quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Peculiar Brasil Brasileiro.

Há muito tempo quero retratar o país em que vivo, suas nuances e defeitos, sem ufanismo ou a paixão que muitos escritores, como Gilberto Freyre, ousaram escrever. Sem mais delongas vamos a um mito constante, que muitos propagam por pura ignorância ou inocência, dizendo que o Brasil é esta nação atrasada por ter sido colonizada por portugueses e não por ingleses, como no caso dos E.U.A. Acreditar nisso é um erro, visto que muitas ex-colônias inglesas na África e Ásia sofrem do mesmo mal que o Brasil, ao estarem ainda categorizadas com nações em desenvolvimento. Promover que os portugueses em geral são agentes de atraso econômico é ignorar que, por exemplo, Portugal foi precursor em tecnologias básicas que perduram até os dias de hoje, e seu legado de pioneiros na expansão econômica mundial jamais será esquecido.

Há de se pontuar que ao Brasil vieram membros da corte portuguesa indesejados em sua origem, que vinham para cá como uma punição pelos seus serviços débeis à coroa. Entretanto, muita coisa ajudou o Brasil a se atrasar perante outras nações do norte, e dentre elas podemos listar a longevidade da escravidão como ponto pacífico. Durante os séculos XVII e XVIII, a revolução industrial enterrou de vez a escravidão ao implementar o trabalho pago como meio de engendrar o progresso ecônomico. A produção de manufaturas, mais caras que bens agrícolas, geravam mais lucros aos países produtores das mesmas, que no fim, geraram progresso. A manuntenção no Brasil, das fazendas e latifúndios, e a escolha do país por um cenário produtivo estritamente agrícola, condenaram, de certa forma, nossa nação a um futuro de periferia, e não de centro.

A escravocracia brasileira também gerou uma elite preguiçosa, indolente, que não se norteava no trabalho como meio de acumular riquezas e gerar riquezas para outros, um dos pilares do sucesso das nações desenvolvidas. Ora, do que adianta um indivíduo acumular riqueza se o mesmo não a divide com seus subalternos? Quem, enfim, irá comprar seus produtos senão os membros das classes mais baixas? Sem salários, estes mais pobres jamais poderão disseminar na economia seus ganhos, e terão, como calcanhar de aquiles, gerações após gerações de pobres sem poder de consumo, fazendo parte de uma massa falida que jamais trará progresso ao país, e sim, viverá de ajuda do Estado, um atraso que gera outro. A elite indolente, por outro lado, gerará no futuro, uma nação de ricos inúteis, com baixa capacidade de investimentos, também um atraso para a nação como um todo. Culpar o catolicismo pela imoralidade da elite não seria de todo errado, visto que a mesma protegia a escravocracia, e endossava este regime atrasado nas nações sob seus domínos.

Depois da abolição esta massa falida de negros e pobres foram jogadas na sociedade sem qualquer possibilidade de crescimento a qualquer prazo, o que cria, indubitavelmente, um protótipo de ser-humano que resistirá a algumas centenas de anos no cenário antropológico brasileiro. O negróide, que sofre misturas e mais misturas pela sanha sexual do branco europeu pelas ancas largas e grandes seios das negras da África setentrional que pra cá foram forçosamente trazidas. O índio, que houvera sido escravizado com insucesso anteriormente, também entra nesse caldo, por culpa também da perversão do homem europeu, mas em menor escala. Esta mistureba, a priori, gera um povo sem personalidade, sem noção de suas raízes, ou melhor, sem identidade. Por outro lado, isso afasta, em tese, os distúrbios raciais que tanto incomodaram países como os E.U.A.

Com a chegada dos imigrantes, advindos de várias partes do mundo, os membros da elite latifundiária brasileira tinham a vã esperança que uma nova safra de escravos estava por vir. Sim, a elite sentia falta da escravidão. Na cabeça deles era um lucro muito fácil, ter nos trabalhos de campo pessoas que trabalhavam em troca de moradia e comida. Mas não era tão simples assim, pois os imigrantes chegavam, em sua maioria da Europa, com maior conhecimento do trabalho assalariado, inspirados por teorias marxistas e weberianas. Ficava difícil escravizar um povo esclarecido, produto de um revolução industrial bem-sucedida na Europa. A imigração foi responsável pela profissionalização das relações de trabalho nos campos e nas cidades, já que neste período, a incipiente indústria brasileira começava a querer se desenvolver, apesar do domínio da cultura cafeeira. Ainda no século XIX, o Barão de Mauá havia, sem sucesso, tentado industrializar o Brasil ainda império, liderado por D. pedro II. Naquela ocasião, a pura idéia dos princípios ingleses de produção e trabalho assalariado assombrava a corte portuguesa, ainda presa à noção que trabalho era coisa de escravo. Mauá não obteve êxito algum.

A imigração trouxe muitos benefícios ao Brasil, permitindo a chegada de empreendedores, como os da família Matarazzo, de São Paulo, provenientes da Itália, que criaram um dos maiores conglomerados industriais do país naquele tempo. O Brasil imperial era retrógado, e a república era a esperança que as aspirações do Brasil poderiam ser maiores. Mas o que se viu foi a manutenção do latifúndio como alicerce da produção nacional, com suas variáveis conhecidas afetadas pelo clima, mão-de-obra e solo. Já estávamos no século XX e o país ainda tinha uma industria fraca, e governos que andavam de mãos dadas com os grandes fazendeiros da época, num jogo de interesses perverso, que atrasava a inclusão do Brasil na nova ordem mundial, a qual os americanos já gozavam há muito tempo, que era a invenção de tecnologias e patentes das mesmas.

As grandes invenções do mundo moderno surgiram nos E.U.A, Japão e Alemanha, e não por coincidência, estes países dominaram o cenário econômico mundial no século XX, cada um a seu tempo, apesar dos conflitos entre eles. Tais invenções geram lucros estupendos, suas patentes garantem royalties, e a riqueza dos países que as têm só tendeu a se multiplicar. Não havia de se esperar isso do Brasil, afinal de contas, estávamos nos preocupando em debulhar café, e torcer para o mercado de commodities externo não variar. Tolice a nossa achar que uma saca de café poderia competir, em termos de geração de riquezas, com a lâmpada, ou com o telefone. A indústria brasileira só se estabelece, enfim, na metade do século XX, quando num momento oportuno, após uma década do fim da II Guerra Mundial, Juscelino Kubitschek cria uma política industrial para o país. Durante a guerra, o Brasil se destacou ao fornecer borracha para os aliados, junto com café e minérios. Nem mesmo o aço, que na época deveria ser mais caro que ouro, ousamos oferecer aos deseperados aliados. Perdemos o trem do progresso de novo.

Com as crises da metade final do século XX, a escassez de tecnologias próprias, o enfraquecimento da industrialização e a manutenção de um regime militar retrógado, perdemos este emblemático século, e ficamos para trás. Não se pode entender o Brasil como país sem antes demonstrar os erros cometidos no passado, e a maneira como eles influem em nosso país atualmente. No cenário atual brasileiro, muito pode ser deduzido. Virou um país pluriracial, algo admirado por filosofóides, que ignoram a visão que os descendentes dos negros e indígenas, que cá viviam há centenas de anos atrás representa hoje a camada mais pobre da sociedade. Esquecem-se que os pardos, cafuzos, mulatos etc. são preteridos socialmente, e enriquecem o ciclo da pobreza no país, que condena gerações inteiras a viver numa situação de pobreza ad eternum. As periferias estão repletas de pessoas de cor mais escura, porque séculos atrás, seus descendentes foram jogados na rua sem a menor condição de sobrevivência, visto que os mesmos eram dependentes de seus senhores. Essas pessoas não foram educadas, foram ignoradas por governos após governos. Já os descendentes dos imigrantes, que representam uma camada menor da sociedade, puderam se educar e cresceram. É flagrante perceber que pessoas descendentes da "cesta" de imigrantes vindos para o Brasil gozam de sucesso maior em suas vidas, e vivem com mais dignidade.

No século XXI o Brasil tem ainda seus rastros daquele regime podre dos séculos passados, especialmente no Nordeste, onde as famílias descendentes dos grandes latinfundiários daquela região ainda gozam de poderes sobre o povo pobre e deseducado da região. No Sudeste, o insucesso das pessoas de mais baixa classe gerou revolta. É uma revolta diferente, nada comparada às revoluções de outrora. É a revolta da violência, especialmente cometida contra o próximo, mas que não tem nuances de racismo e sim de classismo. A falta de oportunidades ao pobre é a ferramenta que engendra a coragem para matar e morrer para demonstrar sua revolta pela situação em que vive. O país ainda vive do bem agrícola, da soja, da carne, do café. Apesar de ter uma indústria, a mesma padece de uma carga tributária perversa, fruto da incapacidade passada do Estado em prover o que há de mais básico ao seu cidadão. Com altos tributos, a indústria não investe, não produz, não emprega e não gera riqueza. A riqueza do campo ainda não consegue superar a riqueza da indústria, assim como há 300 anos atrás, e logo, o país não progride perante seus concorrentes. O Brasil é uma ilusão, seu povo é iludido, festeja quando deve temer. Temer por um futuro sombrio. Uma maioria esmagadora de pessoas que não vivem dignamente, não têm acesso a saúde digna, educação digna. É uma país de ignorantes, pessoas que têm seus sonhos destruídos pelo ensino público, lastreados por professores infelizes e mal-pagos. Pessoas que não sabem lidar com o crédito e são escravizadas pelo sistema bancário. Pessoas que não poupam ou investem porque não têm reserva de uma renda já pequena demais. É um país que esmaga empreendedores, ao não fornecer crédito e usurpá-los com milhares de tributos e taxas. Este é o retrato da maioria.

Quem fica com aquela sensação de dúvida sobre o por quê de nosso país não ter se tornado os E.U.A do hemisfério sul, ou do por quê de não termos justiça social, ou até mesmo por que o brasileiro é tão corrupto e o Estado é tão ineficiente não pode, jamais, culpar os coitados portugueses, e seu estilo de vida. Deve sim, olhar-se ao espelho e perceber, independentemente de sua origem, aonde você, cidadão, mais falha perante sua sociedade. Verá, portanto, que você é a doença de sua nação. Você com seu jeito malemolente do jeitinho, da trairagem, do egoísmo sem fronteiras. Este é o brasileiro, você é um brasileiro. Este país é a sua cara.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Goza Isabel!

