terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Longevidade dos Canalhas

Seguindo um raciocínio muito simples, mas focado em experiências pessoais, nos filmes, na vida, nas músicas e nos relacionamentos, me esforço para compreender mais alguns mitos que temos sobre a vida e a morte. Penso, também, numa forma de criar textos que me incinerem a alma, por mais que a mesma já esteja, de fato, carbonizada, e possam suprir o objetivo clássico deste blog que é estuprar suas mentes com as mais absurdas teorias que pude bolar nestes poucos anos de vida.

É muito simples: todo canalha vive muito. Observando a canalhice como um todo, conceituado-a como algo inexorável ao homem, assim como sua morte, a canalhice parece dar vida eterna pra certos indivíduos. Já pararam pra pensar que viver demais é um porre? Sim, é um tremedo saco ter que viver sempre fazendo a mesma coisa, suprindo necessidades fisiológicas básicas, procurando parceiros, desfazendo e fazendo amizades, relacionamentos, pagando contas eternas (enquanto viver, haverá contas!)e obtendo prazeres fugazes, tão rápidos quanto sua própria existência. Perdões mil pela ironia, mas quando vejo um velho de mais de noventa anos andando por aí, cheio de vida, penso logo: - Lá vai mais um canalha que está pagando os pecados dele vivendo demais nesta terra! Viver muito é um castigo e não uma dádiva. Este canalha aprontou demais a vida toda, foi infiel, traidor, não produziu nada de importante na vida, é um medíocre. Engraçado, quando um medíocre morre, sempre outro toma seu lugar. Medíocres são descartáveis e substituíveis ao sabor da mediocridade humana, que os põem numa posição de destaque. O fato de ter vivido muito e ter que carregar o fardo de perder suas capacidades motoras, ser um pararraios de doenças e mazelas, um escravo do cotidiano maçante por tantos anos, o torna um eterno desgraçado pela vitalidade que o cerca. Ele não a merece. Pensei certo: - Vá em frente, canalha, muitos anos de vida te esperam!

Gênios morrem cedo. Pessoas boas infelizmente se vão mais cedo. É como se Deus (para quem acredita) os quisesse o quanto antes pelas suas especialiades e qualidades. São tantos os exemplos, mas quando vejo uma pessoa padecer num momento inoportuno de sua vida, penso logo na importância daquele ser para a humanidade. É um contrasenso, um paradoxo. Se ele vivesse mais, nos traria grandes benefícios, mas se tornaria um canalha com o tempo. Se ele vivesse pouco, será lembrado sempre pelos seus feitos, pelas suas benesses, será um anjo em nossas podres bocas. Nós, os podres que remanescemos, sobrevivemos ao "lixo tóxico" sobre o qual vivemos. Vejo pessoas que morrem cedo como um mal necesário, algo que nos faz refletir na inutilidade e pequenês da nossa própria existência. O gênio é insubstituível. Ao contrário do medíocre, ele morre cedo e cheio de coisas por terminar. É como uma obra de arte que nunca é terminada, mas no entanto é sublime. Gênios descobertos tardiamente também deixam o mundo rapidamente. Não conseguem dar continuidade à sua genialidade por anos a fio. Quando vejo uma divindade humana em destaque sinto que por mais que ela venha a fazer pelo mundo, não será o suficiente. Ela morrerá cedo demais, mesmo que seja aos cem anos.

Canalhas abundam, anjos rareiam. Medíocres de multiplicam, gênios padecem. É a dinâmica da humanidade, é a pura idéia de que a vida é sim descartável, e que a raça humana é um grande estorvo para o universo como um todo. Já pararam pra pensar que somos a praga deste planeta? Esgotamos recursos e estupramos esta Terra como se não houvesse amanhã. Aliás, não haverá mesmo. No entanto, o que me importa? Sou mais um canalha mesmo, viverei muito ainda para ver meus iguais destruindo a tudo e a todos enquanto os iluminados vão ficando pelo caminho, padecendo pela nossa cretinice e mediocridade. Como todos os canalhas, ficamos tempo demais vivos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Memórias, "Doces" Memórias.

Por um momento achei tivesse ouvido uma voz corriqueira e amada, por outro houvera pensado sentir a presença desta ao meu lado, sentia seu aroma como se fosse presente, inebriando meu olfato com o mais doce perfume inerte em álcool 92°. Um simples momento de puro êxtase mental deitado numa rede rasgada e desgastada pelo tempo. Aonde estava? Pouco importa. O que interessava era onde estava meu pensamento, e ele repousava serenamente sobre suas mais doces lembranças e cálidas memórias livres.

Uma brisa sorrateira me beija o rosto um tanto suado e esturricado pelo escaldante sol das duas da tarde naquele sábado soturno. Esta brisa traz o cheiro do jasmim que um dia senti naquele breve momento de exagero por entre suas pernas, onde me adaptei à fragrância do seu sexo... mais memórias tórridas me atingem, sorrateiramente, como uma criança que me abraça envolventemente com seus delgados braços. As páginas daquele surrado Hemingway nas minhas mãos não passavam, estava inerte numa leitura sem tesão. É complicado não ter prazer em ler "O Velho e O Mar", e ver seu autor se esgueirando pelas vielas de Havana em busca de sua musa cor-de-bronze, tão natural das terras caribenhas, entre uma e outra parada para um refrescante Mojito. É, aquela página parou, assim como eu naquele momento.

Fechei o livro, a brisa cessou. Estava quente, e minha imaginação estava falhando, contudo balancei minha rede e entrei num embalo quase que materno, rebuscando ainda coisas que me fizessem lembrar de ti. Ainda tenra era minha memória do marejamento nos seus olhos a cada xiste proferido pela minha irônica boca, maldita boca, um convite a ser calada sempre. Tenra era, também, a curta lembrança que tinha de suas mãos suando a cada avanço imbecil da minha parte em sua nuca e orelhas, com o breve e vão intuito de tão somente aumentar seus batimentos cardíacos, sadicamente. Ora, jamais mandei em seu coração, por que haveria de o conseguir naquele momento? Ri descontroladamente na minha rede.

Eram memórias duras, limpei meu sorriso logo que realizei a dureza dum querer eterno, dum desejo destruidor que te dilacera as entranhas de impotência pura. Que calor absurdo! Penso no mal que devemos estar fazendo para este planeta, para que um sol destes queime minha pele daquela forma. Penso que mal posso ter eu feito para que meu momento de ócio, meu dolce fare niente, se torne uma viagem perturbadora aos meandros das minhas mais atrozes memórias. Seria obra de um exagerado patológico, que tende a transformar cada pequeno evento de sua vida em um romance épico? Em tempo, a minha Ilíada está longe de terminar, adiciono capítulos a ela diariamente. Pode ser, mas a virtude da minha inquietude está em exatamente estabelecer que, se ainda houver a mais fina ripa de madeira para queimar, este fogo ficará aceso por tempo indeterminado. Serei sim, escravo das minhas memórias, mesmo que curtas, serei sim adornado com as mais variadas definições depreciativas a mim mesmo. Tolo e vão, é que penso de mim naquele momento.

Por um momento ouvi algo, seria lembrança, ou seria real? Assim como na chegada dos cavaleiros do apocalipse, ouço um ecoar celeste retumbante...era um prenúncio de chuva. Chuva, sim, após tanto calor, um pouco de frescor. Deverei sentir o cheiro das plantas e do solo ao serem molhados pela deliciosa chuva especial que só nos ocorre após uma jornada tão quente. Me estiquei na rede, e esperei pelos pingos. Quero senti-los em meu rosto suado, para que o mesmo se misture e disfarce as minhas correntes lágrimas.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um Breve Relatório Pessoal dos Últimos Trinta Anos

Há alguns anos venho sentindo algumas diferenças em mim, nada muito importante que me faça sucumbir à tristeza ou me preocupar. São mudanças físicas, psicológicas, comportamentais etc. É uma fase estranha esta dos trinta, com alguns altos e baixos, por vezes mais baixos que altos. Aquelas alegrias mais imediatas não satisfazem mais e são trocadas pelas alegrias de longo prazo, daquelas que requerem algum investimento. Não falo de capital, é um investimento pessoal, do tipo que todo o esforço advém tão somente da sua força de vontade em vislumbrar um futuro melhor para si.

O que posso dizer das mudanças físicas? São poucas, mas marcantes. No aspecto cardiorespiratório nunca estive tão bem, ou seja, tenho mais resistencia física hoje do que aos dezoito. O alcool e as curtas noites de sono daquela época talvez fossem agentes da falta de ímpeto e vontade que tanto me afligiam naqueles dias. Hoje tenho mais disposição, é verdade, pra tudo, sem exceções. Por outro lado, algumas marquinhas do tempo já aparecem, já começo a ter idéia de como serei aos quarenta, cinquenta...o rosto já demonstra algumas ruguinhas, marquinhas de expressão. Claro que a vaidade persiste em mim, afinal de contas para quê nos cuidamos? A reposta é óbvia e não têm rodeios: para copular mais e mais. Sem essa de espelho, auto estima, bem com si próprio e toda esta merda de auto ajuda. O negócio é simples, não necessita de enfeites. Talvez eu faça algum procedimento para dar uma levantada no rosto, talvez não. Os cabelos estão rarefeitos. Sim, meus amigos, a calvície está chegando. Se serei careca ou não o tempo dirá, mas que meus cabelos ficam mais e mais finos, isto não posso negar. Quem sabe intervirei em meu couro cabeludo cirurgicamente? Acho que não. Me sinto mais forte fisicamente, tenho mais força do que jamais tive. Tenho dias que sinto que consigo levantar um homem de mais de setenta quilos sobre minha cabeça, sei lá...neste ponto estou bem melhor.

No campo psicologico, acho que fiquei claramente e, até por força do tempo, mais tranquilo comigo mesmo. Por me conhecer melhor consigo encarar muita coisa que jamais encararia há uns anos atrás. Ainda fico em frangalhos quando cometo algumas babaquices, atos sentimentalóides e não recebo aquilo que esperava, meio como uma criança que come todo seu jantar esperando um docinho da mãe de recompensa. As expectativas ainda me ferem, é isso! Contudo, demoro muito menos tempo para me conformar e me reerguer das armadilhas do sentimento que todos têm que desviar. Não sou e não serei o único a me iludir. Hoje leio mais, como melhor, bebo mais contidamente, me concentro melhor, tenho mais prazer no sexo (aos dezoito, putz...o que era sexo?), dirijo melhor, dialogo mais, entro em menos conflitos, compreendo melhor, planejo qualquer ação; como um General que busca a vitória de batalha em batalha e não tão somente num ataque atabalhoado. Por outro lado acho me racionalizei demais, fiquei meio sem graça. Por vezes ainda penso em chorar quando algo de ruim me ocorre, mas as lágrimas não vêm mais facilmente. Não chorar significa não sentir, ou ficar demasiado torpe. Acho isso ruim, é um arcabouço de doenças manter as coisas para si mesmo. Não me abro com mais ninguém, evito conversas sobre coisas controvertidas. Parte disso vem de experiências ruins com maus ouvintes. É fato que, aquele velho ditado que diz que cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça, hoje em dia, se aplica muito a mim quando penso em dividir confissões a quem quer que seja. Ser racional tem lá suas vantagens, te permite uma auto preservação maior, mas também é elemento que pode sim levar a traços de depressão no futuro. A depressão é perigosa, tão perigosa quanto um cancer.

Tendo vivido tanto em tão pouco tempo posso dizer que, se for um homem de vida longa, ainda poderei desfrutar de muito mais. Se a vida me for curta, não ficarei triste, tenho muita coisa legal pra deixar de legado pra quem amo e gosto. Cá entre nós, atualmente tenho vivido pensando da seguinte forma: qualquer coisa que venha a mais em minha vida, além da saúde, é um grande lucro. Pensando bem, quem quer viver muito? Quem quer ficar pagando contas de luz, água e telefone até os noventa anos? Tem uma hora que viver vai ficar chato pra caramba. Por enquanto está ótimo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As Verdades Que Precisam Ser Ditas Pra Você, Sua Puta!

Nota do Blogueiro: Texto adaptado de um colega altamente Bukowskiano, que vive às voltas entre o amor e o ódio pelas mulheres. Quem interpreta isso como algo vulgar ou inútil como arte é,no mínimo, mais vulgar ainda. Quem nunca pensou em escrever antes assim a uma mulher? Quem nunca provou da ambiguidade que é o amor? Sorte daquele que expressa suas frustrações na escrita, na arte e não pela violência. Puritanos, vazem daqui, este blog não é para vocês. Aqui somente habitam os amantes da escrita e leitura underground.


