quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pitacos Sobre A Publicidade.

Tenho um grande amigo publicitário e, vez por outra, num boteco desses, discutimos alguns temas como propaganda e anúncios em geral. Sempre o proponho perguntas malucas sobre este mundo engraçado do Marketing, onde a idéia é vender, é claro, mas nem sempre realçando o produto a ser vendido. Por vezes não entendo se a idéia é somente vender a coisa ou propor um objetivo acima disso, como uma determinação de comportamentos ou estilos. Algo como uma lavagem cerebral nos moldes do filme Laranja Mecânica, como meio de convencer as pessoas.

No Brasil temos um padrão de anúncios focados na alegria, no Joie de Vivre, na alegria sultânica dum cara cercado por mulheres e festas. Começando pela cerveja, algo não parece certo. Com exceção a uma propaganda atual, que valoriza os "feinhos" que absorvem deste néctar diariamente, o restante das empresas focam num perfil mais belo dos bebedores de cerveja, algo que não condiz com a figura de quem bebe muito. Vejo aquelas belas deusas, de curvas estonteantes e manés bombadões tomando cerveja, flertando com o alcolismo, rindo, sob música alta e sol escaldante.

Complicado dizer, mas até onde sei, um dos segredos da boa forma é não tomar cerveja e derivados do alcool, visto que qualquer dieta saudável vai por agua abaixo com esta bomba calórica. Misturar cerveja com petiscos então, nem se fala. É mais fácil alimentar elefantes a ovos e toucinho. Vamos ser realistas, se queremos vender cerveja, vamos vender a quem está pouco se lixando para a forma física, que vive alheio a este tipo de preocupação. "Ratos e ratas" de academia pouco tomam cerveja e alcool. Usem estes modelos em propagandas de suplementos protéicos, ou coisa que os valham.

Não é fácil assitir a isso sem pensar como deveria ser na realidade. Realizem só, quatro caras "cheinhos", tomando a sua cervejinha, acompanhados de uma porçãozinha de batatas fritas, recebendo ligações a cada hora em seus celulares das patroas em casa esperando para que os mesmos chegassem em casa para massagear seus grandes, gordos e mau cheirosos pés rachados. Isso sim, representa um cervejeiro!

Vamos a outro aborto marqueteiro que se propaga nas mídias por aí, anúncio de celulares. É fato que o sistema de telecomunicações brasileiro é um dos mais defasados e caros do mundo. Ter celular com conta aqui é privilégio de poucos, a maioria usa o famigerado crédito mesmo. Além disso, não existe banda larga neste país, sabiam? Sim, é propaganda enganosa. Não vou entrar em termos técnicos. Vão pesquisar! Mas posso adiantar que, aqui, banda larga nada mais é que um bloco de carnaval de gordinhos, e olhe lá.

Voltando aos celulares, é terrível ver tantas, mas tantas propagandas deste produto. Muitas nada têm a ver com o mesmo, pois parecem já ter se esgotado criativamente. Aquela clássica do garotão descolado mandando torpedos pro raio que o parta já se esgotou. O homem de negócios, com seu Smartphone, vendo cotações da bolsa de Tóquio no overnight também já era. A menina Indie (praga atual) usando seus créditos, toda pimpona, comunicando a todos seus amigos a tentativa de salvar a natureza também foi pelo ralo. O que resta? Colocar bolinhas flutuando no ar ao som de All You Need Is Love, dos Beatles, clássico das propagandas medíocres juntamente com Imagine, de John Lennon e no fim, mas no finzinho mesmo, o cara mostra a porra do celular. Concluíndo a basbaque, só nos resta o jogador de futebol fazendo estripulias e querendo me empurrar um planinho medíocre goela a baixo. É infame demais, mostrem só o produto e os gadgets que o mesmo tem. Se é pra vender só o plano, larguem as letras miúdas, partam pra real logo, já que a idéia é foder você mesmo.

Seria fácil demais falar de propagandas de Lojas de Departamento, com aquela gritaria onde tudo sai por 49,90, inclusive um televisor de LCD de mil reais, onde as parcelas estão escondidas por meio da repetição do termo "sem entrada!". Vou dar meu tiro de misericórdia nos anúncios de automóveis então. Estes não têm como esconder, precisam vender o carro, e devem expô-lo o máximo para isso. Entretanto, minha crítica vai para os meios de pagamento absurdos que os cara bolam no financeiro. Veículo sem entrada, ou parcelas fixas, ou IPVA e Frete inclusos etc. Tudo isso é falácia. Ninguém leu as letrinhas pequenas, e nem eu. Mas como um economista de merda que sou (não, não fico contando os peidos dos outros, dispenso a piada), sei que isso significa juros altos demais, ou entrada de mais de 50% do valor do carro ou então baixo desconto à vista, respectivamente. Ou seja, não há almoço grátis, você vai ser fodido, só precisa saber em qual posição, de quatro ou de lado. Durante a redução de IPI, a coisa degringolou de vez. Nunca vi tanta gente sair com nariz de palhaço das lojas, depois de ver um "milagre" publicado num anúncio de montadora no jornal. É, no fim a gente ganha um tapete grátis e fica tudo numa boa.

Aprendi que propaganda é coisa séria, pode levar uma empresa à derrocada quando não é bem feita, inclusive a propaganda governamental no caso dos governos. Repito, não sei nada disso, nunca estudei publicidade, mas prevejo que eu e este amigo ficaremos ainda horas e horas de nossas conversas debatendo mais esta vertente da estupidez humana. Nós, meros telespectadores, nos reservamos somente ao direito de criticar, quando possível. Façam pior, achou a publicidade ruim, não compre. Pelo menos é o que eu faço.

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