Qualquer semelhança ou coincidência com esta humilde crônica é digna de vergonha. É tudo ficção, leitores. Ou não?



Isabel era uma mulher, uma fêmeazinha, uma doce criatura habitante da cidade do interior de qualquer estado deste país. Criada sob padrões rígidos, por um homem indigno e por uma mulher sem qualidades, sua mãe. Sua infância foi cercada por desejos insaciados, educação estudantil torpe e deficiência afetiva. Sua mãe, Paulina, era uma senhora muito religiosa, filha de imigrantes espanhóis, mas com uma pobreza espiritual sem igual. Esta mulher era sofrida, havia sofrido abusos psicológicos e sexuais, havia, portanto, se tornado uma criatura vazia, sem expressão. Seu pai, Francisco, era um jogador e bêbado inveterado. Tinha origens bem brasileiras, era um mestiço. Havia sido criado em orfanato, e seu rosto, marcado pelas mazelas do álcool e pela lida diária na Companhia Açucareira, por sóis e mais sóis a pino, havia lhe deixado sem auto-estima que fosse. Sua alegria era jogar. Não interessava o jogo: Bicho, dados, sinuca...tudo era um motivo para apostar. Quando perdia, bebia. Quando bebia, agredia.

Neste ambiente, Isabel dividia um quarto na humilde casa com três irmãs, todas mais velhas. Isabel era a caçula. Havia um rumor na cidade que as irmãs de Isabel se prostituiam na cidade vizinha, ao menos elas viviam como rainhas. Era fascinante vê-las sempre com roupas diferentes, Lingeries insinuantes e perfumes exóticos. Para Isabel, que não detinha qualquer maldade, a prostituição era a redenção de uma mulher, pois as tornavam menos igual a sua mãe. Francisco já havia perdido qualquer esperança de casar estas três jovens "cortesãs", e simplesmente ignorava o que as mesmas faziam em outra cidade. Sua saúde já não o permitia ter a mesma autoridade de outrora. Para Paulina, não fazia a menor diferença, contanto que suas amadas filhas voltassem para casa. Nesta época, Isabel era só uma pré-adolescente. Seus seios ainda não houveram se desenvolvido, seus quadris eram estreitos, e suas bonecas ainda lhe faziam companhia. Francisco dentinha o sonho latente de casar Isabel, como manda o figurino, e a preparou para isso. Queria salvar esta filha, tirá-la de uma vida de perversões e doenças venéreas, torná-la mais um cordeiro no rebanho de Deus, uma mulher que a sociedade pudesse se espelhar.

Numa quarta-feira bem cedo, Isabel acordou de um sonho delicioso que houvera tido com um rapaz um pouco mais velho, de sua escola. Jaime era estudante da oitava série, e sua impetuosidade deixava Isabel atiçada. Seu sonho havia sido passional, e Jaime a beijava como faziam os artistas da televisão, mas num determinado momento, Jaime desceu suas mãos para sua delicadas coxas e, ainda sonhando, Isabel sentiu aquele calor entre as pernas. Ela acordou. Suas irmãs ainda dormiam, enquanto Isabel ainda detinha a sensação de ter sido tocada pela primeira vez por um homem. Ela se levantou, e foi até um espelho, de frente à sua cama, onde suas belas irmãs se penteavam e se perfumavam. Mexeu nos cabelos, fez pose, caras, bocas, passou um pouco de perfume. Usou um pouco do batom da irmã. Estava linda! Pensou que seria assim que poderia fazer Jaime prestar atenção em sua figura ainda pueril. Suas irmãs eram mulheres curvilíneas, na flor da idade, tinham seios e quadris volumosos. Francisco levantou para trabalhar, e como sempre foi pedindo seu gole de café matinal a Paulina, ordenando que se levantasse logo. Isabel, assustada, limpou o batom com pressa, e saiu correndo para ajudar a mãe a preparar o café. Paulina rezava sempre que acordava, isso deixava Francisco louco de raiva pela demora na sua pequena dose de cafeína pré-labuta.

Naquele dia, na escola, Isabel não parava de prestar atenção em Jaime e suas atitudes. Seus ombros eram largos, seus olhos marcantes e escuros, era um líder nato, todos o ouviam. Havia um rumor que Jaime não ligava para a bronca dos professores, os enfrentava! E isso causava suspiros em Isabel. Ao fim da escola, sempre que chegava em casa, Isabel passava a roupa das irmãs, em troca de alguns afagos que não obtinha da mãe e algumas moedas que sempre lhe valiam uma pamonha bem gostosa, ou pacote de balas. Ao observar as irmãs se arrumando para as suas noitadas diárias, percebeu que as mesmas planejavam enlouquecer os homens naquela noite. Quilos de maquiagem, litros de perfume, calcinhas pequenas, e vestidos sem sutiã. Isabel percebia aquilo como uma aula de sedução a qual iria aplicar um dia para conquistar Jaime. Não foi suficiente observar, Isabel queria segui-las, queria ver como falavam, o que faziam, o que tanto ofereciam que deixavam os homens loucos.

A noite estava quente e calma, e Isabel partiu em sua jornada pelo aprendizado. Adentrou o único ônibus que levava aos limites da cidade, sem que as irmãs percebessem, sentou bem atrás, sob os olhares de mulheres que não entendiam o que uma moça tão nova iria fazer naquela cidade proibida. Ao chegar, as meninas desceram, e Isabel foi logo atrás. Era uma caminhada longa até o American Bar & Drink´s onde as irmãs de Isabel "trabalhavam", e lá chegaram depois de meia-hora andando. Isabel estava cansada, mas era tarde demais para voltar. O American era um zonão como os de qualquer cidade de interior, luz roxa na parte interna, uma Jukebox tocando bem alta, e um bar constituído de um balcão, um copeiro, e estantes de bebidas. O copeiro era um caboclo bem miúdo mesmo, daqueles que sobem no banquinho até pra mijar, e achou estranho uma movimentação na janela próxima a porta do local. Entre homens que saíam e entravam, viu uma cabeça com dois olhinhos espiando pelo lado inferior da janela. Ele não perdeu tempo, e foi ver o que era. Pensou ser algum menino sem-vergonha se manipulando observando as moças dançando na pista, e tratou de correr para espantá-los. Isabel se assustou, mas se manteve parada até que ele chegou. Espantado, o copeiro não entendeu nada e perguntou o que a menina fazia alí. Chegou a cogitar se era filha de alguém no local. Isabel nada disse. Engoliu seco, deu uns passos para trás e caiu por causa de um caixote que estava atrás de sí. O copeiro ajudou-a, e pediu que ficasse calma. Alí não era lugar para crianças, ele disse, vá embora! Isabel obedeceu, mas não pôde deixar de perceber que suas irmãs estavam alí, dançando com homens escrotos, peludos, bêbados e maltrapilhos. Eram esses os homens que minhas irmãs planejavam enlouquecer? Pensou Isabel. Ao voltar para casa, percebeu o erro que cometera.

Já era muito tarde e Francisco chorava de desespero pela sua amada filha. Aonde estará Isabel? Disse ele. Paulina concentrava-se em seus afazeres, e não dizia nada. Francisco pensou ter sido uma vingança de um homem muito ruim, Galo-Cego, apelido conquistado pelo seu ferimento no olho direito causado por um bandido na época que era policial carabineiro. Sua aposentadoria forçada o fez se tornar um contraventor, um agente do jogo ilegal. Ele coletava apostas e cobrava, com crueldade de vez em quando, e não poupava esforços para receber. Francisco devia a Galo-Cego algum dinheiro, e seu desepero era uma retaliação do mesmo à sua família pela dívida. Francisco remexeu na gaveta da cozinha e alcançou um punhal, disse então a Paulina que iria rodear a cidade em busca de Galo-Cego e encontrar sua filha. Paulina demonstrou um pouco de medo, mas não impediu seu marido de fazer o que queria. Era da sua natureza ser passiva. Quando estava por sair, Francisco dá de cara com Isabel. Sua raiva foi maior que a preocupação que houvera sentido, e tratou de surrá-la, sem perguntar o por quê de seu repentino desaparecimento. Aquela surra jamais abandonaria a cabeça de Isabel, e suas marcas a perseguirão para o resto da vida.

Isabel se tornou uma mulher linda. Seu corpo tomou formas deliciosamente femininas, e seu rosto era digno de uma boneca. Francisco havia falecido de cirrose há um tempo, e seu legado houvera sido as dívidas de jogo, ainda cobradas por muitos, inclusive por Galo-Cego. Parte das mesmas foram pagas por favores sexuais pelas irmãs de Isabel aos credores, mas só isso não era o suficiente. Paulina agora costurava pra fora como meio de sustento, e suas filhas, antes egoístas, agora contribuíam com a casa, ajudando a todos. Isabel não ficava de fora, e também arranjou um emprego. Já havia tomado nojo da prostituição há muito, e trabalhava numa mercearia da cidade como caixa. O salário não era grandes coisas, mas ajudava muito. Seu patrão também pagava com mantimentos e tecidos, algo muito pertinente para aquela família de mulheres naquele momento. Galo-Cego não se continha, e volta e meia tomava algum dinheiro de Paulina, dizendo estar abatendo parte das dívidas de Francisco, mas aquilo parecia não ter fim. Numa tarde de domingo, estavam todos em casa quando Galo chegou à porta dizendo querer mais alguns tostões devidos. Paulina como sempre disse que estava dura, não estava trabalhando muito, e já havia lhe pago muito dinheiro. Galo não prestou atenção. Estava com seu único olho bom a mirar em Isabela. Pensou ser uma amiga de alguém no recinto, e foi logo adentrando e se apresentando. Mal sabia ele que era a pequena caçula de Francisco, que havia se tornado uma mulher linda. Quando Isabel disse ser quem era, Galo espantou-se. Mal podia acreditar que aquela menina maltrapilha era Isabel, e tratou de se desculpar. Parecia ter visto um fantasma, e saiu dalí como um raio.

