sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um Ode à Uma Musa Carnal

Naquele exato momento em que beijava seus lábios íntimos, sentia suas magnificas pernas a apertar minhas orelhas e meu coração, já corrompido pelos encantos da sua vertiginosa forma insinuante, palpitava a cada absorção de seus fluídos perfeitos, sorvidos pela minha afável e doce boca. Minhas papilas gustativas explodiam em extase a cada linha de sabor almiscarado, e eu era, naquele momento, o menor dos homens e o maior dos homens.

Tão forte fora a eternidade de nossas cálidas noites, que marcas rançosas foram deixadas abertas, como feridas gangrenadas, nosso desapego comparava-se aos membros perdidos das tais feridas. Foi a mutilação da lapa de carne vívida e vermelha que alicerçava nossa breve e doce união. A idéia que certas coisas simplesmente não devem ser, ou não podem ser, martela meus sentidos e me dá a certeza que a negação é viável, mas não eterna. Das coisas que aprendi contigo, a que mais indelével me foi é a certeza que somos incompatíveis como óleo e água. Separados somos fortes, divididos persistimos e juntos nos destruímos.

Divino era aquele sorriso grotesco, mas sublime, que emanava de tua face lívida, embossada...tu já riste alguma vez em sua vida? Sentia um misto de ódio e asco ao querer desfazer a tua inconteste confiança que me abalava a mesma, meus nervos se punham à flor da pele, queria te esmurrar o rosto até que te jorrasse sangue em cântaros. Não pude. Houvera sido demasiado fanático por teus deslizes emocionais, que tanto era melhor manter meus pensamentos de violência podre presos em minha imaginação. Nada mais. Me punha a socar concreto quando tu me viravas as costas, expondo cicatrizes jamais fechadas em meus punhos duros e calejados. Comedimento não fora meu forte naqueles dias.

Engraçado era quando te fazia chorar. Ali me restava somente uma satisfação quase dantesca de ver seus olhos marejados e tua personalidade em frangalhos perante a mim. De repente, eu era um pouco teu dono, eu me apropriava das tuas pálpebras e me gabava. Cada palavra que saía da minha boca era como uma metralhadora verbal, disparando 30 mil verbetes por hora, todos afiados e quentes, a rasgar a tua macia e alva pele, a qual me dava surtos eréteis quando te via nua em pelo. Sim, eu era sádico, nós nos sodomizavamos um ao outro sempre que possível, como meio de descobrir quem iria puxar a carroça, e quem iria ser levado por ela. Jogos de amor, jogos da mente.

Ah, a alvice da tua cútis...um convite ao prazer. O vermelhinho de seus calcanhares, sempre esfoladinhos pelos sapatinhos inapropriados, carregando aquele infame band-aid que mal se mantinha ali, agarrado. Eu a curava, eu a currava quando a via tão superficial, tão horizontal, tão doída, eu te passava as mãos pelos calcanhares na breve ilusão de conseguir invadir seu corpo. Te currava, sim, sempre conseguia após te esfregar os calcanhares, lembra? Que pelezinha tão alva, tão livida, era uma visão angelical, era definitivamente, contraditoriamente delicioso ver seu rosto vermelho e suado depois daquelas horas de fornicação non-stop. Aquilo me fazia lembrar sempre que estavas viva, eu estava vivo, vivíamos carnalmente.

Tu eras maldita em minha boca, eu era canalha na tua. A grande repulsa mútua que nos estranhava também nos mantinha juntos. Porra, era uma tremenda besteira! Desdenhávamos daqueles casais perfeitos, que se derretiam em elogios mútuos, vazios, com o simples objetivo de curtir com nossa cara, lembras? Nos faziam rir descaradamente. E as deliciosas discussões sobre o país e sobre nós e sobre a vida e sobre a morte e sobre nada? E aquelas comidinhas temperadas com estupidez e insensatez que provávamos semanas a fio, num misto de alimentação e perversão sexual deslavada? Alías todos sabem que eu tenho uma relação lasciva e depravada com a comida. É um traço dos malditos filhos de Baco, a luxúria e a boa mesa. Tu me escarnavas sobre o quão tolo era meu prazer em comer e beber. - Bebo e como, sua vaca, bebo e como. Assim como ando e cago para seus comentários vulgares sobre meu comportamento e desvios de personalidade, eu dizia.

Devia ter te matado por ter me dado tanto por melancolizar, ao menos na minha mente tu já morreste. Não choro em tua lápide, não escrevi nada em prol do teu epitáfio, não te homenageei em vida e não o farei em morte. Tu estás morta, ao menos para mim. Mas tu me fazes uma falta tremenda. A nossa contradição perdura, os nossos opostos querem, pelo magnetismo científico e natural, se atraírem de novo. Talvez possa morrer para mim mesmo, para que possa te encontrar, espiritualmente, no inferno da minha mente, onde nossas estórias perdurarão para sempre. Um suicídio mental...quem sabe?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fobias e Obsevações dos Excessos

Me considero um observador lunático, quase um voyeur, mas sem a conotação sexual que o nome carrega. Por vezes, em locais públicos, tendo a me recolher a alguns pensamentos julgadorezinhos de alguns tipos que passam em minha frente. Devo dizer, de antemão, que é uma prática ridícula, até posso concordar, mas altamente engraçada e um alimento pra minha personalidade meio "bobo da corte", que a posteriori me causa risos descontrolados em momentos de introspecção plena.