A noite chega no vale da morte e da vida louca. Onde o dia não existe e as danças são no ferro em brasa que queima. Eu falo coisas que não te agradam, garota. Vim nesse mundo para provocar, mas seu sague é frio como um iceberg do Alaska e seu coração gelado como o vento que sopra no além. E sua felicidade é uma nota de três reais em meu bolso. Precisamos de mais tequila para aquecer nossas almas. Não poderíamos estar mais chapados, garota. Só assim para acreditar nas mentiras da vida. Sei que você presta atenção nas palavras. Procure pensar nisso. Você continua dançando e quer mais e mais. Você é linda, não posso olhar para seu rosto mais de um segundo. Seu coração frio não me pertence. Eu digo coisas que precisam ser ditas. Mais um gole, por favor. Traga uma água, por favor. Vamos dançar no ferro em brasa. Pegue minha mão, sinta minhas veias pulsando. Sangue fervendo nas veias. É disso que você precisa, garota. Sirva-se de um copo de sangue, oferenda para o Deus da noite negra, do amor e do sexo. Deus da porra do caralho!

Deus da tequila, quero te foder!

Quero ter essa mulher para mim, mas ela não me pertence. Eu não poderia estar mais chapado, vamos dançar para esquecer de tudo que nos cerca. Existem coisas que precisam ser ditas. Sou um cavaleiro da noite, o tolo que diz as coisas tolas, que sofre mais do que vive. Sou o mensageiro do além e lhe trago boas novas: você ganhou na loteria! E o prêmio é a felicidade da vida louca. Beba mais tequila, vamos brindar a sorte.


Vamos comemorar, dançar na chuva e fazer um filho. Vamos trepar em cima de uma estrela de neutrons até eu encher a sua cara de porra, jatos de porra lançados no espaço do vazio soturno da tua boca. Garota, sinta meu coração batendo num turbilhão acelerado e meu sangue pulsando. Isso é vida...por favor, me traga água, destilada, de preferência, e vamos brindar o azar da vida projetada nas sombras da caverna de Platão. Aquele filho da puta!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ensaios Sobre o Arrebatador Amor De Uma Só Transa (parte1)

Houvera sido um dia esquisito, uma sexta feira que começara sem muitas boas novas e que terminara com uma sensação de "borboletas" no estômago, como ela dizia. Era a predição de que algo excitante estava por ocorrer, algo que poderia mudar a vida daquele homem amargo e desiludido. Um sorriso radiante tomou conta de seus lábios enquanto a labuta do dia era encerrada, suas mãos suavam em plena ansiedade e seus pulmões desejavam respirar ofegante novamente, como ainda não houvera respirado ou como já não respirara há anos.

Aquela fresca tarde de maio já reservava flores antecipadas de primavera e o ar estava esfuziante. As pessoas estavam mais belas, as buzinas dos carros naquele rush maldito ecoavam como sinfonias de Bach, que anunciavam uma nova era na vida daquele amargor de pessoa. Em seu carro as notas de uma velha canção de Jazz no rádio eram o incentivo para que pudesse seguir adiante na infinita estrada que o separava do gozo universal. Era já de noite e Paul Lettere chega a sua casa para enfim banhar-se e preparar-se para encontrar sua divindade. Ele não sabia até aquele momento que ela representaria para ele toda uma nova era em sua vida, que ela romperia de vez com o enfastiado personagem que assumira seu ser, e que ela daria a ele a pura e simples razão para não usar aquela pistola em direção a seu próprio crânio. Ela era uma lufada de ar fresco num clima árido e seco. Ela é Anna Schneider.

Paul era um Stock Broker bem sucedido, casado, pai e um grande colecionador de velhos LP´s de Jazz. Entre um Coltrane e Parker, ele despejava toda a sua amargura numas notas loucas de Ella Fitzgerald, estalando estupidamente seus dedos a cada nota cantada por aquela negra fabulosa. Depois de anos casado resolve se tornar boêmio, e explora profundamente a nightlife de sua Chicago de 1948, chafurdando cada clube de Jazz a procura daquele Bebop mágico que lhe faça suar e ranger os dentes a cada agudo do Saxofone. Entre doses homéricas de whisky e drinks pagos a estranhas ele olha para o outro lado do balcão daquele sujo clube de Jazz, e pela névoa exalada pelos cigarros e charutos acesos percebe um perfil angelical, com suas mãos apoiando seu delicado queixo, e seus cotovelos tocando tediosamente aquele balcão repleto de sujeira e suor de pessoas podres que lá estavam. Era uma mulher de traços finos, corpo magro e longilíneo, mas com curvas no lugar certo, com um vestido vermelho colado ao corpo com uma flor falsa na alça esquerda, de mesma cor. Paul desce os olhos e percorre suas coxas até chegar a seus delicados pés, vestidos com uma bela sandália de salto preta. - Deve ser uma dançarina Flamenca, pensou ele.

Não dava para ver muito naquela meia luz de bar, e com toda aquela fumaça. Paul já estava alto dos whiskies, mas seu instinto masculino é fatal e ele se dirige até ela. Sua roupa está um tanto quanto amassada, sua gravata afrouxada ao máximo, sua dignidade se esvai a cada passo. Seu cheiro não é dos melhores, e a camisa de seda branca já começa a sair da calça que reside na altura do umbigo. Não importava, Paul foi até ela e começou a descobrir ainda mais com seus olhos a beleza daquela mulher. Seu cabelo estava solto, era castanho escuro e liso. Ela tomava algo claro, transparente, talvez algum drink à base de gim e ou vodka, pouco importava. Sua posição se manteve inalterada e seus olhos não paravam de olhar pra frente. Paul fez alguns barulhos para chamar a atenção, aquela caminhada até ela estava durando décadas, mas ele estava chegando. Ao chegar mais perto, percebe a forte maquiagem em seu rosto, com seus lábios finos e delicados com um batom avermelhado e brilhante. Ela ainda está com uma mão no queixo e outra no drink quando Paul chega e diz: - Gosta de Jazz, garota? Não era uma boa forma de começar uma conversa, afinal por que ela estaria lá se não gostasse de Jazz? Ela o olhou, e ele pode perceber seus profundos e belos olhos castanhos escuro, que perfaziam uma tonalidade de contraste maravilhosa com sua pele branca, mas não tão branca. Ao perceber que ela somente o fitou e nada respondeu, Paul pergunta novamente: Qual é a sua idade, menina? - ele a podia chamar de menina, ela não tinha mais que 20 anos. Ele estava nos 30 e poucos - por fim, ela não responde. Intrigado, Paul volta ao seu lado do balcão, dizendo que se ela quisesse conversar lá ele estaria. Ela não foi e Paul virou sua última dose, largando alguns dólares sobre o balcão.

Ao chegar novamente mais perto ele percebe aquele perfil maravilhoso que tinha visto há minutos atrás. Aquele nariz fino e delicado, o queixinho pouco proeminente e uma testa austera formavam um rosto arrebatador. O pescoço era longo assim como seu corpo, os seios eram médios e firmes, assim como seu colo. O Jazz comia solto e alguns casais já dançavam fervorosamente, quando Paul levante de novo e desta vez sem rodeios pergunta: - Você é uma dançarina aqui do local? Ela sorriu ironicamente, como a debochar daquele bêbado deselegante e diz: - Não sou. Pareço uma, por acaso? Paul sentiu que não estava sendo respeitado e lançou secamente: - Sim, está vestida como uma dançarina Flamenca. O sorriso em sua cara se esvaiu, e uma seriedade templária assumiu sua angelical figura: - Olha aqui amigo, não sou dançarina, não sou amante do Jazz e não estou aqui para conversar com ninguém. Por favor, me deixe em paz! Paul não sabia por que ainda insistia naquilo, pois, na Elm Street, depois das 23hs, havia muitas prostitutas com faces "angelicais" nas quais ele pudesse descontar sua amargura. Ainda assim, lançou uma última frase: - Olha aqui boneca, a guerra acabou, entende? Nós sobrevivemos à era nuclear. Não podemos sair por aí dando coices uns nos outros. Vamos começar de novo, meu chamo Paul Lettere. E você? Ela ficou pensativa, mas estendeu a mão a ele, até mesmo por pena, e disse: - Sou Anna Schneider.

Ao ter falado sobre a guerra, Anna pensou estar falando com um ex combatente, o que a deixou mais complacente ao seu estado ébrio e a fez tratá-lo com mais paciência. Paul divagou o quanto pode sobre Jazz, músicos e divas. Estava arrebatado por aquela beleza jovial, mas que parecia maltratada, deprimida. Aquela roupa chique para o local não explicava muitas coisas, ela se portava como antes, estava calada, contemplativa e ainda tomava aquele único drink. Após ouvir palavra após palavra, quieta, Anna resolve perguntar se Paul havia lutado na II Guerra, visto que a havia citado a ela. Paul riu descontroladamente, aquilo ia contra tudo aquilo que acreditava, era um homem bem sucedido, pouco havia lhe importado a guerra. Foi enfático em dizer que não. Trabalho com mercado financeiro, disse ele. - Minha luta é o lucro, minhas armas são as ações e meu front de guerra é a bolsa de valores de Chicago. Mas apoiei nossas tropas do outro lado do Atlântico, disto você pode ter certeza! Paul já tinha entendido porque aquela doçura houvera lhe dado uma chance e tentou ser simpático à causa da guerra, pensando que a moça poderia ter perdido parentes no conflito e por isso ela poderia estar tão triste naquele bar imundo.

Não era comum naquele tempo ver mulheres sozinhas em clubes de Jazz, ainda mais tão jovens e belas, que não fosse prostitutas. Paul queria levá-la dali, para a casa de seus pais, pois ali não era lugar para uma moça como ela. Anna já tinha pago sua conta, e foi se preparando para ir embora, com certo marejamento em seus olhos. Espantado, Paul a pediu que esperasse, pensou ter dito algo errado, ela simplesmente se foi, sem que ele pudesse conte-la. Ele foi para casa, sua esposa o esperava com o jantar frio, mas ele foi para sua cama diretamente. Paul pensava em muitas coisas, houvera casado muito jovem, quisera fugir, divorciar-se, conhecer o mundo. O fim da guerra houvera trazido prosperidade e o mundo estava ali, pronto para ser descoberto. Eram muitos os desejos, mas sua amargura advinha especialmente da falta de perspectivas, de aventuras, novidades etc. Ele era uma alma excitada, uma alma que desejava viver intensamente, mas que poderia interromper a vida pela simples razão de ela existir, tão somente. Era um problema existencial e ninguém poderia resolvê-lo.

Os dias se passaram e Paul não mais variava suas idas a clubes aleatórios de Jazz, passou somente a ir ao mesmo em que conheceu aquela moça. Era recorrente aquela lembrança, algo indelével. Ela era cada gole num whisky barato, ela era a fumaça tragada de um cigarro achado no chão do bar, ela era o couro barato e roto dos bancos daquele clube, ela era o tilintar de copos nas mãos de garçonetes ávidas por níquel de gorjeta. Ela estava em tudo naquele lugar. A esperança era que ela abrisse a porta daquela espelunca, num ato impensado, e encontrasse Paul ali, desfalecido pelo álcool barato, entorpecido pelos vapores tabagistas e lhe desse no mínimo um pequeno gesto de atenção que fosse desde um toque por entre os dedos até um beijo que fervesse a alma. A idéia estava se tornando fixa e Paul resolvera sair dali por um tempo, dedicar-se mais a família.

Seu trabalho já houvera dado lucros, sua situação financeira era bastante estável, apesar da pouca idade. Paul tinha decidido ser um homem mais familiar daquele momento em diante, e esquecer de vez aquela névoa vermelha em forma de anjo que estocava sua memória como a querer enlouquecê-lo. Já houvera se passado seis meses ou mais que aquela curta e frívola conversa de bar ocorrera e, desde então, ele não vira mais aquela mulher em nenhum lugar da fria Chicago. O inverno havia chegado, e a brisa cortante daquela fria cidade prenunciava as festividades de fim de ano. Paul se tornara mais alegre, vira nos olhos dos filhos uma razão para continuar, um regozijo que somente um pai pode ter. Num certo dia, ele resolvera caminhar na neve, se cobrir daquele gélido cristal em suas costas, senti-la espalhar-se pelo seu rosto, como a querer adormecê-lo numa posição de sorriso perene. Ao parar numa banca de jornal para comprar seu jornal matinal se depara com um cheiro esfuziante, familiar, que atiça destreza masculina que procura o olhar a cada traço interessante de feminilidade por perto. É ela, está do lado dele, folhando algumas revistas, é ela! Paul gela repentinamente e, naquele momento, ele era mais frio que a Chicago no inverno de 1948/49. Não havia como esquecer aquele par de pernas de fora, mesmo que protegidos por uma grossa meia calça de lã continuavam divinos. Paul subira um pouco mais os olhos e fitara seu rosto e sua pele de cor quase cinzenta, denotando que houvera caído da cama naquela manhã, sem nem mesmo preocupar-se em maquiar-se como estivera naquela noite naquele clube de Jazz. Ela não notara Paul nem um pouco, mas ele aos poucos foi se soltando e fez menção de iniciar um diálogo:

-Olá, a Senhora não vai se lembrar de mim, mas, por uma vez somente a Senhora me marcou intensamente.