Num dia frio qualquer , Galo vai até o trabalho de Isabel e finge querer comprar umas coisas. Leva um maço de cigarros, um garrafa de cachaça e uns pães. Isabel recebe o dinheiro, mas uma mão segura a sua. Galo lhe aperta a delicada mão com carinho e diz que precisa lhe falar. Isabel já diz logo que não tinha dinheiro, há dias não recebia um tostão de seu patrão, mas Galo queria outra coisa. Disse que queria namorá-la, que perdoaria todas as dívidas de seu falecido pai se pudesse tê-la, namorá-la. Isabel ficou chocada, sua pele do rosto ficou rubra, negou veementemente a proposta e pediu que Galo fosse embora. Ele foi. Naquela noite, Isabel comentou com sua família o ocorrido. Todas ficaram ofendidas! Como que um aleijo daqueles, um calhorda, teria a coragem de flertar com nossa pequena Isabel, disse uma das irmãs. Paulina parecia não ter se chocado tanto. Disse que era algo a se pensar, e como mãe teria o direito de entregar a mão da sua filha a um homem que fosse sustentá-la. Isabel ainda lembrava de Jaime, o homem que sempre sonhou, mas ele já houvera ido para a capital há muito tempo. Tinha se tornado Deputado Estadual, um dos mais jovens do Estado, fruto de sua impetuosidade nata. Apesar dos pesares, Isabel não discordou da mãe, mas sua infelicidade com tudo aquilo já era visível.

Depois de muito ponderarem a família e Isabel decidiram dar uma chance a Galo, e o mesmo começou a fazer suas visitas, sempre trazendo um agrado de qualquer espécie a Isabel e à família. Levava Isabel ao cinema, para tomar sorvete, andar à cavalo, para fazer longas caminhadas ao luar. Galo já era bem velho, tinha uns 45 anos ou mais, e fisicamente se assemelhava mais a um refugo de guerra do que um homem. Não demorou muito, os dois se casaram e constituíram família. Isabel teve um casal de filhos. Galo recebia uma ótima aposentadoria da polícia, e há tempos havia deixado a vida de jogador e agiota. Ainda assim, havia dignidade naquele casamento, um certo desconforto pela diferença de idade, mas uma alegria pelos filhos saudáveis e pela vida mais confortável. Isabel cuidava da casa e dos filhos, seu corpo havia se mantido perfeito, mesmo após dois filhos, porém Galo não era homem de poder, fisicamente, manter ereções que pudessem fazer jus àquela mulher. Isabel nunca havia gozado. Nem pensava o que seria aquilo. Havia casado virgem, e achava que sua vagina era mais ou menos um orgão reprodutor, e não um instrumento de prazer.

Com o passar dos anos, Galo se adoentou, seu nome real era Marcos. Isabel se manteve a mesma por anos a fio em que Galo definhava pelos cantos e cama. Sua morte demorava a chegar. Os meninos já estavam bem criados, e estudavam numa escola católica na capital. Só vinham aos fins de semana visitar os pais. Numa noite em que Isabel desabou de cansaço, após idas e vindas ao hospital e farmacia com Galo, seu sonho de menina bateu em seu inconsciente numa mistura de amor e tesão. Ela sonhava que estava nos braços de Jaime, e que seu toque havia se tornado mais sexual. O cérebro mais maduro de Isabel já permitia deixar, inconscientemente, que Jaime fosse mais audacioso em suas ações. Ele tocava as partes internas de suas coxas, apertava suas ancas, e beijava seus seios com sofreguidão. Isabel acordou. Era Galo, gemendo com seus rins latejando de insuficiência. Ela amava, de certo modo, aquele homem e não queria que morresse. Algo dentro si, entretanto, pedia para que aquele sofrimento terminasse. Galo já era um sexagenário, e suas expectativas já haviam terminado há muito tempo. Aquele sonho tinha, mais uma vez, atordoado Isabel e ela demorou a reagir. Galo deu uma última estribuchada e gemido, e seu calou. Isabel somente observou. Em sua mente não havia mais motivo para cuidados, era um sinal que aquele homem tinha morrido, assim como seu pai. No velório, Isabel chorou, e se culpou por não ter feito nada que pudesse dar pelo menos mais algumas horas de vida àquele homem convalescente. Lembrou-se daquela surra que levou do pai, e pediu que o mesmo estivesse vivo para que pudesse surrá-la de novo. Não se entendia como uma mulher boa, digna de um bom marido e filhos. Queria ter ido junto com Galo.

Isabel ficou só, seus filhos continuaram na capital, sua mãe falecera logo após seu marido Galo, e suas irmãs, que sempre foram solteiras, já não eram mais putas. A vida havia mudado muito, e Isabel pediu que as irmãs morassem com ela. Venderam a casa do pai, e assim o fizeram. Eram uma família, de novo. Aos quase 35 anos, Isabel ainda não sabia o que era sexo pleno, não havia experimentado nada de prazeiroso na vida e isso a deprimia, por alguma razão. Ao passar pelo espelho que foi de sua mãe, barroco, dourado que ficava em seu quarto, ao sair do banho, notou seu corpo. Lembrou de quando era uma menina e se maquiou e se perfumou pela primeira vez. Queria chamar a atenção de um menino, e isso a motivou. Nunca havia reparado em seu corpo depois de adulta. Sentou em frente ao espelho e abriu suas pernas. Pela primeira vez olhou seu sexo. O tocou. Estava úmido. Tocou em seus seios, não como um médico, ou um homem, mas delicadamente, como queria ser tocada. Pensou na maneira que havia sido tocada em seus sonhos, e tentou repetir. Suas mãos percorriam seu corpo, e seu prazer foi aumentando. Após um pequeno momento, sentiu-se tonta e com espasmos no ventre. Era um orgasmo. Atordoada, Isabel levanta-se, se enrola na toalha, e chora, como uma menina.

Aquilo era novo e inesperado. Uma reação que havia sido ótima, mas assustadora. Isabel não iria comentar sobre aquilo, mas depois de pensar muito, pensou em repetir. Ela o fez. E gozou de novo em todas as vezes. Sua curiosidade feminina atiçou-a, e mesma começou a pensar como seria sentir isso com um homem, um parceiro. Será que seria vista como uma mulher da vida, uma pária, uma qualquer se agisse desta forma com um homem? O que ele pensaria dela? As dúvidas estouravam em sua cabeça, assim como na sua adolescência. Numa manhã fria de Abril, Isabel foi até a rodoviária receber os filhos que haviam chegado da capital. Os dois já eram adolescentes e sempre que chegavam, a família fazia uma festa. Isabel esperou, e eles não chegavam. O ônibus já estava atrasado passava de uma hora. Ao se informar, soube que o atraso era por causa de um acidente na estrada, mas que em breve estariam chegando. Enquanto esperava, um olhar insistiu em perseguir Isabel pelo terminal. uma mulher sabe quando está sendo observada e ela ficou intrigada. Era um homem tomando café, de terno, na lanchonete. Ele insistia em olhar Isabel como um lobo faminto. Por um momento, ela pensou em mudar de lugar, mas algo a prendia. Era um homem novo ainda, por volta dos 28 anos. Tinha um rosto jovem, era alto, e estava bem elegante. Inconscientemente, Isabel foi até a lanchonete, e pediu um chá, sendo prontamente atendida. O homem continuava a olhar. Ela não se conteve e bem grossa questionou o rapaz sobre o que tanto ele a olhava. Ele, cortês, respondeu que estava atônito pela beleza dela, que seu corpo era escultural e poético, e que só um cego não a observaria. Tudo isso com olhos vidrados no rosto de Isabel. Suas pernas tremeram. Era a primeira vez que um homem atraente a cortejava. Aquilo era deliciosamente proibido. Como ela estava sem palavras, ele deu um sorriso e disse que estava de saída, mas que estava sempre na cidade. Deu seu cartão, era um advogado da Cia Açucareira. Jorge era seu nome. Logo após chegou o ônibus com seus filhos e Isabel se recompôs. Jorge já havia pago pelo chá de Isabel e seu café e aguardava para entrar no seu ônibus, sempre de olhos fixos nela. Embarcou e se foi. Ela nunca contactou-o.

Isabel é uma mulher, como tantas outras, que renegou ou teve renegado o direito de ser mulher plena. Sua vida dalí em diante foi sexualmente plena, e isso preencheu o grande vazio que teve em sua vida. Da visão podre da sociedade masculina que teve ao deparar-se com as irmãs na zona do meretrício, até o momento onde descobre seu prazer de viver, e se sente mulher desejada, muito se passou. As Isabéis da vida que temem provar o que há melhor morrem tristes, deprimidas, incompletas. Ser mulher é ser também casta sim, mas é saber que o prazer não é pecado. Ter um parceiro e não ser casada não é sinônimo de perversão. Ser casada e querer ser desejada também não. Quero que Isabel goze, quero que as mulheres gozem. Quero sejam felizes por serem sagradas, que se libertem das amarras da sociedade católica. Poder apreciar cada centímetro do que há de bom e de ruim em vocês. Queria que Isabel fosse uma espécie em extinção.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Falácia do Perdão

Tenho asco de conceitos religiosos. Muitos deles já estão batidos na louca sociedade atual, e precisam urgentemente ser renovados para que a religião não se torne ultrapassada na sua prática pela humanidade. Mas não é de religião que quero falar aqui, e sim da sua verdade universal mais propagada pelas nossas imundas bocas: O perdão. Ser um exercício divino não o exime de ser uma tortura. O perdão está inversamente ligado ao orgulho, um dos nossos traços mais marcantes. A igreja Católica o venera, o impõe e os fiéis fingem que o praticam. Sim, estou falando que são todos mentirosos aqueles que dizem que perdoam, e fazem como no famoso dito popular: "vamos por uma pedra em cima disso tudo?". Balela. O povo é cínico pra burro, citando Nelson Rodrigues.

