domingo, 28 de julho de 2013

Nos Seios Da Nação

   Inconteste é a falta de patriotismo nas minhas veias, ainda mais neste país ainda semianalfabeto, transloucado pelas recentes aquisições de seu povo, um tanto disfarçadas de migalhas, de fato. Admiro o Brasil como nação. É uma patria de contrates, como diz o clichê. Mais ainda, é uma patria de pessoas que, por decadas, viveram à margem da capacidade opinativa, aceitando informações desconexas num mundo em constante evolução. No entanto, ao virarmos a esquina, ainda encontramos alguns suinos sabichões, na figura do malandro malemolente, que caga na cabeça alheia em troca de sua subsistencia. Há ainda outra faceta do pais, que é figura do trabalhador indolente, que clama pelo fim de semana ainda na quarta feira e que quando é enquadrado pelo seu superior, se auto proclama prejudicado, perseguido e azarado. É um país de contrastes, é verdade.

   Gosto de admirar, ou melhor, observar (já que admiração advém da paixão), como um voyeur que torce contra, algumas propagandas governamentais, com seus slogans de efeito, exaltando a recem inclusão de milhões de brasileiros que, na visão politica, viviam à beira do justo e ideal para a felicidade humana. Tem gente que cai nessa, e eu não os culpo. Pense você que há mais ou menos 25 anos atrás, para alguem com renda inferior a dois salarios minimos sequer sonhar com televisores invocados, microcomputadores, celulares multitarefas, carro, motocicleta e roupas novas, era necessário que este alguém tivesse um colchão de palha muito bom. Havia dois polos em termos de classes sociais, e estes eram o rico e o pobre. Hoje há uma classe que permeia estes extremos, compra alguns luxos, mas ainda necessita de serviços publicos e é para ele que o governo direciona suas propagandas de inclusão.

   Eu não sou patriota, já disse. Talvez por ter nascido em "berço esplendido", assim como este país está deitado há anos. Quem sempre teve conforto jamais entenderá as privações pelas quais uma pessoa de baixa renda, no Brasil, passa. Quem pode se educar nas instituições particulares, quem gozou de planos privados de saude, quem teve casa propria e bom tratamento odontologico, realmente não entende a felicidade que é ter um pouco mais, quando antes não tinha nada. Não dá pra ignorar o poder do pão e circo, e da inabilidade de se lidar com um sistema economico paquiderme e instavel, exaurindo os cofres publicos com politicas sociais, forçando um inclusão maior sem formar um alicerce economico confiavel.

   O atual partido no poder é a cara do povo brasileiro. Chega a ser assustadora a semelhança de uma instituição com seus governados. O objetivo, que fica mais claro da forma que a governança é imposta, é a manutenção do poder por algumas decadas do partido em si e não da implementação de uma nova era no pais, onde o povo obterá mais justiça social por meio do maciço investimento em setores carentes da sociedade, tal como saneamento basico, saude e educação. De fato, para um politico, estas agendas são perda de tempo, já que só demonstram seu resultado no longo prazo, tempo em que, de acordo com John Maynard Keynes, estaremos todos mortos. Não existe justiça sem se abrir mão da politica.

   No Brasil atual, as ondas de consumo norteiam o horizonte economico até o momento onde este não mais se sustentar. O consumo é como um amor avassalador: tem limite. O que resta, depois, é somente um amor comum, um restolho dos excessos da carne. Na economia brasileira ocorrerá o mesmo. Para se manter este nivel de consumo, o governo exagerou nas medidas de credito irrestrito, mantendo juros baixos, gerando fuga de capital, desequilibrando alguns fatores economicos positivos que tinhamos há até 10 anos atrás. O ideal era ter aproveitado a boa maré, e ter investido mais no que é mais necessário. A infraestrutura do país está caotica. Cidades, como São Paulo, estão quase inabitaveis de tão mal planejadas que são. A população cresceu e os serviços publicos não cresceram com ela. A previdencia continua no vermelho e carga tributaria esgana o pescoço do povo, impedindo-o de poupar o minimo de sua renda, que já é engolida pelo Leão e pelos impostos em cascata, injustos e estereis.

   A população brasileira, já ciente do ambiente hostil em que vive, está saindo às ruas, mesmo com objetivos generalizados, mas com um foco interessante na melhora do pais como um todo, tentando extinguir este regime pluripartidario estupido, que só dá cobertura para atos ilicitos no legislativo e executivo. Partidos politicos são antros de politicagem vazia, inutil para o povo, e nos nutrem um sentimento de barganha da nação, ou venda e distribuição de cargos publicos, exaurindo ainda mais os cofres publicos. Na veia aberta das finanças publicas, o dracula politico se alimenta constantemente, e propaga seu poder por meio da troca de favores depravados com outros de sua mesma especie. Ao que parece, o povo cansou disso tudo.

   No entanto, ainda há uma massa que não pensa, ou melhor, não entende o ambiente politico, ou até é alienada mesmo. Esta massa sofre pelo hiato educacional sob o qual reside, sendo vitima do populismo barato desde os tempo de Vargas. Sinto dizer que estes fazem parte da maioria no pais, e enquanto forem massa de manobra para suinos de paletó, o pais continuará desperdiçando otimas oportunidades ter sangue novo no poder. É hora de esquecer o patriotismo besta, que cega, que aliena, e por o povo para pensar. A imprensa não ajuda, pois é voltada para elites. É notorio o meu pessimismo quanto a alguma mudança no curto prazo no país e muito disso vem do realismo.

   Não sou patriota e nem quero ser. Sou só mais um indolente brasileiro que pensa demais e age de menos.