-Não entendo, quem ou que é o Sr?

-Pouco importa, a Senhora não lembrará. Mas da Senhora me lembrei por meses a fio.

-Risos. Se não me lembrarei do Senhor, será porque não valeu ser lembrado mesmo. De onde nos conhecemos?

-Seis meses atrás te abordei num clube de Jazz, trôpego, bêbado, mas sóbrio o suficiente pra te reconhecer como uma visão angelical no meio da bruma daquele local. Reconheci-te, sim, como uma das criaturas mais lindas que já houvera visto. Tentei em vão conversar com a Senhora, queria levá-la daquele antro, mas...

-Fui embora, não?

-Sim, foi.

Um silêncio estarrecedor acomete o diálogo, e o olhar desconfiado do dono da banca incomodara Paul. Nos olhos de Anna, um brilho incomum estivera se instalado, um brilho raro de ver nos olhos de uma mulher, ainda mais numa jovem mulher, um tanto insossa ainda quanto ao sexo oposto. Era a primeira vez que Paul a percebia sem os efeitos do álcool, sem aquela meia luz de bar, e sem a tristeza que estivera em seus olhos na época. Era fato, ela parecia mais feliz, renovada:

-Está muito frio aqui, Anna. Podemos entrar em algum lugar e tomarmos algo quente?

-O Senhor lembrou-se do meu nome? Devo ter sido inesquecível mesmo...

-Por favor, não me chame mais de Senhor, sou Paul.

-Claro Paul, está muito frio mesmo, eu aceito.


Conversaram por horas a fio sem qualquer preocupação com o mundo externo. Ali, naquele bistrô isolado no centro da cidade, eles dividiram experiências, foram sinceros, expuseram suas fraquezas. Paul descobrira que Anna estava devastada naquele dia por ter sido deixada esperando num restaurante da cidade, por horas. Ela era noiva de um rapaz na Faculdade. Cursavam letras e literatura inglesa, e o rapaz era um moço filho de um industrial do meio oeste americano. Era riquíssimo, e dela somente queria o sexo. Apesar do noivado, ele não a levava a sério. Anna, por sua vez, trabalhava num restaurante durante o dia, para custear seus estudos. Seus pais eram do sul, e as gorjetas que recebia gastava em enxovais para seu futuro casamento. Viu que aquilo não passava de falsas esperanças, seu noivo saia descaradamente com todas as mulheres do campus. Paul sentiu um desespero na alma daquela mulher, muito parecido com dele, o que o fez criar uma conexão massiva com ela. Paul contou sobre sua infância boa, seus pais eram médicos, mas ele tinha asco da profissão de salvar vidas. Queria mais que isso e cursou Economia e Finanças, conseguindo depois de formado um emprego na área de ações e investimentos. Conheceu sua esposa muito cedo, e teve logo seu primeiro filho. Sua esposa era secretária num escritório de advocacia e tinha surtos psicóticos vez por outra, fruto de uma infância perturbadora numa fazenda no interior de Illinois. Houvera sido estuprada por dois tios, empregados da fazenda e jamais conseguira superar este trauma. Após o nascimento de seu segundo filho, Paul fez votos de ficar com sua esposa fosse qual fosse os acontecimentos em sua vida. Era demais para ele, Paul queria viver, queria arrancar de si as amarras de uma vida sólida, mas entediante. Não havia como aquela mulher psicótica e de coração vil fazer dele um homem realizado. Estava acima das possibilidades dela realizá-lo e acima das dele compreendê-la.

Eram problemas pessoais comuns, mas que aproximaram os dois naquelas duas ou 3 horas de conversa. Mais uma vez um silêncio atordoante acometera o ambiente, parece que o ar havia ficado pesado. Por alguma razão, naquele momento, o silêncio dizia tudo, e Paul alcança a mão de Anna, apertando-a com a leve força que se usa para ser erguer um bebe do berço. Anna sorrira, e ruborizara, mas aceitara o carinho. Não teve como ser diferente, em poucos minutos estavam num beijo longamente louco. Era a realização de Paul, o sonho estava realizado, ou não, o que pensar? E sua esposa e a família, e nova fase de sua vida? Era aquilo mesmo, uma imensa descarga de energia constante, fruto de meses de frustração contínua, que fora despejada nos lábios daquela mulher. Era final, era um momento ímpar, o coração de Paul explodiria.

Fizeram amor loucamente naquela tarde fria, na republica onde morava Anna. Fizeram promessas um para o outro, se entregaram, mas não poderia deixar de pensar que talvez Paul estivesse super dimensionando aquele momento. Quem sabe aquela moça não estivesse somente se vingando do noivo, pelas suas traições constantes? Mulheres são vingativas. Será que ela fez amor comigo porque sentiu algo diferente por mim? Pensou Paul. Era um momento de reflexão pós coito, mas que seria revelador para ele em breve. Ela também poderia ter suas reservas, talvez ele fosse um homem daqueles casados e sem vergonhas, que traem suas esposas e tem boa conversa. Talvez ambos tivessem se arrependido. Despediram-se calorosamente e Paul queria voltar logo, planejava em sua cabeça dar um fim em seu casamento e dar a Anna todo o amor que esteve escondido em si por tanto tempo.

Continua...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Horda De Zumbis Sociais

...Ou aleijados sociais, como queiram. Minha adolescência se passou num período pré internet. Ao menos meu ápice se deu neste período. Das coisas que mais me lembro, das mais especiais, posso considerar que a convivência diária com meus amigos era algo gostoso. Chegávamos da aula e íamos diretamente à praia, jogar futebol, falar de mulheres, observar as transeuntes e seus biquinis deliciosos. Nossa vida era aquilo tudo, de segunda a sábado. Nas sextas e sábados à noite nos reuníamos em um local extinto, mas agradável, onde podíamos fazer aquilo que mais gostávamos de novo, que era falar de futebol e mulheres. De vez em quando surgia a oportunidade de ir ao que chamam hoje de Balada, num também extinto estabelecimento, onde dançávamos ao som do que tocava na época. Entrávamos com identificações falsas, as fazíamos em qualquer lojinha que continha uma maquina de Xerox, e lá adulterávamos inocentemente nossas idades para dezoito anos. Nem um ano acima e nem um ano abaixo, sempre dezoito. A técnica não convem explicar aqui, mesmo porque se tem uma coisa que não quero ser é mau exemplo, mas posso dizer que funcionava. Apesar de terem se passado quinze anos, muita coisa mudou. Eram mais rígidas as regras para adolescentes entrarem nas boates (aí um termo mais nosso, da época) sendo menores de idade. Todo mundo pedia nosso RG, não era fácil. O domingo era dia das famílias, e na segunda chegávamos na escola contando, aumentando as peripécias do fim de semana, para culminar com mais um joguinho de futebol na praia, pela semana à fio. Tomávamos agua do chuveiro quando tinhamos sede, brigavamos constantemente no jogo e depois estavamos juntos novamente. As meninas não gostavam muito da gente, pelo menos do nosso grupo, mas adorávamos observá-las. Toda esta introdução serve para ilustrar exatamente o ponto principal do texto, que tenta mostrar o quanto a internet tem degenerado as relações sociais do presente, especialmente a dos adolescentes, que precisam muito da socialização neste periodo dificil, algo que ajuda e muito no desenvolvimento das suas personalidades e criam vinculos sociais eternos para eles.

É um pouco complicado entender o mundo atual. O que era branco e preto está se tornando pink com lilás laranja e amarelo, ou seja, não temos certeza de muita coisa hoje em dia, senão da famigerada morte no fim de tudo, e olhe lá. Muita coisa que era segregada, hoje se fundiu, como a cultura, música, arte etc. É um resultado óbvio do encurtamento das relações que a internet trouxe. Ponto positivo pra ela neste quesito. Nem sempre o resultado é bom, como na musica, por exemplo. Entretanto, na maioria das vezes o que ocorre é a queda de barreiras sociais, e uma melhor aceitação do que é diferente. Enfim, esbanja tolerância num mundo cada vez mais intolerante. Nos anos sessenta, setenta e oitenta (um pouco nos noventa) era fácil saber quem era quem, ou seja, se fulano era gay, chique, roqueiro, hip hop, punk, aventureiro, cafona, careta etc. Hoje está tudo meio que fundido (eu disse fundido!). É positivíssima a consequência desta saladinha cultural pois nos leva ao fim paulatino dos preconceitos de outrora, que tanto atrapalhavam as relações sociais entre pessoas de origens e países distintos. Hoje dança-se forró no Sul e música eletrônica no Norte, por exemplo.

O que não esperávamos é que a internet fosse ter seu lado perverso, ou melhor, esperávamos sim, só que o ignoramos dadas as facilidades que a mesma trouxe em nossas vidas. Quem hoje aqui estaria disposto a abrir mão de seus e-mails (antes cartas e cartas), MSN e afins, notícias just in time, informações infinitas etc.? Eu também não. Pressinto, entretanto, que deva haver um limite para o grau de atuação da internet, especialmente nas mentes mais jovens. Redes sociais são uma praga, devo admitir. Percebo muitos jovens criando um microcosmos em suas redes sociais, fingindo comportamentos e maneiras de ser, flertando com o fake, criando uma persona que quase sempre não condiz com a realidade da sua personalidade. O que é pior, preferindo quase sempre o frio contato via internet ao encontro físico com seus "amigos" de rede social. Digo "amigos" pois muitos que estão ali eles jamais encontrarão ou se socializarão. Trocarão somente experiências ridículas, em frases cada vez mais sucintas, sem conteúdo. Alguns têm mil e tantos "amigos", mas são tão solitários quanto um homem de meia idade, divorciado e acima do peso. Aliás, quantos adolescentes acima do peso, não? Óbvio que se não se fazem exercícios e ficam tanto tempo sentados, 'online', não serão nenhum exemplo de vigor atlético.

O resultado disso tudo são jovens obesos, sem auto estima, sem assunto, fechados, reclusos como ratos em subterrâneos durante o dia. Sim, até mesmo os ratos do subterrâneo saem à noite, não? A depressão, que é tão latente na adolescência, se intensifica num ambiente desses, e pode levar a coisas piores. A consequência mais futura deverá ser mesmo o aleijo social, a prostração das relações. Estes adultos do futuro terão problemas em criar conexões sociais REAIS, que dificultarão e muito suas vidas como um todo. Profissionais que não se socializam ficam pra trás. Pessoas sem amigos reais (não só amigos de balada ou de redes sociais) são mais propensas a problemas psicologicos como depressão e pânico. A família será sempre um refúgio, não é? Pois até mesmo a familia sofre com um recluso social destes e acabam por isolá-lo naturalmente.

A criação de personagens na internet como um todo, daquele cara legalzão, bonitão, que tira fotos do torax para as moças, ornado com seus piercings e tatoos é pura exposição falsa. Ele é um produto de uma salada cultural sem identificação com nada, mas seu intuito é somente mostrar, expor algo que quase nunca condiz com sua realidade. Deve ser duro pra este jovem olhar para si e perceber que nunca exerceu a realidade, ou seja, se perdeu na virtualidade e nas mentiras que inventava a si próprio. Ele tem a necessidade de mostrar cada passo que dá em seu microcosmos virtual, e quase sempre com uma dose de enfeite tremenda. Ele é fashionista, é escravo de uma moda e suas regras, é fanático por artistas comerciais, que também nada têm a contribuir senão com o caos intelectocultural. Ele é capaz de estar numa mesa com amigos e pegar seu smartphone e conectar-se a um serviço de mensagens rápidas num clique, somente porque não consegue ficar sem. Ao não socializar-se, ele não evolui, não dialoga, não desenvolve a fala e seu discurso, atrasando ainda mais seu desenvolvimento. O pior de tudo: não lê! Se não lê, jamais vai escrever bem, e se escreve internetês fatalmente vai acabar usando isso na vida real e vai sendo assim julgado. Seu futuro é ser um zumbi social, um alheio, um mero profundo conhecedor de emoticons ou retwiador de sandices, e nada mais.