O perdão está além das nossas capacidades limitadas de ser-humano pós primata. Costumo pensar que a religião está aí para nos ensinar algo que nunca seremos ou colocaremos em prática. Ainda assim existem indivíduos que acreditam completamente que perdoaram seus desafetos, e vão conseguir conviver, enfim, com um sentimento de bem-estar consigo próprio e com Deus. Acreditem no quiser, eu não acredito na raça humana. No fim, a pessoa que "perdoa" jamais deixará o perdoado esquecer seus erros, jamais deixará de lembrá-lo que um dia o "creditou" de uma possível segunda chance. Até nesse momento, o orgulho de quem perdoa está em ação.

A característica mais marcante de quem perdoa é o seu ego descabido. É como um antigo Imperador romano, acima do bem e do mal, que tem a vida de um reles qualquer em suas mãos. O ato de levantar o dedo para perdoar e abaixá-lo para condenar é um ato de puro ego, onde o mesmo, ao perdoar, se sente absolvido pelo perdoado. Sim, o ato do perdão é um ato egoísta. Ora, chegamos a duas conclusões interessantes: Quem perdoa mente e quem perdoa pensa em sí próprio. Não se esqueçam, estamos falando de um conceito religioso.

Como podem mortais como eu e você perdoarmos alguém se temos defeitos mais terríveis que qualquer mal que possamos ter feito um ao outro? Isso é capcioso porque lida com um grande paradoxo. O perdão está para a índole humana assim como a escrita está para um cão. Não temos pureza o suficiente para relevarmos erros alheios porque estamos repletos de erros próprios. Não conheço e acredito que não conhecerei ninguém iluminado o suficiente para sair por aí perdoando os erros da humanidade. O ato de cinismo ao dizer eu te perdoo é tão latente que me faz analisar alternativas mais condizentes ao nosso patamar de evolução. Ao invés de dizer eu te perdoo, você pode dizer: - Sou tão ruim ou pior do que você, não sou ninguém para te perdoar, mas sei que nunca mais quero olhar nessa sua cara. Isso sim é justo! Ser real, verdadeiro, e dizer aquilo que sente. Agora, falar simplesmente eu te perdoo é mentir, pura e simplesmente, para você próprio e para a outra pessoa.

O perdão é uma das grandes mentiras perpetuadas pelo ser-humano de tempos em tempos para justificar os seus erros. É muito mais fácil tentar não errar, e se for errar, estar preparado para as consequências. Quem perdoa mente, e quem aceita o perdão sabe disso.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

À Minha Eterna

Muita gente morre sem conhecer um grande amor. Muita gente passa uma vida inteira amando e não sendo correspondido, o que é ainda pior. Eu faço parte do seleto grupo daqueles que acharam sua significativa metade, sua Vênus num mundo de Medusas. Carrego comigo uma verdade a qual não me esqueço jamais: O homem só ama uma vez! Duas talvez, incluindo sua mãe. Esta verdade me foi possível ainda na tenra idade. Era um adolescente arrogante quando a conheci. Não pensava nada, tudo vinha por impulso, inclusive o desejo pelo sexo oposto. Aliás, pensando bem, eu era um rapaz bem normal para a minha idade.

Aos dezessete anos pouca coisa realmente importa, seu mundo se resume aos seus pais, os amigos, a escola e aos bens de consumo. Pouco disso servirá de nada na vida, mas ajuda a adolescência passar mais rápido, pois é um período terrível das nossas vidas. Nunca procurei me apaixonar, nem era meu objetivo, mas ao conhecer minha parceira fui atingido por algo que não pude resistir. Era um olhar, um trejeito, um cheiro...porra, era alguma coisa inexplicável. A delicadeza de seus movimentos me deixavam como um lobo faminto, em posição de ataque, e seus olhos tinham um poder surreal sobre mim. As minhas impressões ao vê-la pela primeira vez foram confusas, mas meus instintos mais primitivos diziam que algo diferente estava a minha frente.

Me desfiz em palavras hiperbólicas àquela mulher, jurei mentiras, contei vantagens, declamei versos, e ela não reagia. Engraçado como a gente vai gostar logo daquela mulher que menos se impressiona com nada. Eu insisti. Entre um copo ou outro de Soda Limonada fui conhcendo-a melhor, suas origens, suas alegrias e tristezas. Havia sido um dia longo demais para se dividir tanta coisa, e eu era muito "goiaba' pra absorver tudo aquilo. Entretanto, uma maturidade me ocorreu, algo que não me era natural naquele momento da vida. Ela tinha um fruto, uma resquício precioso de uma falida relação anterior. Pensei que iria esmorecer depois de tal choque, mas curiosamente simpatizei com aquela situação, que outrora seria embaraçosa para mim. Nunca me imaginei com crianças, nem mesmo sendo pai. Mas foi nisso mesmo que me tornei dalí pra frente. Já mencionei que tinha dezessete anos?

Em poucas horas já tinhamos trocado o primeiro beijo, e minha sensação de conquista só não era maior que sua recusa aos meus ataques. Sim, eu era abusado! Não contente com beijos, quis mais. A testosterona fervia em meu cérebro, e eu não me continha sob meus jeans um tanto apertados. Ela soube me levar, e nossa primeira experiência foi natural, como manda o figurino. Não haveria porque ser algo de momento, e o planejamento fez a coisa ficar muito mais interessante. Percebi, após estes primeiros passos que esta mulher era perfeita para mim, seu corpo era um encaixe perfeito para minha bruta forma. Sua delicadeza era deliciosamente paradoxal à minha robustez natural. Ela não era a minha primeira mulher, mas fiquei com a impressão de ser a última.

Anos se passaram, e eu cultivei esta mulher. Milhares de percalços surgiram, alguns frutos da minha incapacidade de ser um homem sem graça, tipo perfeito para relacionamentos duradouros. A minha impetuosidade e falta de racionalidade por vezes colocaram-me em perigo, e merecidamente poderia estar sem este valioso bem em minha vida. Por outro lado, ela tem defeitos de formação, difíceis de serem corrigidos na fase adulta, mas fáceis de conviver. Durante nossa trajetória eu me senti atraído, desinteressado, alegre, triste, deseperançoso, esperançoso, fiel e infiel. Fui, por vezes, um fantoche do meu tesão. Mas jamais direi ser incompleto. Amei e fui amado, quero ser sempre assim, queria ser menos eu, queria dar a esta Vênus a incondicionalidade de um amor eterno, reconhecer seu valor e seu caráter. Se nasci e fui para os braços de minha mãe, quero morrer, enfim, nos braços desta outra mulher, a que me fez passar por este mundo sabendo que não morrerei sem ter sido amado.

As palavras jamais definirão uma trajetória como esta, mas a escrita imortalizará a estória de um casal, mais um casal entre bilhões, que pode até tomar caminhos distintos, mas que deixará um legado que o amor ainda tem lugar no mundo atual, e eu amo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Crise Dos Trinta

É comum ouvirmos sempre os mesmos clichês sobre a vida: "É uma dádiva", "É cíclica" ou "Começa aos quarenta". Em todos os momentos somos reconfortados com frases que tentam nos lembrar que a vida é demais, é ótima, e tudo passa sem maiores percalços. Besteira é acreditar nisso. Cada fase do ser adulto tem uma maldita crise, tem um novo questionamento que nos leva a outro questionamento que só terminará quando finalmente estivermos senis ou mortos.

Quando tu nasces todos ao teu redor te adoram. Pelo menos deveria ser assim. Todos querem te segurar, te sentir, o amor do mundo te pertence. O afeto do leite materno e o laço com tua primeira mulher, tua mãe, te faz conhecer tua primeira forma de amor, ainda que muito primitiva. Com o tempo, tu aprendes novas técnicas sentimentais, teu choro é tua defesa. Tua fala ainda é torpe, a mulher que tu amas vive ao teu redor, por ti, e te supre de tudo.

Na infância tu expandes tua existência. Crias as primeiras amizades, desenvolves tua fala, teu toque, tuas preferências. De repente tua mãe te liberta e tu passas a experimentar sensações pela primeira vez, e essa será uma constante em tua vida: A experimentação e prática. Com a puberdade, tu te interessas pelo que te era escondido. Prestas atenção no sexo oposto, em suas virtudes e defeitos. Por alguma razão instintiva, tu descobres teu sexo de maneira natural. Tua fala amadurece, tua voz modifica, e teu cérebro parece falhar demais em situações onde tu deverias agir naturalmente. Em plena adolescência, tu te deprimes, tens vergonha de tudo, pudores descabidos. Todos são teus críticos. Roupas, gírias, atos, consumo...tudo pode ser julgado. Te tornas chato pra cacete!

Aí te tornas um projeto de adulto. A década de vinte revela teus defeitos e virtudes. Tua relação materna parece ser cada dia mais distante, e tuas necessidades são outras que não o amor pura e simplesmente. Queres independência, demonstrar maturidade forçada e ter o respeito de todos. No fim, dá tudo um tanto errado. Tu te relacionas com o sexo oposto mas quer continuar tendo individualidade. Teus amigos e tu mesmo só encontram-se para alcolizarem-se e despirem-se da pressão de ser homem no mundo atual. Tu tens um filho. Tu te juntas a uma mulher. A década de trinta chega, e com ela chega o questionamento. Seria o único? Ainda haverá muitos. Mas este é especial, por ser o primeiro.

Adulto, tu tens vida profissional, pessoal, sentimental e paternal. Uma porção de pequenas responsabilidades explodem em tua vida, e te deprimem. Mais uma vez, só uma coisa parece te libertar. O amor. Na chegada aos trinta, tu queres a figura materna de volta. Queres a segurança de ter um peito para drenar o leite da tranquilidade. Tu te assusta com a relação e suas responsabilidades, queres fugir, fingir ter "liberdade", voltar a crer que sua vida ainda é uma escolha dentre várias opções. Há vários escapes, e tu bebes. Tua fala volta ser torpe, assim como teus atos. Tua parceira não é tua mãe e jamais proverá a segurança de outrora. Tu estás só no mundo e tens que seguir em frente. Tens uma outra vida que depende de ti para continuar e só esta crise pode te ensinar que esta mesma vida passará pelos teus mesmos questionamentos. A resposta para tua crise é viver para que teu descendente não passe por esse momento sem a tua preciosa experiência para guiá-lo.
Que venha a década de quarenta!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Fato e A Foda

Senhores leitores, vocês bem sabem que não sou nenhum exemplo a ser seguido, nem mesmo quis ser algum tipo de mártir do bom comportamento, que sacrifica seu estilo de vida para satisfazer os olhos de quem quer que seja. Esta crônica tem a ver com as amizades que cultivamos, com as pessoas com as quais nos relacionamos e com as consequências de nossos atos.

