sábado, 11 de fevereiro de 2012

Frases Inócuas, Pessoas Ocas

Sempre tive muitas reservas com mitos e lendas criadas pelas pessoas, nos impondo a idolatria ou adoração forçada por certos personagens da história. Acho esta faceta do ser humano um porre, esta maneira quase que obtusa de não ter a visão macro das coisas, se entregando a acreditar em tudo que é difundido por aí no mundo eletronico e virtual.

Pois bem, fato é que estamos emburrecendo pouco a pouco com a difusão exagerada de idolos transitorios na midia como um todo, especialmente na internet. Parece que Warhol tinha razão, há quarenta e tantos anos atrás, quando dizia que no futuro, todos teriam quinze minutos de fama. Sempre existe um toque de mediocridade nas idolatrias divulgadas a fio, ou seja, os idolos são mediocres, e aqueles que repassam isso a outros, se tornam tanto quanto ou mais mediocre ainda. A coisa anda definhando a tal ponto que fica tão fácil para o Brasil ser o foco principal deste tipo de idolatria torta no mundo, visto que somos uma patria de ignorantes. Ou melhor, uma patria de ignorantes com mais dinheiro na mão, dado o estranho crescimento economico dos ultimos anos, que nos pos em igualdade com potencias economicas historicas, com patamares sociais e educacionais anos luz a frente do nosso.

Algumas destas idiotices são mundiais. Recentemente, um CEO confundido com Rei Midas da tecnologia, se é que isso é possivel, morreu em decorrencia da pior das doenças, o cancer. Nada mais consternador do que ver um homem jovem, rico, e com tanto a contribuir para o mundo morrer de forma tão prematura e definhante. Entretanto, não bastou noticiarmos a morte deste CEO, precisariamos torna-lo um idolo. Sim, um martir da eletronica, um homem que lutou contra as forças de mercado e criou algo revolucionario, indo na contramão das tendencias, embelezou seus produtos e instaurou Mark Ups absurdos , diferenciando seus produtos da media dos concorrentes. Realmente, um homem de visão, este Steve Jobs. Mas não seria muito idolatra-lo?

Não é de hoje que vemos pessoas em redes sociais difundindo frasismos do Mr Jobs, como se ele fosse algum mago da auto ajuda, ou como se tivesse a resposta para os nossos dilemas basicos de gente comum. Tudo isto aconteceu num espaço de menos de um ano após ele morrer, quero dizer, em pouco tempo o cara foi erguido de CEO de uma empresa respeitada a idolo da massa nerd que o agradece por ter criado coisas que fazem a mesma coisa que os concorrentes, só que numa roupagem melhor e com preço maior. Ora, seria para tanto? Não, Steve Jobs não é idolo, não é semiDeus, não é exemplo de auto ajuda a ninguém, e quem leu a sua biografia pode perceber isso com clareza. Ele não era um filantropo, tampouco agia em prol da comunidade com seu poder e influencia, e pelo jeito era bem materialista também, além de avarento. Como podemos idolatra-lo? Que exemplo ele nos passa de homem? Seria somente o sucesso financeiro aquilo que tanto buscamos, para que nos derretamos em idolatria vazia por um homem ambicioso, que nada mais era que um CEO competente? São questões que elucidam a idiotice difundida pelas redes sociais, que apela para ignorancia e pelo desejo de repetir coisas como papagaios unissonos. Steve Jobs nada mais era que um empresário competente e não tinha nada de visionario. Simplesmente dava roupagem melhor a itens que não tinham apelo de consumo a pessoas que não conhecessem profundamente de tecnologia. Querem chamar alguém de visionario, pensem em Leonardo Da Vinci.

Mas ainda falando em redes sociais, nunca vi tanta gente difundindo frases de Willian Shakespeare, Luis Fernando Verissimo, Arnaldo Jabor e agora...Steve Jobs, o frasista. Não é para tanto, as frases de Shakeaspeare são as melhores, pois são todas farsas. O dramaturgo não era frasista, nem filosofo. Não se esqueçam que o mesmo viveu durante o século XVI, e neste periodo não havia questões que pudessem ser aplicadas nos dias de hoje, ao ser humano moderno, cheio de dilemas proprios e diferentes. Enquanto um homem daquele periodo temia a peste e a fome, nós tememos perder nosso seriado favorito diario na TV. Todas as peças de Shakespeare são adpatadas, pois os textos são extremamente sem sentido para nosso raciocinio moderno e rapido. Para se locupletar de uma frase Shakesperiana, o individuo precisa da ajuda de um especialista em literatura inglesa antiga, que adapte o texto para hoje, para que possa fazer algum sentido para nós. Enfim, é tudo embuste. Já Verísismo é um dos maiores enganadores da literatura brasileira, na minha opinião, mas não sou de julgar, há quem goste. O que acontece é que o proprio pede para que parem de difundir frases que não são dele, como a que reconhecer sua propria limitação neste ponto. Já Arnaldo Jabor não é nada mais que um cineasta metido a Truffaut, que ainda pensa ser revolucionario, apelando para termos esquerditas ou para a pura baixaria, assim como nos seus filmes. Vejam sua filmografia e vejam se há algo mais que simples putaria travestida de poesia neles. Enfim, todos não são genios, não são mitos, são homens elevados a este patamar pela ignorancia vigente.

Por fim, não há coisa mais brochante na internet do que o excesso de artistas sem talento que a usam como meio de promoção. Nem vou discutir o "Ai Se Eu Te Pego...", que dá uma nuance clara da fraca profundidade artistica brasileira atual, e nem meninas que fazem videos de si propria em atos sensuais por terem o desejo imenso de serem escolhidas para trabalhos, digamos, pouco ortodoxos. Tampouco podemos esquecer das celebridades de uma semana, como a tal "Luiza, que iria voltar do Canadá...", que ilustra claramente a estupidez de uma classe alta emergente brasileira, ao fazer uma propaganda e dizer isso com uma naturalidade, como se alguém desse a minima. Se sua filha está no Canadá, foda-se! Seria mais interessante pra mim que ela estivesse na Mongolia, comendo topeiras e tomando leite coalhado nas estepes mongois, com tribos nomades. Aí sim, eu ficaria interessado. No entanto, ela só está no Canada, se preparando para ser mais uma patricinha inutil, num pais que exibe um programa como "Mulheres Ricas", como se isso não tivesse efeito ruim o suficiente nas mentes mais jovens. Aliás, a Luiza já deve ter arranjado um namorado canadense, pois brasileiro não combina com a matiz da bolsa dela.

Enfim, quando repetimos tudo aquilo que outros dizem, sem pensarmos se é algo verdadeiro, ou sem sabermos se aquele idolo cibernetico é realmente quem dizem ser, ou se aquele modismo que você sabe que não durará mais de uma semana estiver bombando na sua "rede", não propague. É melhor estar por fora, do que estar por dentro difundindo ignorancia e coisas inuteis. É muito melhor ter senso critico, opinião propria, e usarmos as redes sociais em prol de coisas menos futeis. A popularização dos meios de comunicação deveria nos engrandecer, e não nos "emburrecer". Para cada asno que compartilha uma idiotice, centenas caem do abismo da ignorancia, e quem perde é a nação.

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