Eu ainda encontro meus amigos da escola porém não mais jogamos bola com tanta assiduidade. Fazemos programas mais adultos. Alguns estão distantes, outros estão perto, mas altamente ocupados. No entanto, ao menos duas vezes no mês, nos vemos e sabe do que mais? É como estar na escola de novo. Usamos a internet para nos comunicar com aqueles que não possam estar por aqui, este sim, um uso correto da ferramenta. No fim, é só o que levamos para o resto de nossas vidas: as amizades reais, os amores eternos e nossas conexões sociais como um todo. Não faço questão de levar meu micro comigo para o além mundo, quero ir para o céu. Porém acredito que o inferno é uma grande Lan House, sem ar condicionado, com um monte de alienados, babando, olhando para telas, atrofiados, jogando Counter sei lá quê, enternamente, como zumbis.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O que o eleitor do Tiririca não sabe...



É a primeira vez que posto um vídeo por aqui, mas este jornalista, Daniel Fraga, conseguiu diluir em poucas palavras algumas idéias que tenho sobre o público eleitor deste país. O vídeo é curtinho, mas revelador àqueles que não estão familiarizados com o sistema democrático e às armadilhas que o mesmo propõe. Como estamos numa nação de ignorantes e alienados, leiam, e engrossem um pouco mais a camada pensante deste país, que precisa crescer urgentemente não só nos números, mas nos indíces de educação como um todo.

PS: Adorei a citação do rodeio, Daniel Fraga está de parabéns!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Carta Aberta Ao Brasil Da Copa e Das Olimpiadas.

O Brasil finalmente se tornou uma constante nos circuitos desportivos mundiais. Nossa dita prosperidade economica nos deu a possibilidade de aparecermos na midia mundial, sediando dois eventos importantíssimos no calendário das grandes competições:A Copa Do Mundo e as Olimpiadas. Lindo, maravilhoso, fora de serie; estou estupefato com estas duas inclusões e, não posso negar, sinto um certo regozijo de ser brasileiro, até certo ponto. Longe de querer ser o antinacionalista, o inimigo da pátria. Quero muito ver as coisas darem certo neste país e nada melhor que competições de alto nível para engendrar investimentos diversos na melhoria do país como um todo.

Baboseiras a parte, vamos ao que interessa. Sou desconfiado por natureza, não acredito em grandes canais de comunicação, aliás no grande canal de comunicação brasileiro, voz ativa de uma imprensa sem qualquer credibilidade, que não tem compromisso algum com a realidade dos fatos. Não vejo a imprensa brasileira esmiuçando os gastos realizados na organizações dos Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro. Aparentemente o Tribunal de Contas da União está investigando supostos casos de superfaturamento de obras e pagamentos de propinas para ganhos de licitações fraudulentas. De fato, podemos entender que o Pan do RJ foi um sucesso de organização, mas poucos sabem a que custo isto ocorreu. Não houve transparencia por parte dos organizadores e dirigentes quanto aos gastos reais para um evento deste porte e nós, os contribuintes, apenas batemos palmas, sem saber o real beneficio que tivemos ao "bancarmos" esta competição neste país. Eu tenho certeza de que, se o TCU está investigando é porque realmente há podridão por baixo disso tudo. Uma pena mesmo, eu reitero, a imprensa não nos expor a realidade e somente fazer 'oba oba' em cima do fato.

Me preocupa, portanto, saber que estas duas competições irão ocorrer num período de dois anos entre uma e outra (Copa em 2014 e Olimpiadas em 2016). É no mínimo temeroso para os contribuintes bancar a construção de novos estádios, centros desportivos, e toda a indumentaria necessaria para a relização de eventos grandes como estes, sem que haja a devida fiscalização e transparencia. O país tem traços de pobreza grotesca, favelas em todas as capitais, indices sociais pifeos, sistema viario parco, sistemas de transportes dignos de riso. É prioridade para o Brasil a consecução de todas estas melhorias antes mesmo de pensarmos em sediarmos competições em nivel mundial. A situação da saúde publica é desesperadora, assim como a infraestrutura dos aeroportos, estradas, telecomunicações, ou seja, este país é um caos. Com uma das cargas tributárias mais pesadas do mundo, não vejo como o cidadão pagar mais do que já paga em impostos absurdos e dos quais não sabemos a destinação. Pagamos no escuro.

A corrupção flagrante de confederações, políticos e dirigentes nos faz pensar em quem está ganhando com estes eventos. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é reconhecidamente corrupta e chegada em acordos obscuros. É uma entidade cravejada de sanguesugas, pessoas que se locupletam do ótimo futebol brasileiro em beneficio proprio. Como confiar neste orgão corrupto para coordenar e fiscalizar as obras de estadios de futebol neste país? Os prefeitos e governadores são outros que, apesar da sucessão do cargo (até lá já teremos outros), aguardam a verba federal em beneficio da construção do estrutural para os eventos com grande boa vontade. Como não desconfiar destes politicos com verbas federais ilimitadas nas mãos? Quanto disso será repassado a empreiteiras que superfaturarão material, mão de obra e no fim nos deixarão com estádios de má qualidade? Os clubes brasileiros detentores dos estádios ou as prefeituras que os administrarão terão condições reais financeiras para manter estes elefantes brancos? E a transparencia? onde serão publicados os gastos das obras, à medida que são executadas?

Não tem como confiar. Como contribuinte e cidadão consciente do país em que vivo, sou obrigado a convocar os brasileiros para pressionar, protestar, seja qual for a ação, de modo a evitar que nossos suados tributos caiam nas mão de ladrões, criminosos de colarinho branco, que esperam ansiosamente estes eventos, com mãos e bolsos abertos, prontos para lucrarem horrores com isso. Não concordo e não posso concordar jamais que, em um país com tantas debilidades, tanta pobreza, tanta falta de tudo, se realize duas competições carissimas e muito acima das nossas possibilidades. A FIFA exige cada vez mais que o Brasil gaste e gaste com infraestrutura. Suas exigencias são altas porque há interesses maiores por trás. Interesses de gente que quer ganhar com as obras, e precisa das mesmas realizadas o quanto antes. Na minha opinião, o setor privado deve explorar as competições esportivas. Como patrocinadores, os mesmos devem custear o esporte. Não é justo que os governos, especialmente o nosso, custeie coisas que não trazem beneficio algum a população como um todo.

A minha critica é para a imprensa também. Parece-me que tem muito a ganhar com as competições, tanto que esqueceram de investigar. As obras já começaram em alguns estados, por que não exigir relatórios e planilhas das obras? A imprensa é a voz do povo, mas se o povo não cobra, ela não corre atrás. Vamos esperar, pelo jeito, ambas competições acabarem para, enfim, abrirmos uma CPI sem sentido, e inocentarmos gente que já deveria estar longe do esporte, longe da politica. O Pan-2007 já deixou seu legado: Contas absurdas, obras faraonicas abandonadas, especulação imobiliária etc. O que mais vamos esperar? Do jeito que está vamos somente aplaudir, cada vez mais pobres, à glutonice e sem vergonhice dos politicos e dirigentes do esporte brasileiro. Não se esqueçam: Pagamos alguns dos maiores tributos do mundo e não recebemos nada, NADA de volta. Se quisermos um bom ensino, pagamos escolas particulares. Se quisermos boa saúde, pagamos convenios. Se quisermos boas estradas, pagamos pedágio. Se quisermos um bom carro, pagamos o dobro que qualquer país do mundo. O brasileiro é milionário e não sabe. Não quero prever o pior, mas o pior está por acontecer.

Em Tempo: O Corinthians acaba de anunciar um novo estádio a ser construído com todo o apoio do Exmo Presidente do Brasil, Sr Luiz Lula Da Silva e seu também Exmo Ministro dos Esportes, Orlando Silva, numa joint venture jamais vista na história deste país (como gosta de dizer nosso analfa lider). Uma união entre clube, governo federal, municipal e estadual e orgãos privados como a CBF e uma empresa como a Odebrecht (outro poço de corrupção). É uma vergonha! Mais um capítulo para meu romance: Eu Tenho Vergonha De Ser Brasileiro! Neste caso, a corrupção caminhou de cima (Lula) pra baixo (A. Sanchez, presidente do Corinthians). Parabéns Brasil e parabéns brasileiros, seus suados impostos serão muito bem investidos na eterna causa pesudopopular corintiana.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Casamento É O Fim?

Não vou falar sobre isso por clichês, não faz meu estilo. Eu odeio compartilhar minhas opiniões com outros, prefiro até que seja contrária à maioria. Tenho a minha propria, que seja assim. Ademais, este assunto é demasiado controvertido para haver concordancia entre todos. Há diversas teorias sobre o assunto, e as estatísticas dizem que o mesmo está em processo de falencia, moral e social: O casamento.

Já fui namorado, já estive casado. Por uma década inteira dividi minhas opiniões, idéias, fluídos, alimentos, casa, carro, televisão etc. com a mesma pessoa. Eu não quero aqui fazer apologia pela abolição do casamento na sociedade, vou acabar sendo ainda mais odiado que já sou. É fato que quando amamos, nada mais importa, nos tornamos cegos a algumas consequencias do amor e partimos para a consecução de nossos planos mais urgentes, de modo a homologar nossos sentimentos. Ora, se uma relação funciona bem para dois namorados que estão sempre juntos, por que não estreitar mais ainda os laços? Certas coisas são esquecidas, pois ao terminarem suas "atividades" de namorados, onde sempre fazem coisas agradáveis juntos, ambos voltam para seus lares. Por muitas razões muitos esquecem que ao casar não há para onde fugir, ou seja, se brigaram, não adianta cada um ir para seu lado, emburrados. Vocês estão no mesmo teto. O espaço individual não existe, e por consequencia não há privacidade. Mulheres tendem a ser mais invasivas que os homens, e estes sofrem mais com este processo nocivo do casamento. O casamento mata a privacidade.

Mas isso não é tudo. A vida social, como fica? Não há. Ao menos aquela vida social fora do casamento, com amigos de antes da relação. É fato que você os perde paulatinamente até que você desaparece de vez. É mais ou menos assim: - Poxa, faz tempo que não falo com o Paulo, o que houve com ele, nunca mais apareceu pra gente ver um jogo na TV? Logo alguém retruca: - Ele casou, esqueceu? Os primeiros anos do casamento, ou do relacionamento estável, seja lá o que for, são de desligamento de suas antigas amizades para um novo estágio, as amizades do casal. Estas amizades perdem sua pureza e essencia, visto que, além de recentes, são muitas vezes baseadas no interesse entre as partes. Não é aquela coisa de camaradagem, profunda. Tem mais viés de escala social, de competição patrimonial, coisa chata pra caramba. Depois de alguns anos de casados, muitos casais entendem que não deveriam ter se afastado tanto de seus verdadeiros amigos e decidem voltar atrás, ocasionando mais brigas e conflitos à relação. O casamento mata a sua vida social, te isola.

Quando vocês namoravam tinham uma vida sexual daquelas. Estou afirmando isso pois é verdade, quem nunca ficou sem ver a namoradinha por uns quatro dias e voltou louco para fazer dela uma "amazonia moderna"? (pra entender essa precisam ter uma mente poluída nível 5, manja?) Pois é, o fato de não ver seu parceiro ajudou a aumentar sua libido, que no fim ajudou a estreitar ainda mais sua relação com este. Ao estar com ele sob o mesmo teto, é obvio que isto será cada vez mais raro. Pelo contrário, você vai querer fugir dali pra ter este elan sexual de novo. É uma contradição louca, aquilo que te faz se aproximar de seu parceiro é aquilo que, mais pra frente, te fará se afastar. Seria comico se não fosse tragico. O casamento mata o tesão.

A consequencia do paragrafo acima é o tedio sexual. E não me venham estes sexologos de merda com absurdos do tipo: "apimentem sua relação com brinquedinhos sexuais, roupinhas, role playing, perucas etc." isto é tudo balela. Por baixo daquilo tudo continua a mesma pessoa, com seus mesmos defeitos e hábitos irritantes. O que me lembra uma coisa: Se durante o namoro aquela pessoa tem algum traço que te irrita, isso dobrará no casamento. Mulheres, especialmente (perdoem-me por criticar tanto vocês), tendem a piorar após o casamento. Aquela namorada legal que você tinha vira uma mulher cheia de cobranças, reclamando de tudo e todos na sua vida. Se faz necessário compreender quem é seu parceiro antes de casar, saber seus defeitos, mesmo aqueles que ele tenta ocultar, pois pode ser uma armadilha no futuro. O casamento transforma as pessoas.

Num dado momento da relação estável, seus olhos se voltam para outros possíveis parceiros. Este é o estágio que a mulher mais gosta, pois é aí que elas buscam a razão de serem quem são. Os homens, neste estágio, começam a reparar em outras mulheres, visto que o casamento se torna uma falácia na vida deles. É aí que surge a infidelidade, e mesmo que a mulher não descubra (elas sempre descobrem), a culpa sempre recairá sobre os homens pelo casamento falido. É um baita jogo de empurra, mas que elas sempre vencem, pois homens não conseguem jogar o jogo da relação estável. Em tempo, hoje em dia, devo reconhecer, não é mais privilégio dos homens o adultério. A coisa meio que se equilibrou. O casamento gera traição.