Bom homem sou eu, não? Repilo conflitos, cultivo amizades, sirvo o que posso para quem esteja sedento de algo. A tênue linha que separa a admiração do ódio, me colocou numa situação difícil. O amigo de outrora se tornou um inimigo mordaz, daqueles que queremos evitar a qualquer custo. Uma única quebra de confiança, uma inveja contida que explode como fogos no reveillon de um ano ruim, não sei. Eu confiei.

Os desdobramentos de um alcaguete em plena atividade só não são piores do que aqueles gerados por uma pessoa que não só o faz, mas aumenta os fatos. Onde estava com a cabeça? O martírio só não é maior porque a mentira tem data de validade. Relacionamento desfeito, amizades tolhidas e o crédito de outrora vira débito eterno. O erro é latente de minha parte. Ele me invalida, me faz menor, me traz remorso.

Uma aventura adolescente contada em verso e prosa para o ouvinte errado, na hora errada, e as portas do inferno se abrem. Eu de idade pouca e vasta estupidez me deparei com o calor insuportável de estar tão abaixo de Deus, ao me vender por preço de banana para um ser pior que eu mesmo. Os dedos da "justiça' me apontam agora como a origem de todo o mal, e o alcaguete...ora o alcaguete. Este ainda é, e será sempre um reles dedo-duro. Uma pequena criatura assombrada por seus pequenos atos de melindragem, seu sorriso sem conteúdo e sua auto-estima diminuta. Entretanto, por ele tenho pena. Deve ser difícil conviver com o fato de não ter chão, substrato, consciência. É um zumbi. A mim, ainda resta a escrita. Isso sim, um alívio.

Mas e os desdobramentos? Eu os ignoro. Pois bem, não é que quem me reclama justiça na verdade é tão podre quanto eu? Não justifico meus atos por isso. Só me sinto melhor, me absolvo, respiro ares mais puros quando sei que quem tem nojo de mim, no seu íntimo, sabe das suas próprias imundices. Afinal de contas, o mesmo alcaguete que me entrega, entrega outros, com todos os requintes e mentiras que marcam suas já manjadas estórias.

Enquanto existirem fodas mais interessantes, os fatos serão ignorados. Eu continuarei aqui. Talvez sob a alcunha de "coitado", "indeciso" ou seja lá qual a qualidade que me for atribuída. Porém o que me faz por um sorriso no rosto é saber que eu ousei me expor, e descobri após isso um catalisador natural na minha vida, que eliminou os resíduos e purificou minhas companhias para o futuro. Fiquem com as fodas, eu prefiro os fatos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Atração Pelas Mulheres.

  Vinícius de Moraes já dizia sabiamente: " ...Quanto mais velho fico, mais lindas ficam as mulheres...". O Velho poeta tinha razão. A idade nos dá um outro savoir de vivre, passamos a apreciar, como homens, coisas que não apreciávamos quando meninos. Eu não estou tão velho quanto o poeta quando o mesmo declamou esta brilhante passagem, mas também não estou tão novo a ponto de ser tão superficial e fútil ao não admirar a beleza de cada fêmea que passa ao meu lado, contemplá-las como obras divinas, imperfeitas e deliciosas de se ter como companhia. Sim, não é só de sexualidade que estou falando. A companhia feminina é agradável, me eleva como homem, me faz sentir útil, grandioso. Me pego falando pelos cotovelos quando estou ao lado de uma companhia feminina agradável. Me vendo para ela como se fosse o último peixe pescado pelo pescador no dia, o mais fresco e saboroso. Me derreto ao ver a aprovação nos olhos dela, e dalí em diante me torno seu brinquedo, seu servo.

  Esta relação de servidão é divina. Submeter-se a um capricho feminino é exercer a masculinidade integralmente, é voltar às raízes de infância, onde éramos meros bonequinhos da mamãe. Ter uma mulher ao seu lado, sempre, é garantia de felicidade plena. Eu amo as mulheres, não poso negar. Quero tê-las, possuí-las, entregar-me a elas, protegê-las, ouví-las e, se nada disso der certo, odiá-las também. Tudo isso não faz sentido se entendemos as fêmeas como objetos sexuais. Esta imagem doentia que a mídia nos passa dia-a-dia enfraquece o fascínio que as mulheres excercem sobre mim, me forçando a lutar contra a ignorância masculina sempre. O pior de tudo, é que há mulheres que se locupletam do prazer em se degradar, em se escancarar, em tornar-se facilmente aceitas em qualquer situação. Seria culpa delas? Sim, mas elas só querem nos agradar. É sempre assim. Uma mulher peca por sempre querer agradar os homens e diminuir as rivais. Sempre que pensam assim, se tornam objetos, bonecas que não existem e só são usadas para o belprazer de outrem.

  Onde estará a admiração do homem por um sorriso, por um trejeito, um rebolado por debaixo do vestido, um olhar, um decote ou uma voz irresistível? Não sei. Acredito que deu lugar à exposição maciça de genitais e curvas, num hedonismo sem fim em busca do lucro pela beleza e pelo sexo interminável. Aquele sexo que significa menos que um aperto de mão. Isso não é desencanto da minha parte, pois eu também me locupleto disso. Jamais vou desviar o olhar de uma bunda bem torneada exposta a 30 centímetros de mim, nem mesmo vou negar um convite para degustá-la, mas não posso deixar de recriminar esta atitude em prol da dona do digníssimo traseiro. As mulheres não merecem só admiração sexual, merecem mais. Merecem desejo, respeito, carinhos, proteção e uns foras, de vez em quando, só pra gente não sofrer muito. Sobretudo, o que se entende da frase do velho poeta é que a admiração masculina pelo sexo oposto deve ir além do tesão da juventude. Deve-se cultuar e cultivar a mulher ao invés de explorá-la.

  É. Entre uns goles ou outros de Whisky, ele tinha lá sua razão.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Homem Moderno E Suas Mulheres

Só para fazer uma pequena introdução, este texto é baseado nas impressões que tive ao ler o artigo de Arnaldo Jabor, no jornal A Tribuna de Santos, do dia 15/09/2009.

  Me ocorre pensar nas pequenas mudanças e evoluções que ocorreram nas relações entre os seres humanos neste novo século. Me ocorre, também, pensar no ser masculino e seu papel na sociedade atual, mediante todas as modernidades e conhecimentos que o cercam e influem no seu comportamento. Dito isto, é possível perceber algumas coisas. O homem hoje está bem diferente das gerações anteriores. Sabemos que a grande realização para um homem é o destaque que o mesmo obtem no meio em que vive. Isso advém de uma série de aspectos, mas há muitos anos atrás, um homem influente era sempre aquele que detinha maior conhecimento, força intelectual e física, que o levava à acumulação de posses e, logo, à riqueza. Para este homem, o conceito de felicidade era uma família sólida, uma mulher devotada, uma moradia digna e o respeito de seus semelhantes. Para uma mulher, o orgulho era ser esposa de um homem como este.

  O tempo passou, algumas revoluções ocorreram, a mulher se libertou das amarras que a sociedade a impunha, e o homem passou a conviver com isso, se adaptando e se adequando às necessidades desta nova mulher. Durante os anos de 1960, o homem de destaque passou a ser aquele que não se conformava, que contestava o status quo, e a partir disso buscava a revolução. Grandes figuras desta época se destacaram pela sua luta contra o conformismo, pela liderança exercida sobre aqueles que eram oprimidos, e pelos projetos de um futuro mais democrático, numa sociedade mais justa. Chamem-os de Hippies, chamem-os de Comunas, estes caras eram incomuns e, obviamente, poderiam ser o sonho de qualquer mulher da época. No fim, o que fazia este homens serem desejados eram as suas capacidades intelectuais próprias.
O contestadores enfim conseguiram. Vivemos hoje num período de liberdades infinitas e democracia plena. A informação não é mais um luxo, é necessidade. O conhecimento é grátis, e o legado daqueles que, no passado, sonharam esta sociedade de hoje está aí para ser reverenciado. Qual é o produto disto? O retrocesso.

  Chegamos num período um tanto sombrio. Mulheres e homens livres, cheios de pequenos poderes que os elevam ao status de pequenos ditadores de suas vidas. Para os homens, ser destaque hoje não é mais uma consequência, e sim uma necessidade. Um homem que se destaca hoje é, acima de tudo, um fodedor incansável, um desportista radical, um Adonis sarado sem pêlos corporais e com roupas assinadas por estilistas italianos pansexuais. Para este novo indivíduo - um subproduto do marketing agressivo e da internet irrestrita - o mundo é uma grande vagina e ele, um grande pênis voando a mais de 300 km/h em sua direção. Não há limites, morais ou não, para este novo homem. A sua moral e ética se esvai à medida que seu vômito pós-balada se perde pelas esquinas das grandes cidades, e quando leva a sua foda do dia ao motel, ainda ébrio, sem nem mesmo saber o nome da presa a ser comida. A paixão virou uma grande piada. Este homem rí da paixão alheia, chama de fraqueza, coisa de corno. Com ele o mecanismo é bem simples: chegou, elogiou e comeu. Ele não faria isto sem a ajuda da outra face da moeda. Sim, as mulheres. Elas estão tão podres quanto. Não mais admiram a inteligência, caráter, altivez e boa conversa de seu parceiro. Querem multiorgasmos, grana no banco, crédito irrestrito e muitos, mas muitos cuidados com a vaidade. Esta mulher moderna despende 2, 4 horas por dia na academia, compra toneladas de ornamentos, cremes, compra calcinhas e roupas cada vez mais insinuantes, turbina o peitão, empina o rabo, sobe no salto e cai na balada, assim como as celebridades que admiram. Sua moral é débil, assim como sua inteligência pouco usada. O que ela procura? Ora, ela não quer nenhum idiota falando sobre a visão utópica que um Vinícius de Moraes tinha sobre a alma feminina, e de quanto ele as admirou por toda a sua vida. Esta mulher quer ouvir sobre boates da hora, sobre grifes da moda, sobre carros transados e sobre quanto elas são gostosas.