Não gosto muito de aglomerações de pessoas, pois sinto-me como num aquário repleto de espécies distintas, predatórias ou não, e isso é muito desesperador. Sempre fujo destas situações, mas quando me encontro assim passo para um estado de observador, aí me sinto como um homem num zoológico, apontando e fitando as diferentes figuras. De repente não sou mais o peixe dentro do aquário, sou somente um espectador do show de horrores que a humanidade está se tornando.

O que vocês querem é saber minhas impressões, não? Aquele escárnio que promovo a cada postagem neste Blog, um alimento para leitores loucos por algo que choque logo de cara. Vamos lá, eu odeio ir ao Shopping Center, mas sou obrigado a ir por diversas razões, que pouco importam. Já de cara, temos um ecossistema muito inerente a este tipo de estabelecimento, repleto de figuras indeléveis. Vemos aquelas moças, entre 13 e 17 anos, que se desenvolveram cedo (fenomeno bem atual, este), e colocam suas roupas demasiadamente provocantes para que alguns homens feitos tenham crises de consciência, especialmente aqueles que são pais. Não, não quero olhar, dizem eles, vamos olhar as vitrines, mas....como pode? Como pode? Estas moças são jovens demais, mas ainda assim meus olhos não se desviam. É um tormento! O mais engraçado é que elas sabem disso, mas nem imaginam o efeito que este vestuário causa nas mentes mais...digamos...livres, compreendem? Naquele microcosmos elas se sentem seguras pra isso, mas será que estão mesmo? Enfim...

Olho para o outro lado, para as vitrines, cafés, sei lá, me deparo com rapazes agindo de forma feminesca, com roupas coladas e coloridas. Eles também são bem jovens, e se acariciam como um homem a uma mulher, mas todos são homens, com seus MP3zinhos no ouvido, e celularzinho da maçã meio comida nas mãos. Ora, seu tolo, são meninos homossexuais! Eles também encontram no shopping a sua paz para agir como preferem. É um sinal dos novos tempos, como já descrito aqui anteriormente, ou seja, hoje este comportamento é mais comum e aceito, apesar dos atos infundados de violência por aí.

Depois de uns sorrisinhos irônicos de minha parte, vou tomar um chopp. Um pouco de álcool aumentará meu poder de observação, me dando quase uma visão de raio-x. Sorrio mais um pouco, e penso: Seria ótimo ter visão de raio-x, ainda mais dentro da área de provadores femininos! Babaquices a parte, o chopp me cai bem, e eu continuo a observar.

Passando para os pequenos detalhes, percebo as similaridades comportamentais de alguns seres, por exemplo: Homens com problema de calvície raspam seus cabelos, para disfarça-la melhor. Desta forma conseguem até um visual mais agressivo, muito dinfundido pelo ator Vin Diesel em seus filmes "a la zé ruela". Acredito ser o objetivo dos mesmos evitar demonstrar às fêmeas que, apesar da carequice, eles não perderam sua masculinidade. Tanto que alguns até fazem tatuagem, colocam blusas regatas, malham etc. Tudo isso pra tirar a atenção da careca. Este fenômeno se repete também com os homens negros, ou seja, eles raspam todo o cabelo. Nunca mais vi um homem negro com cabelo, é cada dia mais raro. Interessantíssimo. Tem também as mulheres que, por terem pouco tamanho nos quadris, investem num salto mais alto, mas alto mesmo, além de calças bem apertadas, para tentar disfarçar esta nuance de seus corpos. Interessante também é a quantidade de mulheres de cabelos lisos e loiros neste país; quero dizer; somos uma nação de pessoas, em sua maioria, morenas e com cabelos ondulados. De repente o Brasil virou a Escandinávia, e as loiras de cabelos liso bombam, até mesmo entre os machos. Homens que curtem uma mulher de cabelos cacheados (eu) estão em extinção. Elas, claro, fazem, em si, as coisas que mais atraem os machos. Homens e mulheres de óculos escuros dentro de um local fechado, mulheres com roupas sensuais demais, homens com calças jeans femininas, pessoas comendo fast food como porcos comem lavagem, adolescentes falando alto demais, crianças desgarradas chorando, pessoas mexendo em seus ultracelulares, falando com sei lá quem a todo o momento, mulheres comprando sapatos que nunca usarão, homens comprando, mulheres comprando, vendedoras gostosas empurrando mercadoria, excesso de mulheres de cabelos alisados...foi demais.

Meus olhos "explodiram". Era muita informação para uma pessoa só, e eu observei demais. Há variedades demais de seres humanos, há pessoas demais nesta terra. Vou fechar os olhos um pouco, processar as informações. Aquela fobia de excesso de pessoas está voltando, preciso tomar mais um chopp. O suor escorre da minha cabeça, minha mãos também suam. Devo satisfazer mais uma leva de leitores com minhas vazias e obtusas observações sobre o mundo? Talvez o observador esteja se tornando o observado, quem sabe? Mas esta já é outra fobia...