Os filhos chegam e tudo parece bonito e claro, belo e sublime, como diria Dostoiévski. O casal se torna algo como passarinhos fazendo seu ninho, com aquela situação meio Disney Story, com coisas rosinhas ou azuis. De fato, a coisa fica bonita de se ver. No início é um fator de união do casal, é um projeto em conjunto. Tudo isso dura mais ou menos o período em que a criança ainda é incapaz de tudo. A distribuição de responsabilidades, coisa importante nas relações do século XXI, ainda é um mistério pra muitos homens e o peso da criação e educação dos filhos acaba recaindo muito na mulher. Neste período os conflitos são latentes, e muitos divóricos surgem nos primeiros sete anos da criança. O casamento gera filhos, e filhos geram brigas.

A coisa funciona mais ou menos assim: Não funciona. Não há nada que se possa fazer. Pessoas vão se conhecer, vão namorar e vão casar. Faz parte da cultura mundial cultuar o casamento como algo mister em nossas vidas. Entende-se como fracassado aquele que evita este comprometimento, ainda mais numa sociedade católica como a nossa. Aqui o casamento é visto como a redenção do homem, excessivamente boemio, putanheiro e notívago (entendam como quiser). Para a mulher é um premio pela mesma ter sido virtuosa e casta durante sua vida. Ou seja, ambos se juntam para agradar aos olhos de outros e não aos seus próprios. O relacionamento vai esfriar, isso é obrigatório, é um resultado do tempo e do excesso de conflitos normais ao casamento. Cabe ao casal ter, entre si, um grau de tolerancia imenso dos defeitos de um e de outro. Somos criaturinhas muito defeituosas, e quando duas se juntam a intolerancia impera.

Em minha humilde opinião, a melhor forma de se manter o casamento é ser cego às falhas do parceiro, esquece-las, sumprimi-las. Casais que não se suportam duram menos. Se você for homem, tente a qualquer custo arranjar uma mulher que te complete sexualmente, pois se no namoro existir alguma discrepancia sexual, nem se junte. Quanto à mulher, tanto faz, para ela sexo é secundario mesmo. Exijam privacidade, sempre. Se for pra morar num quarto e sala, exijam ter um espaço para si proprio. Há horas em que você quer ficar só, e isso deve ser respeitado. Não ignorem ou esqueçam os amigos do passado, mesmo que sejam solteiros. O casamento é uma biosfera onde muitos precisam suprimir alguns comportamentos como meio de evitar brigas. Seus antigos amigos te entendem, e para eles você pode dizer tudo. É a melhor válvula de escape para um casamento, e se faz importante bater o pé neste quesito: Manter os amigos! Claro que dividir bem o tempo com eles e seu parceiro é mais importante ainda. Não percam a forma física. Muitas pessoas que casam se tornam desleixadas fisicamente e menos atraente. Não pense que só porque aquela pessoa fez um pacto de amor com você, que ela não deixará de ter tesão por sua figura caso fique rotundo e fétido. Cuide-se! Se for ter filhos, os tenha tarde na vida. Deixe para aquele momento onde a relação vai naturalmente esfriar, e eles virão como um combustível para manter o casal ainda mais junto. Quando os temos cedo demais, estamos ainda imaturos e despreparados. Queremos, por vezes, curtir nosso parceiro ainda. Quando eles chegam, ao menos a mulher, se torna altamente inacessível, exigindo muita paciencia do homem. Por fim, antes de casar, namore muito, beije muito, transe muito, conheça uma miriade de pessoas antes de se decidir por uma. O mundo está cheio de gente por aí que merece ser apreciada rapidamente, numa noite somente. Mas também há pessoas que podem ser aquelas tais, aquelas que serão dignas de um relacionamento longo. Se faz necessário esperar, não case por impulso. Por fim, delineiem o que é bem do casal e o que é bem proprio. Isso pode dar problemas num provavel divorcio. Já este é um outro assunto...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Uma Visão Positiva Do Futuro.

Havia um tempo em que éramos tribais. Sim, há milhares de anos atrás nossa forma maior de sociedade eram as tribos. Não havia países, fronteiras, mapas ou mesmo governos. Seus integrantes sabiam o que era certo e errado e criavam suas leis a partir da experiência dos mais velhos. Daí era só transmitir aos mais jovens. Tudo que era produzido pela comunidade, era consumido pela comunidade e os excedentes eram trocados com outras tribos. Guerras eram raras, mas como algo inerente ao ser humano, faziam parte também destas sociedades tribais. Não havia uma forma de governo centralizada e isso é mister para o desenvolvimento do que quero escrever. Precisamos mesmo de um governo?

Fato é que evoluímos dos períodos tribais. A própria inquietude humana, que impõe na descoberta uma de suas maiores virtudes faz com que a vida em pequenas tribos seja pífea demais para um ser tão complexo. A descoberta dos metais, e manufaturas a partir disso nos deu a capacidade de expandirmos nossas fronteiras, conquistando outros povos, aglutinando alguns e dizimando outros. A navegação trouxe a obtenção de riquezas por meio da troca intensa de mercadorias e serviços com terras antes jamais acessíveis. A prosperidade destas atividades geraram ainda mais poder as nações que detinham tais tecnologias, e com o implemento da pólvora, os conflitos foram ficando mais violentos, alçando a ambição dos líderes nacionais a voos antes jamais alcançados. Neste período, temos a propagação dos impérios.

A figura central de um Imperador ou Rei, apesar das democracias romana e grega, era a maior expressão de um povo. A evolução de tribos para imperios é o simbolo do que o desenvolvimento tecnologico e social trouxeram. À medida que as atividades se tornaram mais complexas, precisaríamos tornar a forma de governo também mais complexa, com leis, tributos, fronteiras, exércitos e tudo mais aquilo que tirasse a preocupação latente no cidadão que seu habitat seria de alguma forma usurpado, dadas as riquezas que suas nações acumulavam. Neste momento vemos os estados nações prosperarem, e com o conhecimento sendo disseminado por meio dos livros - outrora era por meio de gravuras - precisaríamos de maior divulgação disso. A imprensa surge como a resposta para a massificação do conhecimento para aqueles que não o tinham.

A religião está no meio disso tudo. Fosse ela politeísta ou não, era fato que a mesma exercia papel fundamental na consecução das leis, costumes e na própria sociedade como um todo. O Estado da antiguidade é regido por figuras eleitas por Deus ou pelos Deuses. Seria um grande paradoxo disseminar grande conhecimento a populares, levando em conta que os mandos e desmandos das religiões, além dos seus extremismos causam numa pessoa letrada grande desconfiança. Logo, a idade média fora marcada pela manutenção da ignorância forçada à sociedade como um todo, de forma a manter o povo fiel e sob o comando da figura central eleita pela religião. As leis extremas tinham a pena de morte para aqueles que não as cumpriam, mesmo por razões absurdas. O Estado tinha o poder sobre a vida e a morte do cidadão. Os tributos incorriam sobre tudo e todos, centralizando a riqueza para os cofres públicos, repassando muito pouco ao cidadão comum, enriquecendo as monarquias e impérios daquele tempo. Ao manter a população pobre, o poder dos aristocratas, encoroados e afins era perpetuado por centenas de anos, numa sucessão sem fim.

Dando um salto na história, temos o último grande império, a nação estadounidense que por meio da democracia, igualdade, fraternidade - princípios da revolução francesa - com importância maior à liberdade, que impõe sua forma de governo às demais nações, muitas vezes por meio do conflito armado. As guerras do início e metade do século XX deram aos EUA o poder de mostrar ao mundo que sua forma de governo era a mais correta e justa. A figura de um estado nação não diferia tanto das anteriores na história, com a diferença básica que o Estado se tornava laico, e os líderes não eram mais eleitos por Deus e sim pelo povo. Os tributos e leis (por vezes com penas capitais) eram mantidos como meio de controlar os impulsos populares e revolucionários, que assolaram o mundo no vigésimo século. O comunismo, como forma de governo e vida em sociedade, em teoria, perfeita, era uma ameaça a um país tão centrado na livre iniciativa, no comercio forte e na liberdade irrestrita (todos termos contraditórios, mas latentes). O Estado americano moderno foi, antes de tudo, um Estado de guerra. Os conflitos bélicos, as invasões, as brigas político-comerciais etc., não retratavam uma nação evoluída. Era somente uma diferente forma centralizada de governo em busca de mais poder perante outras nações. Nem mesmo o comunismo trouxe qualquer inovação senão atraso economico e social. Por outro lado, a escola e a universidade trouxeram ao povo o conhecimento que lhes foram negados na idade média. O trabalho escravo fora abolido, e o trabalho remunerado trouxe benefícios ao pobre moderno. A mobilidade social era algo plausível, mas muito pouco aplicável. Era sim, possível, um homem pobre ficar rico e gerar riquezas para outros, contanto que raramente. Fora todo um processo de evolução. Voltemos então à pergunta inicial do texto e implementemos: No futuro, precisaremos mesmo de um governo? O que o cenário politicosocial nos reserva para o futuro?

Odeio previsões feitas sem base, as contradições são muitas. Contudo, baseado na história e na observação pura e simples de como a humanidade tem caminhado, posso dizer com grande certeza que não precisaremos mais de governos no futuro. O raciocínio é simples, ou seja, se estamos tendo mais acesso ao conhecimento e caminhamos cada vez mais para a igualdade por que iríamos ter conflitos? Para que teríamos fronteiras? Logo aqui matamos as figuras de exércitos e forças armadas como um todo. Se os mercados são livres, por que precisamos de diferentes moedas? Se todos cuidam do bem estar de todos, para que precisamos de tributos? É um paradoxo termos todos que pagarmos impostos para benefícios que não vemos na prática dar retorno algum. Aliás,qual serviço público, na prática, funciona bem? É fato que quando algo vai mal na administração pública, é privatizado. No fim, o setor privado cuida de tudo: Infraestrutura, comunicações, transportes, informação, produção, saúde, educação etc. Ora, para que preciso do governo? Ah sim, a segurança pública, a policia. O rigor e a aplicação das leis podem ser feitas pelo próprio cidadão. Muito embora sejamos corruptos, não teríamos mais necessidade de se-los caso fossemos iguais, economicamente e socialmente. Polícia? Quem precisa de polícia? Segurança privatizada também é uma opção. Funciona no sistema bancário, funciona nas empresas, logo por que não funcionaria para o cidadão? Por fim, percebe-se que, cada vez mais, a figura de um governo executivo cai por terra, à medida que o conjunto de serviços oferecidos pelo mesmo, quase todos débeis e pouco funcionais, serão oferecidos pelo setor privado a preços mais baixos forçados pela livre concorrencia. Prefiro saber aquilo que estou pagando do que pagar tributos que não sei para onde vão.

Isso dará, em pouco tempo, margem para cada vez menos corrupção. Os governos são criadouros de corruptos, gente que emperra a máquina pública e fere os interesses da povo. O legislativo está repleto deles. O judiciário ainda pode ser mantido. Se faz necessário punir seres humanos que não se encaixem no quadro social e causem o mal ao seu semelhante. Muitas leis são frutos do bom senso: Não jogar lixo na rua, não dirigir erradamente, não matar, não agredir etc., tudo isto não deveria estar escrito. É fruto da evolução saber disto tudo sem precisar que o Estado te imponha o bom costume. Quando evoluirmos veremos que nosso semelhante é tão importante quanto nós mesmos, por isso quereremos seu bem estar. Nos dias de hoje a informação já é livre, o conhecimento é livre, porque não derrubarmos as fronteiras e os conceitos de nação no futuro? Não parece que isto vai acontecer? É inexorável. Um dia, poderá ser daqui a mil, cem mil anos, veremos que não mais precisaremos de governos, Estados, controles e burocracias em geral. Seremos evoluídos demais para nos prendermos a limites e regras estapafúrdias que os governos nos fazem engolir. Tudo que precisarmos, saúde, educação, bens de consumo, estradas, habitação etc., tudo será privado, comprável. O trabalho gerará a riqueza, a educação gerará o trabalho e tudo isso será reinvestido no bem estar de todos. É isso que prevejo, apesar de odiar previr coisas. A anarquia é o futuro.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Classismos e Tragédias

Nem toda a morte é trágica, nem toda tragédia tem morte em seu escopo. Sempre digo que basta estar vivo para morrer, e consequentemente a morte deve ser encarada como algo natural no decorrer da vida. Ainda temos muitos problemas em aceitar mortes prematuras, algo como um espelho que reflete o que seria de nossas vidas se tivéssemos morrido cedo demais. Nos ressentimos com a morte de estranhos pois não queremos isso para nós. Elegemos vilões, criamos teorias e somos manipulados infinamente rumo a revolta, justamente quando deveríamos, de fato, refletir.