  Este homem e esta mulher se merecem. Eles se encontram, fodem-se, e se esquecem. Em algum momento vão perceber o quão é importante amar. Talvez quando seus corpos já não tiverem a mesma tonicidade e sensualidade de outrora. Talvez quando alguma moléstia lhes ocorrer. O certo é que isto demorará um tempo. Ao perceber o quanto a sociedade atual precisa retomar algumas virtudes do passado, me acuso de saudosista. Porém sei, em meu íntimo, como um eterno amante das mulheres, que a humanidade pode e deve melhorar sob pena de formarmos indivíduos no futuro cada vez menos capazes de excercer uma coisa que é inerente à raça humana: o sentimento. Sem ele, somos somente formas de vida insignificantes e inúteis. A psicopatia é a falta de sentimento e, ser psicopata está na moda hoje.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Caminho Das Pedras

por Fabrício Samahá


Querem rir da indústria automobilística nacional, leiam este artigo.


http://www2.uol.com.br/bestcars/editorial/atual.htm

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Podemos Morrer, Não Esqueçam.

Por toda a nossa existência sempre haverá um temor que se transforma em certeza sempre que paramos para pensar na morte. É uma fase natural da vida, muitos dirão. É uma certeza inexorável. É uma passagem para outro plano. São diversas as definições e maneiras que a nossa mente assume para esse fenômeno natural inerente à vida. A religião ajuda muito a diversificar as opiniões e definições sobre ela.

Afinal de contas, pensando friamente, o que difere a morte de um homem e de um animal? Ou de uma planta? Fisiologicamente pensando, nada. No que tange ao reino animal, em que pese o tempo de vida, quase todos os animais morrem da mesma forma. Perecem com o tempo, padecem de uma moléstia qualquer ou são mortos por outro animal. No que tange aos seres-humanos, temos um cérebro muito desenvolvido que nos faz ser os únicos seres que pensam e que, talvez, reconheçam a existência da morte. Ora, se temos consciência da morte, por que não entramos em parafuso ao estarmos tão próximo dela no dia a dia? Não existe explicação para isso. Somos mortais, e disso sabemos somente. No fim, tudo que nos resta é flertar diariamente com o risco de morrer antes de atingirmos qualquer objetivo na vida. Temos muito medo disto, pois cada dia mais queremos viver intensamente cada momento. Já ouviu alguém dizer que o tempo passa mais rápido hoje em dia? Isso se explica facilmente, ou seja, não é o tempo que passa mais rápido. A terra continua girando à mesma velocidade. Nós é que preenchemos nossa vida com mais atividades a medida que nos desenvolvemos como sociedade, e isso faz que o tempo passe mais rápido. Antigamente, sem eletricidade, entre outras coisas derivadas disso o tempo era extenso e a vida, mais pacata. A tendência é que as gerações atuais sintam que seu tempo será cada dia mais curto para realizar cada vez mais tarefas, e o resultado de tudo isso é a insatisfação e o estresse.

Engraçado também é compreender o porquê de mais seres-humanos terem vontade de passar perto da morte, e ter um certo prazer nisso. Alguns dizem que a Adrenalina é viciante, e eu não duvido. Por ser um hormônio, a mesma é uma droga natural e, logo depois que é despejada no nosso cérebro, a mesma gera um prazer indescritível, só comparado ao momento pós-orgasmo. Por essas e outras, vemos indivíduos se jogando de aviões, pontes, prédios, correndo com veículos, motos, aviões etc. Acredito que esse comportamento deve ser cada vez mais estudado, visto que é interessante perceber o quanto a Adrenalina é um elemento, produzido pelo próprio corpo, que é supressor do medo da morte.
No aspecto religioso, acreditamos na certeza que no pós-morte viveremos na eternidade. de uma forma ou de outra, isso sempre se encaixa numa doutrina ou outra. Nem quero discutir isso, mesmo porque nos ajuda a superar uma certeza que nossa existência é finita. Entretanto, deve-se entender que a religião se esquece de um aspecto interessante: Somente os humanos têm uma vida após a morte? Os animais parecem não ter esse direito, ou melhor, ter uma alma. E a morte de muitas pessoas durante um desastre, como o de 11 de setembro de 2001? É uma grande encomenda divina que aquelas pessoas se juntem num mesmo local e que todas morram de uma vez? E os sobrevivente, ganharam outra chance? Para estas perguntas, a resposta é sempre a mesma: São os planos de Deus. Fica tudo mais fácil quando deixamos para Deus a culpa pelos nossos mortos e nossos sobreviventes.

Em conclusão, estar em harmonia com nós mesmos é a melhor maneira de lidar com esse inevitável momento. Vindo a morte num momento oportuno ou não. É importante saber que nem todo o mundo, ou quase ninguém, morre velhinho dormindo na cama. Muitos elementos atuais podem apressar esse momento, sejam moléstias (câncer, pandemias, HIV etc.), sejam desastres (avião, carro, ônibus, terrorismo etc.) ou sejam mortos por um semelhante, a morte está à espreita,e nossa vida pode ser abreviada sem aviso. Temos que estar sempre preparados, pois para morrer, basta estar vivo!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Mulher Que Trai


(Conto extraído de um fórum muito particular na internet. O seu autor, que chamarei de D.L., também prefere o anonimato. Leiam, e me deixem estuprar suas mentes com este tema tão delicado)


Ao iniciar esta filosofice, o crucial é que tomemos conhecimento de um primeiro conceito: mulheres são monogâmicas, mas homens são poligâmicos. Pronto! Diante dessa regra básica, podemos prosseguir no assunto.

Homens, teoricamente, não traem. Eles amam a mulher que os acompanha. Porém, homens sofrem de uma libido mais selvagem, doentia, precisam extravasar esse lado mais primitivo, fora do casamento ou do compromisso que possuem com a fêmea da mesma espécie. Os homens não traem, eles somente exercem uma variação necessária no sexo, é um impulso irrefreável da nossa natureza. Diversificamos no sexo, mas somos fiéis ao sentimento que nos une a nossa companheira.

A mulher é diferente, ela guarda a maldade de Eva que nós, os machos, não temos. A mulher trai! E, como um Judas de saia, inicia a traição com um beijo em nossa face. O pior desta tragédia é que, geralmente, o homem traído é um sujeito apaixonado, um cego. A traição feminina é ordinária e cruel.

Os homens traem para fazer a manutenção do amor. As mulheres nos apunhalam para avaliarem se vale a pena fazer uma troca oportuna de parceiro. Por não sentir vergonha, eu confesso: fui traído, mais de uma vez! Creio que fui covardemente traído em todos os relacionamentos onde a iniciativa de romper o romance partiu da minha parceira. Em quase todos os casos, eu descobri que o meu chifre fora semeado antes do término da união. Uma ignomínia!

Lembro de dois casos que, de tão trágicos, tomaram ares de comédia.
No primeiro episódio, eu namorava uma morena linda de Bangu. Chegando para visitá-la numa noite, aproveitei para jantar em sua casa. De repente, o telefone tocou na sala, ela corre para atender e escuto uma frase sussurrada:- Ele está aqui, já vou mandá-lo embora.Foi a primeira vez que a perspectiva de ser um Corno ingênuo e pacato me arrepiou! Quando ela voltou à mesa, agi com naturalidade e não toquei no assunto. Ao me despedir, ela disse que precisava falar comigo, que preferia encerrar a relação. Perguntei se ela estava interessada em outra pessoa, negou como Pedro rejeitou Jesus. Uma semana depois, eu a encontrei tomando sorvete, de mãos dadas com um rapaz, na Praça Saenz Peña. Como se já não bastasse a vergonha da traição, ainda fui visitado pelo azar.

Na segunda cena, eu também estava no apartamento de uma namorada, no meio da madrugada percebo que ela não estava na cama, levantei e segui um som de teclas de celular que vinha da sala. Quando surgi, ela se assustou! Explicou que estava me mandando um torpedo! Mulheres e o dom de mentir! Percebi a dissimulação e a pressionei pela verdade. Perguntei se estava interessada em outro homem. Para a minha surpresa, ela respondeu que sim, descaradamente:- Eu gosto dele, mas gosto de você também. Tenho vontade de ficar com ele, mas também tenho vontade de ficar com você...Foi quando percebi que a traição para a mulher é um estado de escolha, um momento de transição, é quando ela avalia se trocará o certo pelo duvidoso.Esta última também terminou comigo, intimidei demais e acabei antecipando a escolha. Para o homem, a traição não vem sozinha, ela é seguida pela humilhação. Como eu disse, o homem traído é o homem que ama, muitas vezes aceita o intolerável.

As possíveis reações de um homem traído são imprevisíveis, como ocasionalmente temos a oportunidade de acompanhar pela imprensa.Meu conselho, Corno apaixonado, é que não precipite um desfecho que possa prejudicá-lo em algum aspecto. Encare sua condição com serenidade e resignação, aguarde o momento em que ela lhe comunicará o resultado da análise e a decisão se irá ou não reciclá-lo. O papel do Corno sensato é ser manso!

Foi assim que agi até hoje diante da traição feminina, me resignei e esperei minha avaliação. Quase toda mulher leva dentro de si uma Capitu, meu caro leitor. No entanto, é meu dever deixar um aviso para as mulheres que traem: tome tento, mulher desprevenida! Nem todos os Cornos tomam Lexotan, um dia você cruza com um Cornudo louco e aí... Os loucos são os Cornos que descobrem que podem usar o chifre pra machucar aquela que os enfeitou. Cuidado, mulher promíscua!


