marginalizavam qualquer movimento que sequer tocasse a questão social como cerne de uma gestão. Doze anos depois, o que mudou? Qual foi a revolução? Houve sequer uma tentativa de implantação de um socialismo, na acepção da palavra? Tudo que vejo são denúncias e mais denúncias. Investigações profundas, resultados nefastos de 12 anos em que todos se abstraíram da verdade e se traíram também, por meio de uma vã tentativa governamental de aumentar o poder de compra das classes C e D, expandindo crédito, sem que houvesse lastro econômico e educação suficiente da população para te-lo. A manutenção deste longo período de unipartidarismo, no executivo federal, deixou marcas. Ainda que haja alguns poucos tolos falando em golpe - aliás, este conceito é tão fora de contexto, visto que o golpe surge das diferenças ideológicas entre os supostos golpistas e a situação. O PSDB e o PT são farinha do mesmo saco!! - ou seja, golpe só se for pra inglês ver. O que o Brasil precisa não é dos esquerdas radicais cegos e nem dos coxinhas que adoram comprar na Flórida, batendo suas panelas como imbecis em suas varandas, no alto seus apartamentos inflacionados pela especulação imobiliária absurda, decorrente do...crédito petista!! Sim, você bate panela contra o PT, mas seu imóvel milionário vale o que vale hoje por conta de um erro crasso dos pensadores econômicos nomeados pelo partido. Ou seja, ironicamente, a sua riqueza patrimonial advém das cagadas petistas. O Brasil precisa, sim, de um choque de gestão. E isso vai muito além dos anseios da classe média que quer viajar, ou dos revolucionários de boutique, em seus centros acadêmicos de universidades.Significa romper com o sistema atual de governança, enxugar o legislativo, diminuir as benesses ao funcionalismo público, investigar prefeituras profundamente, assim como suas câmaras legislativas. Enxugar a máquina, como um todo. Momentos como este exigem gestões apolíticas, voltadas para um objetivo único: a recuperação do moral popular, da confiança no país, nas instituições e em seus gestores. Acabou, o Brasil que conhecemos morreu e teve que morrer! A corrupção e a Lei de Gerson precisam ser apagadas da psique desta nação. Aliás, o brasileiro se questiona se ele é ou não um povo. Ou se é só um bando de seres humanos, em tese, com educação e cultura em declínio, quase que esperando avidamente pelo próximo salvador da patria, que nunca virá. A unica revolução que vi, até hoje, em 35 anos de vida, neste país, esta sendo feita pela Policia Federal, em suas operações com nomes irônicos, frutos de uma geração de agentes que agem mais, e falam menos. Pode-se até questionar as prisões, as fases de investigação e suas condutas. Mas não se pode negar que a suposta revolução de 12 anos atrás não passou de papo de pastor de igreja evangélica. Era só mais do mesmo, já eles só queriam o que todos os outros canalhas da republica sempre quiseram: extirpar o país, locupletar-se do ganho patrimonial irrestrito e flertar com o ditatorialismo nojento. Nada mudou. Viva la revolución, PF!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Sobre o Carnaval e a Humanidade


No bloco da saudade já desfilei, cantando versinhos, balançando os braços e,  olhando meu suor farto, declinei da festa. Pensei na humanidade.

Dos foliões de edredon, ao pândegos das ruas, o que nos resta para filosofar nesta festa tão sui generis, tão cheia de exotismo, contudo questionada? A alegria tênue, que permeia entre o descontrole da dança e o embarque dolorido em um mundo alcoólico faz com que pensemos na necessidade humana unica de curtir até o mais espremido espaço, dentre tantos, ocupados por pessoas, igualmente alegres, que exacerbam o limite do corpo, colocando sobre seus ombros adornos e fantasias abrasivos, pesados, duros, só pelo momento, pelo escarnio, deboche, sensualidade e mídia.

O Carma intenso das dores quase nos remetem a meditação plena, onde o transe, neste caso, advém das batidas intensas  dos tambores e bumbos, que marcam os ritmos e fazem o sangue destes foliões ebulirem em ato continuo, até que suas forças se esvaziem num corpo fétido, caído, ébrio e escaldado do calor intenso desta parte do trópico. Que engraçado perceber o quanto queremos estar próximos uns dos outros neste momento.

A humanidade é tão fria. Olhamos ao nosso lado e interações não mais existem. Olhares são mal interpretados, abraços são vistos com grande reserva, especialmente se vindos do mesmo sexo. O toque humano nos falta, e se ocorrem, vem acompanhados de grande relutância. A solidão escalda a sociedade moderna, assim como o sol do meio dia escalda aqueles foliões suados em um bloco qualquer. E a alegria? É fabricada? Será que não agimos fora da curva porque já vivemos em reclusão atualmente? É como se tivéssemos que explodir a cada feriado, a cada lapso de tempo que passamos longe de nossas entediantes mesas de trabalho.

O carnaval não é tudo isso, não. E nunca foi. Hoje, então, nem se fala, pois dos costumes de outrora, da curtição tranquila e dos bailes infinitos dos clubes sociais só nos restam as migalhas. O feriado virou business, para os artistas celebrados e para os não tão celebrados assim. Um midiático show de mulheres testosterógenas, homens estranhos, patrocinadores de eventos e trios elétricos repletos de babaquices para quem deseja ser privado de seus sentidos. Para os meros mortais virou uma desculpa para bebedeiras, comilanças, liberação de agressividade, demonstração de desrespeito e muita, mas muita desilusão. Sim, desilusão! O carnaval é o opiáceo do folião e o cativa pela promessa de um período de intensas experiências, mas o destrói como resultado delas. O resultado são picos de alegria e fossas abissais de depressão, numa montanha russa de experiencias profundas que somente atiçam o que há de pior na humanidade de hoje: o imediatismo das sensações.

Eu olho para o carnaval com olhos de saudade, porém críticos. É uma visão de sintomas graves, como a ver um drogado dizer que está bem, que está sóbrio. Uma miríade de coisas passam pela mente, ao ver o carnaval pelo Brasil, na tela da tevê, como diz o bordão. Muitas delas, são de pura indiferença, de desapego por um período festivo que tanto foi uma expressão das camadas mais esquecidas da sociedade, e que hoje é um showcase para ricos e milionários exporem seus abdomens negativos, ou seus fantasiosos dedos ao ar, a marcar os ritmos rompantes. Era uma festa do povo, hoje é um espelho da decadência humana, e do elitismo prosaico, ordinário, marcado por gente que jamais viveu o carnaval em sua essência, somente suga, sorve a mesma.

...é que o folião nunca tem razão, ele apenas aproveita a ocasião...