A mídia está consternada com a morte de um menino de dezoito anos, filho de uma atriz famosa. Provavelmente devia ser um menino cheio de vida, com aspirações, saúde etc. Como pai, analiso e me consterno junto à mãe neste momento horroroso. Investimos tudo num filho, assistimos seu crescimento, renegamos parte de nossas vidas em prol da dele, e vemos nossa imagem naquele projeto de ser humano, o que nos dá ainda mais força para seguir. Perder esta vida é definitivamente perder parte da nossa, em que pese ainda respirarmos e continuarmos vivendo fisicamente, psicologicamente nos tornamos zumbis. Em tese, foi mais um adolescente para as estatísticas de mortes em vias públicas deste país, mas não é o que a mídia quer fazer parecer. Existe uma pressão para a distribuição de culpas e prisões sem que haja julgamento prévio daqueles que foram misteres na morte no rapaz. Teria sido mesmo uma tragédia? Ou uma consequencia natural de se praticar esportes radicais em vias públicas? Fico com a segunda opção.

Não posso crer que no meio de tudo isto a imprensa esqueça que, apesar das restrições de trânsito no local àquela hora, não se poderia, em hipótese alguma, praticar o skate por alí. É um túnel sem áreas de escape, mal iluminado, e em descida. O que ocorreu foi um acidente, não foi um assassinato, não foi doloso, foi a comprovação do risco que se corre ao se desafiar o perigo, assim como um paraquedista, um alpinista ou um piloto de fórmula um sofrem. Quero, portanto, desmistificar o papel da mídia no noticiamento de um acidente, e de como a mesma tende a julgar, sem se preocupar com a imparcialidade dos fatos.

É fato que dias antes da morte deste rapaz, um outro menino, mais novo, de nove anos,havia sido morto numa escola pública carioca por meio de uma bala perdida disparada por policiais em conflito com traficantes. Este menino era filho da camada mais pobre da sociedade, possivelmente iria enriquecer o ciclo da pobreza que assola este país, onde a mobilidade social é coisa para inglês ver. Nasceu pobre, e morreu pobre. Este menino e sua morte estúpida não teve nem dois dias de cobertura e apuração dos fatos pela imprensa. Quando um pobre morre, deixem que a polícia cuide. O filho da atriz era um membro da elite carioca, morava num bairro nobre. O menino favelado não estava numa aventura perigosa numa madrugada "zoando" com a galera. Estava numa escola, estudando, lutando para sair daquela vida difícil, com recursos escassos. Está aí a minha definição de fatalidade, de tragédia. Um alvejar de projétil numa sala de aula de uma escola numa favela num menino em plena atividade escolar, sendo que ninguém reconhece, ou quer reconhecer o autor do disparo.

Ora, mas a quem a imprensa deu mais cobertura? Obviamente para o menino pródigo da classe mais abastada. Eles fazem dossiês, buscam provas, câmeras, documentos, testemunhas...pasmem a imprensa está fazendo o papel da promotoria neste caso! Quanto ao menino da favela, deixem a justiça se encarregar, é o que dizem. São dois pesos e duas medidas. Eram duas vidas importantes, duas jóias que estavam separadas somente por suas classes sociais. Infelizmente a sociedade não os vê como semelhantes, não é preparada para ter opinião, é manipulada. Ninguém quer discernir a tragédia do acidente, o bandido do contraventor, o culpado do criminoso. Somente diferem o rico do pobre, o preto do branco. Somos obtusos demais, refletimos pouco. Que ambos descansem em paz!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O Insone Adormeceu.

O controle remoto estava com as pilhas fracas, precisava de dois ou mais toques no seletor de canais para que houvesse mudanças. Meu whisky estava quente, o gelo há muito havia derretido, já houvera sido assim anteriormente. Era o mesmo filme, o enredo era igual. Era em preto e branco aquele romance estúpido da década de quarenta, aquela coisa pósguerra fabricada, sem muito efeito nos dias de hoje para essa geração marrenta e decompromissada. A minha poltrona estava quente demais, não achava uma posição ideal, e me deitei solenemente, fechando os olhos por um momento. Ali compenetrei-me nas distâncias intagíveis, nas realidades intocáveis...vou buscar mais gelo.

Aquilo não era só mais uma madrugada, era diferente. Estava tão silenciosa aquela noite, ouvia meu coração palpitar suavemente pela minha jugular no pescoço ao me deitar sobre o travesseiro gasto e duro da poltrona. Me encanta ouvir o corpo funcionar, a máquina divina perfeita é notável, seu mecanismo intrincado faria qualquer engenheiro surtar ao tentar reproduzi-la. Como grande hipócrita que sou, fui buscar mais um whisky, de modo a açoitar minha "máquina" e diminuir, quem sabe, os batimentos. Mudei o canal de novo, caí naquele mais popular. Me deparo com um homem de mais de cinquenta anos, falando como um menino de vinte, entretendo pessoas de dezoito. Ele fazia entrevistas vazias com pseudos ícones nacionais, talvez o meu estado de embriaguez elevado me tenha feito tolerar aquilo por uns vinte minutos. Cansei no exato momento em que ele disse: - Fala, garoto! Pensei: - Tchau, coroa!

O controle estava funcionando de novo, nunca entenderei de eletrônica, mas algo me diz que se você sopra uma pilha ela volta a funcionar. Deve ser superstição, sei lá. Bem, ele parou de novo, num programa Evangélico. Era só o que me faltava, mas vamos ver. Um homem, de terno e gravata, fechando os olhos e orando fervorosamente. Ele se dirige a mim como se eu fosse o único assistindo TV àquela hora. Talvez fosse. Nas palavras dele, o "inimigo" atrapalhava minha vida, me fazia ser um pervertido, me fazia beber, me fazia fumar, me fazia ter insônia...ora, por que ele não me matava logo? Ah, sim. Ele não tem poder para isso. Entretanto ele me pede para por um copo em cima da TV. Vocês acham que iria fazer isso em cima de uma finíssima e caríssima LCD? Olhei fixamente para o pastor e pensei: - Meu "inimigo" é você, meu prezado engravatado/pseudoreligioso/lavador de dinheiro. Meu mundo seria melhor se pessoas como você desparecessem!

Entre um gole ou outro de whisky, meu controle funcionava erraticamente, e eu parecia um louco zapeando de canal em canal, a procura de algo que não estava lá. Fechei meus olhos de novo. Uma imagem não se apagava da minha cabeça, algo que nem o álcool e nem os torpes programas de televisão ajudavam a apagar. Não era de se negar, eu estava em outro lugar, não estava alí. Aquela poltrona, aquele controle, aquele whisky...era tudo miragem. Olho ao meu redor e não vejo nada. Vejo um completo vazio, uma redoma repleta de objetos e coisas, sem nada quente e vívido. Nunca valorizei coisas, mas fui mestre em valorizar o que não se devia. Era isso, era a autocrítica. Precisava me autoflagelar naquele momento para entender que de nada me adiantava ficar pensando, divagando sobre questões fúteis na vida. Era momento de agir, de reconstruir aquilo que já tinha feito na base. Era o fim do meu auspício, do remorso, da choradeira juvenil e da tristeza de ter passado um ano desejando uma fraude. Já era hora de trazer de volta o homem, o ardil ser que teve culhão de revolucionar sua vida e voltar são e salvo pra contar as estórias. Lavei meu rosto insistentemente, molhei os cabelos, tomei um belo copo de leite e adormeci, nos braços de Orfeu (antes que alguém me chame de viado, vão olhar na Wikipédia).

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Assasinatos Brutais, Crimes Comportamentais.

Estranha esta explosão de atos violentos contra a mulher registrada nos últimos meses pelos meios de comunicação, não? Pessoas famosas e anônimas cometendo todo tipo de atrocidade contra suas mulheres, num misto de perversão e violência gratuita. Para um bom observador, estes atos parecem ter o mesmo tipo motivação: reatar relações desfeitas. Homens fracos, de baixa auto estima são impelidos por suas parceiras a terminarem seus relacionamentos, e não "entedem a mensagem", explodindo em doses letais de raiva e transgressões, ultrapssando o limite da agressão, assasinando o objeto de sua fúria.

O homem, por si só, é uma criatura mais violenta por natureza, costuma resolver muitas das suas diferenças por meio dela, mas com o passar dos tempos isso diminuiu. Não que sua testosterona de macho tenha ficado branda, ou tenha diminuído. Nossas mentes passaram a ter maior autocontrole, o que nos possibilita dialogar, discutir, quando não punir de outras formas, situações que, basicamente, seríamos violentos. As mulheres têm mais o dom da palavra, da imposição por meio dela, e resolvem suas diferenças assim, quase sempre sem serem violentas. Isso ajuda muito a entender, portanto, a mente de um homem assassino passional, e sua motivação para chegar a este ponto.

Gosto muito de citar o passado, pois a história pode explicar tudo sobre nosso presente, bastando que a entendamos a fundo. Não precisa ser nenhum historiador para saber que as mulheres percorreram um grande caminho até os dias de hoje, e movimentos como o feminista conquistaram para elas um vasto mundo de possibilidades que não tinham no passado. Oportunidades de trabalho, cargos de alto escalão, participação ativa na sociedade, na política e nos esportes. Tudo isso é muito bom, e dá possibilidades pra que sejamos ainda mais iguais no futuro, e toda aquela baboseria que vocês já sabem. Entretanto, faltou falar para alguns homens, de clase média e instruídos, que isso vem ocorrendo nos últimos quarenta anos com extrema velocidade.

Alguns desavisados vem querendo levar seus relacionamentos com o sexo oposto como era anteriormente, nos tempos de nossos avós e pais. As mulheres daquele tempo davam graças a Deus por terem maridos, pretendentes, seja lá o que forem. Isto ocorria porque não havia muitas perspectivas para as mesmas, a não ser casar e viver à sombra de seu homem. Era uma sociedade machista aquela, diferente da atual. Em algumas sociedades, as mulheres não votavam, não podiam andar sozinhas nas ruas, não trabalhavam, e as que o faziam, eram mal vistas. Era algo ruim, mas era arraigado na sociedade, e ninguém questionava. Os homens, por sua vez, numa zona de conforto impressionante, se sentiam livres para serem aquilo que ainda são em suas cabeças: se relacionavam com outras mulheres, chegavam a hora que bem entendiam em casa, pouco ligavam para os filhos e só faziam seus papéis de provedores, na acepção da palavra. Qualquer mulher que questionasse isso fatalmente era agredida, ou poderia sofrer o risco de perder o marido, sem qualquer direitos, e tudo isso era normal. Em algumas sociedades era permitido o assassinato da mulher, por meio de apedrejamento (e em algumas ainda o é), caso a mulher não correspondesse às necesidades do marido. Enfim, era a falocentria em escala, um mundo desigual pra cacete.

Dando um salto na história, a década de sessenta e setenta deram à mulher a voz que tanto necessitava. Era um período mais liberal, o mundo estava aberto a novas teorias, especialmente pela comoção causada pelo fim da Segunda Guerra, na década de quarenta. As pessoas que nasceram neste período, tornaram-se jovens idealistas nos vinte anos seguintes, e cresceram ouvindo sobre a podridão da sociedade em guerra. Os Baby Boomers, como são chamados os nascidos logo após a guerra, foram precurssores de movimentos de igualdade, que eram as vozes daqueles que eram marginalizados pela sociedade, e tinham direitos restritos. Por meio deles, o movimento feminista cresceu e as mulheres hoje são o que são.

Voltando aos atos de violência, compreendo que atualmente temos uma geração producente de mulheres independentes, que não tem no homem o alicerce para nada em suas vidas. Elas estudaram, experimentaram e hoje procuram nos homens um parceiro, um complemento para suas vidas, e não somente um meio de sustento. Homens retrógados "pastam" para compreender isso, e não entendem as posições femininas atuais sobre relacionamentos. A idéia do homem com o rabo sentado no sofá enquanto a mulher se mata para manter uma casa limpa e integra morreu quase que por completo. Pais que, só proviam, também estão com o dias contados, e os homens terão de ser mais participativos. Os namoros onde o homem tem a prerrogativa de tudo no relacionamento, e as mulheres são meros instrumentos de prazer estão também em extinção. Elas batem o pé pelo que querem, mesmo se tiverem que passar por cima de tudo e todos. É um rolo compressor, que a cada cinco dias do mês, fica complicado parar. Está tudo igual, a opinião dos dois conta, por vezes somente a dela, a submissão deu lugar à cumplicidade, e não obstante isso, homens podem sim ser, por vezes, emasculados por uma mulher. Isso significa ter que deixarmos nossos instintos de macho de lado, e sermos um pouco sensíveis e darmos preferência a elas em situações que exigem tal coisa.