(Toque do blogueiro: Hoje elas, amanhã nós. O mundo está mudando)

O Que Move A Violência?

  Por quê escrever intenpestiva e agressivamente, quando todos sabemos que tal comportamento já não é mais referência na sociedade atual? Ser agressivo, seja com palavras ou gestos, não causa mais nenhuma sensação nos dias de hoje e, sim, é parte do nosso dia-a-dia.

  Quando ler um jornal, assistir televisão, filme ou a uma peça de teatro, lembre-se que nossa agressividade está sendo liberada em doses cavalares em nosso semelhante, gerando nojo de nós mesmos quanto a tudo aquilo que nos cerca. Crianças, jovens, adultos e velhos. Todos vítimas e agentes da violência diária. Como não se desencantar com um mundo, na teoria tão belo, e na prática tão podre? Sim, a sociedade se perdeu em algum ponto, indefinivelmente se perdeu no processo evolucionário, onde éramos seres tribais por virtude e meio de sobrevivência.

  Com tanta facilidade para se obter a felicidade atualmente, por quê não a alcançamos? Será que a frustração do fracasso nos leva a sermos destrutivos contra nossa própria espécie? É isso. Somos todos frustrados num mundo que tenta nos elevar, porém nos derruba ao estar sempre nos lembrando daquilo que não podemos ter. Afinal de contas, para quê serve o marketing senão para nos lembrar que estamos obsoletos na cadeia de consumo? Daí surge o ímpeto de agredir, de regredir, agir como meio homem, meio animal. Infringir regras nos ajuda a nos sentirmos vivos, quando o mundo nos quer mortos. Somos vítimas da nossa própria evolução, padecemos num mar de ambiguidades as quais não conseguimos nos livrar sem que cometamos o maior dos pecados: Destruir nosso semelhante.

  Quem me define como agressivo não me descobriu ainda. Já ouviram falar em defesa ou fortaleza? Sim, estar na defensiva ajuda a proteger nossas vulnerabilidades, nos dá uma falsa sensação de poder, que, no fim, nos dá uma chance de sobrevida num mundo tão competitivo. Sou um poço de sensibilidade, como dizia a música, me derreto por paixões tenras por seres-humanos que guardo para mim, como um item colecionável que em meu leito de morte passarei a quem puder me ouvir, ainda moribundo das doenças da velhice (espero que seja assim). Tal sentimentalismo adoece-me, causa-me calafrios de tanta falta de carisma, auto-confiança e uma dose de inteligência. Se brilhante fosse, jamais revelaria isto a ninguém, jamais sentiria nada por ninguém, seria um muro inalcançável, um iceberg pronto para derrubar qualquer um que fosse em minha direção. Entretanto, pareço duro, demonstro pulso, lato como um cão raivoso para que não saibam que dentro de mim, sou macio como uma bola de algodão. Ajo na defensiva para não ser indefeso.

Os Dias Atuais

O estranho para a maioria é precioso para mim, o trivial deixo para a massa teleguiada por costumes vulgares. Quero tudo e nada!
A profundidade das palavras atinge o Ser como flechas certeiras, e quem as absorve inspira a doce fragrância de um jardim infinito, onde a variedade de opiniões equivalerão às espécies florais verdejantes e coloridas.
Vivo e morrerei pensando, simulando e buscando a perfeição por meio de paradigmas tomados como diferentes aos atuais adotados. Dizer que não falei do sentimento, ora, o sentimento. Nada mais do que apêgo ao inapegável, um caleidoscópio de ilusões sem ordenamento lógico que se traduzem em atitudes descabidas.
Vendido pela comunicação como produto, o sentimento é trocado por sensação de poder. Ah, o poder, lúgubre, doce e egoísta, como sempre foi e sempre será. Quem sente algo, quer se apoderar do seu objeto sentimental, possuí-lo e desfazê-lo quando o mesmo não mais lhe servir.
Sinto falta de sentimentos eternos, polisentimentos, multisentimentos, supersentimentos que não inspirem poder. O aspecto territorial da monogamia é fruto do cristianismo ultrapassado, castiga o Ser que contesta porque pensa, porém não busca a revolução. Aliás, e a evolução? Evoluir por evoluir, ao instaurar novos padrões, que graça tem? O indivíduo social se torna anti-social com a passar dos tempos. A civilidade cai a descontento dos bispos, pastores, rabinos, aiatolás e pais-de-santo, e sucateia o cérebro humano pela falta do conhecimento das tratativas sociais a serem tomadas como meio de interação perfeita entre nós.
A riqueza do Ser também deve ser cultural, mas é monetária. Perdem-se séculos de momentos importantes na busca pelo capital, pois o mesmo nos destaca no quadro social. Volta-se ao poder, que impulsionado pelo capital, é irrestrito.
A verdadeira libertinagem e vulgaridade reside na falta de conhecimento, educação e respeito pelo semelhante. Não deverá ser julgado como tal aquele que busca sua satisfação sentimental, pessoal, sexual, profissional etc...
Puna-se a ignorância, recompense-se o conhecimento. Adeus barbáries, olá amor livre! O verdadeiro herege está entre nós, julgando semelhantes e cometendo atos destrutivos à humanidade. O mesmo que busca alívio na religião é aquele que destrói e corrompe seu semelhante, tendo seu arrepedimento aceito, compensando seus erros desta forma.
Só algumas idéias, e nada mais.
A idéia tipificada de iconoclastia atual derruba tudo aquilo que enriquece o ser. Escravos submongolóides guiados por tendências fashionistas (sic) se abduzem da verdadeira importância de viver que reside em conhecer. Ornamentar a sí próprio é primitivo, coisa tribal, incoerente com a modernidade atual, chafurdada em conhecimento livre e prático a quem interessar. A vestimenta completa o humano incompleto, estratifica o aculturado, dando-lhe projeção e proteção contra olhares pré-julgadores. Afinal, o aparente é mais palpável que as internalidades inacessíveis. O ser profundo carece de atenção, de ouvidos alheios, que escutem e aprendam, que passem adiante o aprendido. Será culpa da efemeridade de tempo? Será simplesmente ócio? Será ignorância pura e simples? Poucos se dispõem a enriquecer seu caleidoscópio cultural. Os que ainda o fazem são maravilhas modernas, estrelas extintas num universo de perdição em expansão. Quem viver, verá a queda dos pensantes e a ascensão da estupidez. Espero estar morto!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O ETERNO ARREPENDIDO

O homem é, por natureza, uma fruta por amadurecer. Senão vejamos, passamos a vida toda curtindo os momentos intensamente, bebemos demais, fodemos demais, dormimos demais e comemos demais. Nossa juventude é praticamente consumida na eterna arte do excesso. Entretanto chega aquele momento onde temos que dar um basta. Sim, um basta. Ora, vocês sabem o que estou falando. Aquele momento onde todos nós viramos homens de verdade, casamos, procriamos e procuramos ter vidas mais tranquilas.

Interessante, porém, é refletir sobre como seria se fosse extamente ao contrário? Ou seja, termos obrigatoriamente que virarmos homem num momento onde a vida nos ensina a viver do excesso? Sim, perder a tenra juventude casado, cuidando dos filhos e vivendo tranquilo feito um caipira pescando. Engraçado. É estranho como isso pode interferir no futuro deste ser. No fim, ele tentará passar aquilo que não experimentou na juventude, em sua fase adulta.Um dos maiores prazeres desta vida é, dentre outros, se apaixonar. Quantos de nós já não se apaixonou desesperadamente, a ponto de cometer besteiras e contrasensos?

Bem, isso, em sí, não é nenhum problema pra quem já aproveitou sua vida, e dela já curtiu tudo o que achou possível e necessário. O problema reside em um homem que, tardiamente, redescobre a paixão, e percebe que seu passado nada mais foi que um lapso, um evento fugaz, sobre o qual ele não consegue sequer relembrar. Sim, a vida para ele passou rápido. Chega-se a uma determinada idade sem sequer ter conhecido as boas coisas da vida, ter aprofundado suas amizades, ter aproveitado a bela variedade de mulheres que há.

É preciso ter os pés no chão. Mas quem jamais teve esta oportunidade, se perde na idéia do que teria sido uma vida plena e sua juventude, cheia de pequenas paixões e aventuras, estórias para nos regozijarmos no futuro. É, o nosso ideal de vida deve se manter sempre o mesmo. Aproveite a juventude, pois vc jamais terá outra! Tentar buscar sua juventude após os 30 é tão estupido quanto tentar ser maduro antes disso.

A Religião: Alguns Fatos.

Religião. O que é isto? Acredito que a reposta é uma miríade de outras perguntas. Para quê serve? Qual é a sua? Enfim, perguntas e mais perguntas. Seríamos nós figuras tão perdidas num mundo de perdições que qualquer coisa que nos direcione a algum lugar se torna um dogma? De novo, mais perguntas surgem. Ainda sem resposta. É fato que o caminho da vida é árduo, e se torna mais fácil quando algo nos guia. O mundo ocidental conheceu o cristianismo há 2000 anos, e desde então segue seus preceitos de amor, fraternidade, justiça e perdão.
Entretanto, há 2000 anos não cumprimos os tão falados preceitos. Guerras, pestes, ódio, injustiça, etc. Pense em algo ruim e isto virá à sua cabeça: A sociedade não é cristã! Ora, e por que então pregamos isso uns aos outros? Ninguém sabe ao certo, mas nossa natureza diz tudo. Nos corrompemos quando nos tornamos distintos, ou seja, estratificamos nossas posições na sociedade. Eu sou superior a você, pois minha reserva de capital (leiam o conceito) é maior que a sua. Sou um potencial líder, alguém que você deve forçosamente respeitar e olhar de baixo, como ser inferior que você é. A partir daí, a sociedade se perdeu.