A grande questão é saber também se, as mulheres como um todo, estão sabendo lidar com essa nova independência. Muitas não estão, em minha opinião. Estamos criando uma geração de mulheres um tanto arrogantes, cheias de si, que detêm pouco ou nenhum respeito pelos homens. É um momento conturbado, existem homens que não entendem a nova horda de mulheres descoladas atuais, e há montes de mulheres que não estão sabendo lidar com tantos poderes a elas dados pela sociedade. Aí está a minha explicação para estes atos violentos de ex companheiros a ex mulheres, que estão ocorrendo seguidamente, com grande cobertura midiática. Está na natureza do homem errar muito nos relacionamentos, somos imperfeitos demais. O que ocorre é que as mulheres não estão tolerando mais estes erros, e como não dependem dos homens, mandam o famoso "pé na bunda" quando bem entendem. O homem, perdido por não entender aquela reação antes masculina, acaba por se sentir acuado, diminuído. Sendo o cara um ser de baixa autoestima, um capachão, temos um perigo potencial. Estes costumam explodir de violencia quando levados ao limite, exatamente no momento em que a mulher diminui aquela altivez masculina, aquela nossa possessividade pela fêmea. Logo, nossos instintos mais primitivos afloram, e para recuperar nossa masculinidade, explodimos contra esse ser mais fraco, de modo a ter o comando da relação de volta. Isso não ocorre, no fim acaba mal para o agressor, e a mulher sai fortalecida, quando sobrevive, é claro. É uma solução estúpida.

Entendo que seja um período de adaptação. Houve uma masculinização da mulher e uma femininização do homem, isso tudo causou confusão demais para quem estava no meio de tudo isso. É flagrante que os padrões comportamentais mudaram um pouco demais, e com o tempo, assim como em qualquer paradigma, as coisas se ajustam. Logo veremos movimentos de mulheres que querem ser um pouco mais submissas, e de homens que querem rebuscar parte de sua masculinidade perdida no fim do século XX. Há coisas positivas nisso tudo, vemos mulheres mais liberadas sexualmente, menos travadas, que transam sem amor, só por tesão. Mulheres que pagam suas contas e te pagam um programa legal a dois, te fazendo sentir-se um Gigolô. Pelo lado do homem, o cavalheirismo não é mais obrigatório, ou seja, se tiver mulher em pé no ônibus, nenhum homem cederá seu lugar. Abrir a porta do carro está fora de cogitação etc. Peraí, será que isso é bom mesmo? Será que queremos isso? Não, né? Ainda vamos ter que passar por alguns ajustes então, perdoem-me pela ironia. Enquanto isso, como mero observador, acho que ainda verei alguns casos de crimes hediondos contra mulheres nos noticiários, infelizmente. Assim como em qualquer conquista na sociedade, precisaram-se de muitas mortes para que a mesma se estabilizasse, e melhorasse como um todo. Cabe ao homem ter controle de seus instintos e à mulher respeitar aquele ser mais explosivo que ela. Respeitar não é ser submissa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Abaixo O Amor!

Escrever sem inspiração é terrível. Quando sua vida se encontra num marasmo onde nada de excitante ou diferente ocorre, o cérebro entra num estado meio que de zumbi, nada de bom ou criativo brota dali. É fato que o lirismo surge da paixão, o romancismo da imaginação e as narrativas das aventuras vividas e que nenhuma destas três está rolando neste exato momento na minha vida.

Devo ressaltar, entretanto, que a paixão foi razão de muitas das preciosas palavras de cunho lírico que tanto escrevi por aqui, mas por alguma razão sobre a qual não sei explicar fiquei racional demais. É, aconteceu aquilo que menos desejava, criei um calo emocional, petrifiquei sentimentos e me tornei um cara insensível aos acontecimentos e pessoas. Vou me afastando pouco a pouco do meu caráter companheiro e das minhas tendências de coração aberto, cara legal e terno, e me tornando muito mais prático e pragmático. Alguns já perceberam isso e me atentaram para este perigo. Eu dei de ombros.

Como disse antes, da razão eu não faço idéia, mas posso palpitar. Um homem que se entrega a qualquer coisa que pede seu coração, por experiência própria, pode se abismar com os resultados catastróficos que isso pode causar. Ao amar demais, o corpo se protege, como a evitar a piora de uma doença, pede repouso, um atraso naquela impulsividade do querer e se volta para uma bem vinda auto reflexão. A partir daí, a razão vai pedindo passagem. Aquele que atende os anseios de seu coração, como um pai a mimar seu filho, está fadado a ser um potencial insensível mais pra frente. Era um caso urgente eu ter ouvido minha consciência, quem não pensa age errado.

Ir contra seus próprios instintos pode ser burrice, ou até mesmo natural da condição humana. Um cara audaz, como eu, quer arriscar, quer participar agora pra não se arrepender depois. Tal comportamento dá muita margem ao fracasso. Não, não me acho burro, apesar de muitos acharem. Só adquiri agora uma concha, um invólucro, para evitar maiores ataques dos meus desejos, das minhas febris vontades de querer simplesmente ser livre. Liberdade custa caro, não sei se posso pagar este preço. Existem vários tipos de liberdades tolhidas, e vários presos por aí que nunca apodreceram em cadeia nenhuma nesta vida. São prisioneiros de seus sentimentos e desejos, criaturas dignas de pena. A solução pra isso é de cada um, uns procuram a religião, consumo, hobbies, drogas, sexo sem sentido, alguns saem, extravasam em locais públicos etc. São diversas válvulas de escape, espero não precisar de nenhuma delas, apesar de achar que já andei flertando com algumas.

Eu estou sem inspiração demais, está ficando muito chato viver desta forma. Mas é assim mesmo, não serei o único e nem último a passar por isso. O que fazer? Vou viajar. Isso aí, vou pegar um avião e encontrar a minha dama com flores nos cabelos, como na música Going To California, do Led Zeppelin. Não vou pra California, mas a Europa me parece bom. Vou tentar transformar os próximos trinta anos numa eterna Disneylândia. Não é para isso que trabalhamos?

Enfim, há gente que é merecedora de dedicação e carinho de sua parte, basta encontra-los. No entanto, alguns que não merecem temos que tolerar. Petrificação é uma saída interessante, é bom se defender sendo insensível, guardando pra si o que tem de melhor, ao invés de divulgar pra quem não merece, ou melhor, não sabe o que fazer com isso. Aliás, não sabe nem corresponder reciprocamente. Querem saber? Acho que estou escrevendo nonsenses demais. Está ficando muito sentimental isso aqui, melhor parar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pitacos Sobre A Publicidade.

Tenho um grande amigo publicitário e, vez por outra, num boteco desses, discutimos alguns temas como propaganda e anúncios em geral. Sempre o proponho perguntas malucas sobre este mundo engraçado do Marketing, onde a idéia é vender, é claro, mas nem sempre realçando o produto a ser vendido. Por vezes não entendo se a idéia é somente vender a coisa ou propor um objetivo acima disso, como uma determinação de comportamentos ou estilos. Algo como uma lavagem cerebral nos moldes do filme Laranja Mecânica, como meio de convencer as pessoas.

No Brasil temos um padrão de anúncios focados na alegria, no Joie de Vivre, na alegria sultânica dum cara cercado por mulheres e festas. Começando pela cerveja, algo não parece certo. Com exceção a uma propaganda atual, que valoriza os "feinhos" que absorvem deste néctar diariamente, o restante das empresas focam num perfil mais belo dos bebedores de cerveja, algo que não condiz com a figura de quem bebe muito. Vejo aquelas belas deusas, de curvas estonteantes e manés bombadões tomando cerveja, flertando com o alcolismo, rindo, sob música alta e sol escaldante.

Complicado dizer, mas até onde sei, um dos segredos da boa forma é não tomar cerveja e derivados do alcool, visto que qualquer dieta saudável vai por agua abaixo com esta bomba calórica. Misturar cerveja com petiscos então, nem se fala. É mais fácil alimentar elefantes a ovos e toucinho. Vamos ser realistas, se queremos vender cerveja, vamos vender a quem está pouco se lixando para a forma física, que vive alheio a este tipo de preocupação. "Ratos e ratas" de academia pouco tomam cerveja e alcool. Usem estes modelos em propagandas de suplementos protéicos, ou coisa que os valham.

Não é fácil assitir a isso sem pensar como deveria ser na realidade. Realizem só, quatro caras "cheinhos", tomando a sua cervejinha, acompanhados de uma porçãozinha de batatas fritas, recebendo ligações a cada hora em seus celulares das patroas em casa esperando para que os mesmos chegassem em casa para massagear seus grandes, gordos e mau cheirosos pés rachados. Isso sim, representa um cervejeiro!

Vamos a outro aborto marqueteiro que se propaga nas mídias por aí, anúncio de celulares. É fato que o sistema de telecomunicações brasileiro é um dos mais defasados e caros do mundo. Ter celular com conta aqui é privilégio de poucos, a maioria usa o famigerado crédito mesmo. Além disso, não existe banda larga neste país, sabiam? Sim, é propaganda enganosa. Não vou entrar em termos técnicos. Vão pesquisar! Mas posso adiantar que, aqui, banda larga nada mais é que um bloco de carnaval de gordinhos, e olhe lá.

Voltando aos celulares, é terrível ver tantas, mas tantas propagandas deste produto. Muitas nada têm a ver com o mesmo, pois parecem já ter se esgotado criativamente. Aquela clássica do garotão descolado mandando torpedos pro raio que o parta já se esgotou. O homem de negócios, com seu Smartphone, vendo cotações da bolsa de Tóquio no overnight também já era. A menina Indie (praga atual) usando seus créditos, toda pimpona, comunicando a todos seus amigos a tentativa de salvar a natureza também foi pelo ralo. O que resta? Colocar bolinhas flutuando no ar ao som de All You Need Is Love, dos Beatles, clássico das propagandas medíocres juntamente com Imagine, de John Lennon e no fim, mas no finzinho mesmo, o cara mostra a porra do celular. Concluíndo a basbaque, só nos resta o jogador de futebol fazendo estripulias e querendo me empurrar um planinho medíocre goela a baixo. É infame demais, mostrem só o produto e os gadgets que o mesmo tem. Se é pra vender só o plano, larguem as letras miúdas, partam pra real logo, já que a idéia é foder você mesmo.

Seria fácil demais falar de propagandas de Lojas de Departamento, com aquela gritaria onde tudo sai por 49,90, inclusive um televisor de LCD de mil reais, onde as parcelas estão escondidas por meio da repetição do termo "sem entrada!". Vou dar meu tiro de misericórdia nos anúncios de automóveis então. Estes não têm como esconder, precisam vender o carro, e devem expô-lo o máximo para isso. Entretanto, minha crítica vai para os meios de pagamento absurdos que os cara bolam no financeiro. Veículo sem entrada, ou parcelas fixas, ou IPVA e Frete inclusos etc. Tudo isso é falácia. Ninguém leu as letrinhas pequenas, e nem eu. Mas como um economista de merda que sou (não, não fico contando os peidos dos outros, dispenso a piada), sei que isso significa juros altos demais, ou entrada de mais de 50% do valor do carro ou então baixo desconto à vista, respectivamente. Ou seja, não há almoço grátis, você vai ser fodido, só precisa saber em qual posição, de quatro ou de lado. Durante a redução de IPI, a coisa degringolou de vez. Nunca vi tanta gente sair com nariz de palhaço das lojas, depois de ver um "milagre" publicado num anúncio de montadora no jornal. É, no fim a gente ganha um tapete grátis e fica tudo numa boa.

Aprendi que propaganda é coisa séria, pode levar uma empresa à derrocada quando não é bem feita, inclusive a propaganda governamental no caso dos governos. Repito, não sei nada disso, nunca estudei publicidade, mas prevejo que eu e este amigo ficaremos ainda horas e horas de nossas conversas debatendo mais esta vertente da estupidez humana. Nós, meros telespectadores, nos reservamos somente ao direito de criticar, quando possível. Façam pior, achou a publicidade ruim, não compre. Pelo menos é o que eu faço.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Que Parada É Essa?

Sempre digo por aqui que não sou um homem muito ligado em televisão, assisto a poucos programas, acredito que a mesma padece de um substrato moral maior para merecer a atenção de alguém consciente e atento aos problemas do mundo. Isso é crítica pessoal, não a imponho a ninguém, só opino, nada mais. Entretanto, neste domingo resolvi assitir a programação dominical Global, e me deparei com uma reportagem de quase cinco minutos sobre a Parada Gay de São Paulo. Nada mais justo, pensei. A atração da sociedade atual com o estilo de vida gay anda cada dia mais fatal, engendrando até mesmo simpatias dentre aqueles que veem normalidade nisto. A virilidade está aos poucos se esvaindo, como fumaça, nos homens de hoje. Uma tal metrossexualidade afeta tanto o sexo feminino quanto o masculino, e dá a tônica dos atuais comportamentos estranhos destes gêneros.