A igualdade não existe porque não somos iguais. Pregar isto é o mesmo que pedir a primatas que raciocinem antes de comer as próprias fezes. Seria a religião uma perda de tempo? Com base neste argumento, sim. Qualquer indivíduo pode direcionar sua vida sem o auxílio de nada ou ninguém. Todos nascem com o conceito de certo e errado, bem ou mal, amor ou ódio. Está incutido em nosso cérebro, como um firmware a uma máquina processada. Os ensinamentos de Cristo, nada mais são do que a repetição, quiçá a homologação, daquilo que já nascemos sabendo, mas não praticamos pela pura falta de respeito com nosso semelhante.
Se você precisa ir à igreja, ao templo, à congregação para lembrar disso, pode apostar que você é tudo aquilo que sua própria religião repudia. Um pecadorzinho de merda, um pequeno e insignificante humanozinho que pensa que Deus existe à sua imagem e semelhança. Desconhece o mundo que o cerca e sua virtudes. Reconhece na religião a sua salvação, pois já está perdido num mar de ignorância infinita, e acredita, em vão, que uma força superior o fará encontrar o caminho, quando, na verdade, ele já vem descrito em sua mente pela magnífica mãe-natureza - esta sim, digna de adoração -.

Os Sarneys E A Falta De Vergonha do Brasileiro.

Que o Brasil nunca foi um país sério, todos aqui já sabem. Independentemente se o Gal. De Gaulle realmente afirmou isso, nós podemos fazer esta auto-crítica sempre que imaginarmos o quanto precisamos evoluir como sociedade. A falta de comprometimento do brasileiro comum com a política é digna de riso, e deve ser sempre lembrada quando estamos em período de eleições. Uma imensa maioria de candidados despreparados e, de certa forma, ridículos invadem nossas vidas, sejam na rua, sejam nas comunicações ou até mesmo no corpo a corpo tão conhecido no período eleitoral. Nada é comparável à falta de capacidade do brasileiro em escolher seus líderes/representantes.

Entretanto, é difícil de compreender como podemos ser ainda mais estúpidos ao permitirmos o continuísmo na política. Já não bastasse elegermos inelegíveis, mantemos os mesmos algozes da boa governança no poder por mais tempo que os mesmos mereceriam. Os exemplos não cessam: ACM (falecido, mas onipresente), Sarney, Calheiros, Jereisatti etc. O cheiro do velho e retrógrado coronelismo paira sobre o Senado e o Congresso Nacional. Quem os elege sempre? É uma pergunta velha com sempre a mesma resposta: os pobres eleitores do norte e nordeste, que trocam seus votos por um açude, ou uma cesta básica. Enfim, nada muda.
Depois de diversos escândalos no Senado, o mais atual deles, que envolve a família Sarney, na figura de seu patriarca, é digna de vergonha. Não só o nepotismo, mas o tráfico de influência, a troca de favores, a corrupção de colegas de senado, ativa ou passiva, enfim, uma miríade de acusações fundadas mas ignoradas inclusive pelo próprio chefe do executivo, o Excelentíssimo Senhor Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ora, este é um caso ainda mais descabido. Em sua campanha para presidente, quando disputou com Roseana Sarney uma vaga na Presidência da República, o mesmo atacou ferozmente a família da moça, com acusações seríssimas de corrupção e lavagem de dinheiro, além de uso indevido da máquina governamental para benefício próprio, enquanto a mesma era Governadora do Maranhão. Hoje, o Sr. Lula "passa a mão" na cabeça branca e quase vazia da Vossa Excelência Presidente do Senado José Sarney, agente principal dos escândalos atuais, fingindo que não enxerga um palmo à sua frente, exatamente como fez em outros episódios de corrupção em seu governo.

Afinal de contas, continuaremos a aceitar as coisas como elas estão? Seria o brasileiro um povo tão passivo, que aceita qualquer coisa desde que não ocorra em seu prórprio quintal? Ou seria a moralidade do brasileiro tão débil quanto a dos seus governantes? A terceira opção é a mais correta. Afinal de contas, não é só a ignorância que mantem estes crápulas no poder. A complacência com eles também é um fator determinante, e é resultante da nossa própria falta de moral e bom-senso. É raro encontrar-se um homem, no Senado ou no Congresso, que não tenha teto de vidro e que possa tomar as rédeas de uma moralização nessas teóricas "casas do povo". A moral destes homens, e de quem os elegeu, é tão fraca que os mesmos têm de ser complacentes com seus atos de maracutaia.Não obstante, ainda temos que tolerar bate-bocas cada vez mais cabeludos em sessões que deveriam servir, em teoria, para aprovar leis e medidas de extrema importância para o funcionamento do país, que estão em pauta há anos. Termos chulos, xingamentos cada dia mais baixos, são a ordem do dia quando há um escândalo na política. O denuncismo reina entre os ternos rivais da política brasileira.

Concluindo, não prevejo quem ou o que poderá moralizar este país, mas entendo que somente a morte por velhice pode impedir que estes cidadãos de baixa moral se perpetuem no poder, visto que sempre haverá votantes e simpatizantes desta corja. A máquina governamental brasileira, com suas engrenagens enferrujadas e com dentes quebrados, não consegue dar andamento ao que é de mais básico na condução dum país. A falta de moral e ética no governo dará ao povo cada vez mais a idéia que a impunidade reina no país, ditando o comportamento vil que não abandona o brasileiro há séculos, que é a sua conduta torpe perante a sociedade e a falta de senso de comunidade. É o ciclo da patifaria. É o Brasil: O parque de diversões da família Sarney.

CRÔNICA SOBRE A MONOGAMIA

Você é monogâmico? Eu sou monogâmico? Quem é monogâmico? É engraçado o quanto esta palavra esta em voga atualmente: monogamia. Há muito não nos questionamos quanto a este comportamento, porém ainda vamos nos questionar. Indubitavelmente, estar com uma pessoa somente nos relacionamentos amorosos nos trouxe avanços comportamentais. Pessoas monogâmicas são mais propensas ao sucesso, pois podem se concentrar mais na busca pelo mesmo, uma vez que o parceiro sexual está garantido. A monogamia ajuda nas relações sociais, pois pessoas casadas são mais bem vistas socialmente do que as solteiras, uma vez que seu comportamento exala responsabilidades e comprometimento, algo em falta na sociedade atual. Ser monogâmico também é mais barato. A busca pelo sexo gera custos, e obviamente, dois salários são melhores que um (se ambos estiverem empregados).

O cristianismo ajudou a perpetuar a monogamia como comportamento correto em seus dogmas, e o casamento religioso é condição si ne qua non na sociedade ocidental. O próprio Estado aprendeu a reconhecer a união entre dois seres-humanos de sexos distintos como meio de distribuir direitos às partes envolvidas na mesma, ou seja, o casamento se tornou, acima de tudo, um contrato social.Sempre foi assim? Não, obviamente. Antes do cristianismo sabemos que nossos ancestrais eram poligâmicos. Para não fugir do ocidente, nos voltemos para o Império de Roma. Havia a união entre casais, mas a poligamia era regra aceita nesta sociedade. Por muitas vezes, até com traços marcantes de homossexualismo. Na Grécia antiga não havia muita diferença, ou seja, o sexo, como condição fisiológica comum, era plenamente livre de qualquer impedimento, seja legal, seja religioso, entre seres como um todo. Concluímos, portanto, que o cristianismo trouxe a monogamia à sociedade medieval, e a mesma perdura até os dias de hoje.

A grande questão é se realmente respeitamos isto. É fato que inúmeras análises estatísticas depõem contra a monogamia. Diversas pessoas, numa condição de segurança, admitem terem tomado parte em algum tipo de relacionamento múltiplo. Cada um que lê este texto pode muito bem olhar para sí e buscar suas próprias verdades intangíveis. Mesmo que não tenham realmente traído, no mínimo pensaram nisto. É muito simples explicar isto. Não se apaga milhares de anos de evolução como polígamos em algumas centenas de anos. É muito difícil mudar um comportamento que sempre tivemos por causa de um paradigma religioso. Isto só reforça o quanto nós ainda temos muito o que evoluir. Agimos de uma forma e pensamos de outra, nos postamos de uma forma na sociedade, e entre quatro paredes somos outra. Até quando viveremos assim?

O próprio cérebro humano é quem o trai. Nossa mente, como sempre digo, tem reações muito instintivas. Os homens, ao verem uma mulher de quadris largos e seios fartos tendem a perderem a linha. Isso se deve pelo simples fato de o nosso cérebro reconhecer nesta forma feminina uma mulher fértil. No caso das mulheres, o que mexe com seus hormônios são homens inteligentes, fortes e com traços másculos. Isto ocorre pois homens assim podem prover mais segurança em geral a uma mulher e seus filhos. Vivemos ainda dos nossos instintos, e nossa racionalidade ainda não reconhece os mesmos, tornando-nos verdadeiras contradições ambulantes.

A conclusão de tudo isto é que, apesar de nós almejarmos muito casarmos, termos filhos, sermos monogâmicos e desejarmos fazer sexo sempre com um parceiro somente, estamos sempre batendo de frente com nosso cérebro tão desenvolvido, mas ao mesmo tempo ainda bastante primitivo. Somos indíviduos em guerras internas constantes entre nossos impulsos e nossa razão, que nos força a sermos civilizados mesmo quando queremos, ou desejamos demais cair em "tentação". Sou muito cético quanto ao futuro de nossa sociedade, e continuo achando que a religião atrapalha muito nosso desevolvimento social ao causar-nos mais conflitos do que prover soluções. Prevejo que chegaremos a um ponto onde nossa sexualidade estará tão a flor da pele, que simplesmente a monogamia não mais se sustentará. As tentações são muitas, e estão cada dia mais latentes. As paixões são mais efêmeras e os tesões idem. O que nos serve hoje, já não serve mais amanhã. As mulheres estão cada dia mais lindas, mais joviais e mais liberadas. Os homens estão cada dia mais sensíveis, bonitos e saudáveis. Será difícil se prender demais, pois sempre alguém melhor estará na próxima esquina. À medida que as pessoas se desprenderem de princípios religiosos, aos poucos as mesmas entederão melhor a sí mesmas, e tomarão suas decisões sexuais/amorosas baseadas somente em sentimentos, e não em obrigações religiosas.