A televisão, devo reconhecer, tem boa parte de culpa nisso. Expor demais a homossexualidade deixa a mesma ordinária, comum até, numa sociedade que sempre abominou esta escolha sexual. Já vou logo dizendo, quem me taxar de homofóbico pode até ter razão, mas entendo que com argumentos leves e bem colocados, posso amenizar isso. Começo dando uma alfinetada de leve a quem é conivente com o mundo GLS: Algum de vocês deseja ter um filho (a) gay? Ou melhor, anseia isso? É óbvio que não. Logo, se a heterossexualidade é o desejo dos pais para seus filhos, porque então a sociedade permite que haja, cada vez mais, ganho de "terreno' da cultura gay nos meios de comunicação? É uma contradição, mas é fácil entender. Quem hoje em dia tem coragem de bater de frente contra o movimento gay? Claro que isso é relevante, afinal gays votam e gays compram, ou seja, o sistema achou um meio de absorvê-los e ganhar com eles. Logo, quem se demonstrar contra, apesar de não querer isso pra si, é logo visto como um parea na sociedade.

Que efeito isso tem nas pessoas como um todo? É complicado dizer, mas tornar a homossexualidade comum é meio que condenar uma geração de homens e mulheres que se orgulhavam de seus gêneros. Ter orgulho de ser homem passa a ser um traço de machismo (estranhamente mal visto hoje em dia) e ter orgulho ser mulher passa a ser sinal de submissão. Todos acabam se enviesando para a liberação total da mistura de gêneros como meio de fugir desses "adjetivos" acima, sendo melhores aceitos no meio social em que vivem. As mulheres querem homens mais femininos, e homens acabam por aceitar mulheres masculinizadas. Virou uma confusão sem fim. O que muitos não sabem é que o padrão do macho está sumindo. Alguns babacas correlacionam macho com homem violento, insensível. Não é isso. Na verdade, ser macho é ser altivo, orgulhoso, forte nas situações difíceis da vida, direto nas palavras, não se esquivar dos problemas. Em poucas palavras, ser corajoso. A sociedade americana soube cultuar seus machos, especialmente no cinema com exemplos como Clint Eastwood, Charles Bronson, Steve McQueen etc. Esses caras encarnavam o homem honesto, que não se vendia, que cuidava das suas mulheres. Está faltando exemplos assim no Brasil, e um menino precisa de símbolos como estes para crescer com força de caráter.

Para a mulher a coisa fica mais feia ainda. Quantas vezes me deparo com situações onde o gay diminui a mulher, a humilha por terem seus corpos com mais curvas que o homem, transformam-as em caveiras ambulantes. Machos gostam de mulheres de verdade, que têm curvas acentuadas. Gays fazem as mulheres reconsiderarem todos os padrões de beleza, criando roupas esdruxulas, que não caberiam nem em um alfinete para elas. Querem ditar estilo, querem fazê-las escravas da beleza inquieta, prejudicial à personalidade. Se tornam pessoas deprimidas e azedas por nunca chegarem neste padrão, e nós homens é que sofremos. Uma outra consequência é o alto padrão que eles estabelecem tanto na beleza masculina quanto na feminina, tornando as relações mais focadas na aparência do que em outras coisas mais nobres.

Após pensar nisso tudo, dei uma olhada melhor na Parada deles, e percebi uma série de quebras de conduta que a sociedade, em tese, não aceita, mas que para eles há uma "quebra de galho". Roupas mínimas, demonstrações exageradas de sexo e badernas são as consequencias desta Parada que a sociedade e as autoridades ignoram, visto o grau de importância que os gays atingiram atualmente. A pergunta persiste: Qual político será contra? Qual empresa não patrocinará? Qual louco irá expor sua opinião e ter o risco de ser preso por homofobia? Ninguém, é um fato que estamos engolindo à seco, e só nos restará nos agarrar aos nossos próprios princípios para evitar que o homossexualismo seja padrão, ao invés de uma exceção. É por aí que a sociedade deve começar a encarar esta questão, ou seja, não é normal. Não deve ser exaltado, mostrado e sim escondido, mantido entre quatro paredes. Porra de mania que o gay tem de expor sua sexualidade aos quatro cantos do mundo. O homossexualismo não é crime, mas não é natural, por mais que queiram torná-lo assim. A sociedade precisa se mover, porque quando o beijo gay e as cenas de sexo de mesma natureza chegarem ao horário nobre e sair do underground é o começo do fim da espinha dorsal da sociedade. Um mundo afetado é tudo aquilo que eles querem, mas é isso que nós queremos? Queremos nossos filhos usando maquiagem? Queremos nossas filhas escravas da moda? É o caminho mais curto para a infelicidade deles.

Eu já tenho a minha sugestão: Criar a Parada dos Machos Remanescentes. Caras como eu que curtem um bom Whisky, mulheres curvilíneas, revistas pornô, um churrasco com carnes sangrando, um bom jogo de futebol ou um motor cheio de graxa. Nada melhor pra combater a frescura com o seu completo oposto. Eu apoio um mundo onde mulheres são mulheres e os homens são homens. Pela nossa Parada, já!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sobre A Vaidade Feminina

Minha avó, já falecida, sempre dizia querer ter nascido homem. Era a voz de uma mulher que havia vivido num período difícil, num local estranho à felicidade feminina. Há setenta e tantos anos atrás, não havia muito do que se regozijar ao se descobrir fêmea. Pulando décadas no tempo, para não perder o objetivo do texto, a mulherada conquistou tudo, a torto e direito, e hoje é notável o orgulho que elas ostentam na sociedade, ao se demonstrarem altivas em muitas situações onde, antigamente, se esconderiam ou se absteriam de dar a cara pra "bater".

O objeto desta missiva é a vaidade feminina. Roupas, cabelos, unhas, sapatos, perfumes, lingeries, maquiagem, cintas etc. Para algumas mulheres pode ser motivo de riso, mas para a maioria são itens importantes para que, ao menos, possam por pés para fora de casa. Sou um mero trabalhador do centro da minha cidade, e lá trabalham muitas, mas muitas mulheres. Muitos homens podem somente admirar dotes, ou protuberâncias, mas alguns, como eu, olham além. Observo e me antento ao fato de muitas virem ao trabalho de salto alto. Eu não sou nenhum conhecedor de moda, na verdade a ignoro veementemente, entretanto não posso deixar de sentir pena por aquelas doces criaturas. São distâncias grandes a serem percorridas à pé para se andar por aí de salto. Será que compensa ter dores lancinantes nas articulações e coluna para se andar sempre "empinada"? É complicado dizer, mas acredito haver situações mais condizentes com o uso desta peça de vestuário tais como festas, saídas a restaurantes, teatros, cinema e até mesmo para dançar. Mas ao trabalho não se deveria usar algo mais confortável?

É fato que as mulheres do passado também foram escravas desta vaidade. Há séculos as mulheres, de alguma forma, sofrem para exibir o que têm de melhor, e os homens sofrem para não passar do limite sociável com as mesmas. No século XVIII era comum as moças da alta sociedade usarem cintas apertadíssimas para moldar suas cinturas. Sabe-se que esta prática era tão nociva, que em casos agudos realocava os orgãos da porção inferior do tronco, e os esmagava para a região intestinal, causando desconforto e dores terríveis. Perucas também eram parte da indumentária do período, mais pelo fato de os cabelos das pessoas à época não terem a mesma saúde das pessoas de hoje, ou seja, eram cabelos falhos e mau cheirosos. Ainda neste período surgiu a figura do Marquês de Sade, que submetia suas mulheres a uma miríade de torturas e pequenas atrocidades em prol da sua sexualidade, dentre elas o uso de roupas e acessórios que causavam dor para elas, e prazer para ambos. Freud explica! Ou não.

Com o tempo, novas torturas para melhorar a aparência surgiram, e nos remetem aos dias de hoje novamente. Além do salto, quero pontuar algumas outras peças do vestuário, que atiçam os machos, mas que devem ser terríveis para quem usa. Quero pontuar sobre o aperto das calças. Vivemos num país onde, felizmente para mim, as mulheres têm proporções "Boterísticas", não que sejam gordas e sim portentosas. Diferentemente do físico das francesas, por exemplo, que esbanjam magreza excessiva, as brasileiras são sensualmente generosas nos quadris e coxas. Eu pergunto, é possível que uma mulher consiga conforto em suas partes íntimas e liberdade de movimentos usando um jeans apertadíssimo, ou melhor, dois números abaixo do correto, para ela, além de estar de salto? Pois bem, o centro da minha cidade está abarrotado de mulheres em calças apertadas e saltos altos. Será que elas trabalham felizes e confortavelmente? Duvido muito. O pior é que para usar uma calça tão apertada, precisam usar calcinhas menores ainda, pois é uma gafe modística que as mesmas fiquem marcando na calça como "calçolas" da vovó. Ou seja, é o sonho de qualquer Ginecologista, e um alento à indústria farmacêutica que produz antifungicidas íntimos. Não se esqueçam que nosso país é quente demais, quase equatorial. É só juntar um fato no outro, e concordarão com a idéia.

A ditadura da beleza, no Brasil, é algo irrascível, ainda mais numa cidade litorânea como a nossa, onde os atributos de beleza são de longe mais valorizados que coisas mais importantes num ser humano. É natural. Entretanto, não se deve jamais se perder a ótica crítica mediante a uma situação onde se perecebe o sofrimento humano em prol de algo vazio, inócuo. A pergunta que não quer calar é: esta mulher vaidosa quer seduzir? Ou melhor, seduzir quem? Na minha modesta opinião, ninguém. É muita inocência do homem acreditar que aquela mulher está ali, linda, cheirosa, curvilínea para o deleite do seus olhos. Não está. Experimente assediar uma estranha na rua baseado nas roupinhas dela. É mão na cara, com certeza. Na verdade, é como uma competição, ela está assim para "peitar", literalmente, a mulherada em geral. Ela quer se destacar perante as suas "concorrentes". Até mesmo a atenção masculina é objeto de disputa, e aquela mulher que é mais assediada, por assim dizer, é normalmente a mais odiada pelas outras. A ciência explica. Mulheres, apesar de não terem mais hormônios masculinos que os homens, obviamente, são mais chegadas num conflito pacífico, daqueles que não rola disputa física (por vezes pode ocorrer, sim), mas a coisa toda ocorre nas entrelinhas, nos detalhes, onde homens preocupados demais com o sexo tendem a ignorar. Até mesmo porque nós somos um gênero mais unido, respeitamos mais nosso semelhante congênere. Elas gostam de guerras silenciosas, mas acredito serem mais cruéis em seus jogos.

É, portanto, algo natural que mulheres de um país como o nosso, rodeado por beleza corporal tão latente, exibam este atributo, a beleza, como seu maior instrumento de destaque dentre suas rivais. A indústria sabe disso e trabalha por elas, quase nada neste meio é feito para homens. O Brasil goza de uma clima perfeito para que as mulheres usem as roupas que desejarem, e que não se escondam atrás de casacos e guarda chuvas, como tanto pude presenciar em países da Europa, frios e nublados. Neste interim, as fêmeas se degladeiam como podem. Sofrem, é verdade, mas para nosso deleite, expõe aquilo que deveriam esconder, aquilo que têm de mais íntimo. Sofrem em momentos que deveriam prezar a concentração, a boa produtividade. Se deprimem, quando não atingem seu ideal de Vênus, comem para suprir esta lacuna. Se deprimem, novamente, por estarem fora de forma. Veem as atrizes da televisão, igualmente exageradamente belas, não se acham tão belas assim e se deprimem de novo. Descontam em mais chocolates, fazem academia, mostram mais as curvas, elevam mais o salto, põem uma cinta mais apertada, exageram na maquilagem, dizem não querer filhos, eles engordam (MEU DEUS!). Ganham calos nos pés, vão no podólogo, ganham rugas, usam botox, fazem Lipoaspiração, usam biquinis menores, ficam assadas nas pernas, se depilam, usam creme antiacne, antirugas, antihomens, antitudo. Viram bissexuais, ouvem Ana Carolina, Simone, ficam amigas de um homem gay, eles as derrubam - não sabem? - Eles sonham que os machos virem putos tornando as mulheres mais feias. Voltam a ficar hetero, caem na balada, transam com um estranho, voltam pra casa, se resignam e envelhecem sem traço qualquer de dignidade. É a conta da vaidade que o tempo cobra...

E não é que minha avó tinha razão? Ainda bem que nasci homem! Só me preocupo se meu time vai ganhar ou se meu carro tem arranhões.