sexta-feira, 4 de março de 2016

Corta Pra Esquerda, Corta Pra Direita e....

Espanta-me a evolução da extrema direita pelo mundo afora. Por que tal movimento político tem tido tanta influencia no imaginário popular de tantas nações mundiais? Muita coisa explica tal fato, mas a razão principal é o fracasso da esquerda, como um todo, no mundo.

No início dos anos 2000, vivemos uma onda esquerdista que varreu o mundo, com novas idéias trabalhistas, um preocupação profunda com o social e com a acensão das ondas imigratórias, um posicionamento mais político para esta agenda tão complicada, alocando tais imigrantes e inserindo-os num cenário menos marginal. A coisa toda se iniciou na Europa, na França especialmente, Espanha, Inglaterra, Portugal...enfim, os partidos socialistas acenderam ao poder com grande sucesso neste período. Na época, a Europa passava por uma crise de desemprego profundo, com as instituições desacreditadas e o continente inteiro passando por uma reflexão profunda nas relações de trabalho, adequando-se horas de serviço e reduzindo salários, para a alocação do máximo de empregados possíveis.  Em termos gerais, tais políticas de readequação trabalhista foi muito bem sucedida, e isso combinado a uma seguridade social forte, fez com que o continente tivesse índices de crescimento muito bons no período.

Mas a contrapartida foi a explosão das previdências sociais dos países. O implemento do welfare system, e suas benesses alargadas à uma população mais envelhecida, que não se renova com tanta velocidade, logo é pouco economicamente ativa, levou os Estados a uma gastança com pouca arrecadação, consequentemente à beira do caos econômico.

Nesta segunda decada do século, a coisa mudou 180°, com uma nova ameaça à estabilidade européia: a imigração incontrolável. Com os conflitos no Oriente Médio, a Europa se viu assolada por milhões de imigrantes advindos das mais diversas regiões da Asia menor e do norte da África, nas ex colonias. Qual foi a resposta da população da CE? A adoção da retorica fascista, que busca retomar o nacionalismo nos países que temem a perda da identidade, e pior, da segurança nacional com a crescente ameaça terrorista do ISIS. No fim, a Europa, berço da esquerda moderna, se volta para a direita, com seu discurso protecionista, entrando numa espiral que pode ter consequencias catastróficas, aumentando o medo da população, incentivando a ascensão de pensamentos perigosos.

Na América Latina a esquerda agoniza por outras razões. Nós não temos delirios xenofóbicos como nossos primos distantes da Europa, pois não somos, por assim dizer, uma rota imigratoria de países em guerra. O calcanhar de Aquiles da nossa esquerda foi o flerte com a longevidade no poder, o egocentrismo e a ganância dos nossos representantes, desde a Venezuela, que tentou criar uma nova Cuba, até a Argentina, onde a presidente de tão desastrosa recebeu uma carinhosa alcunha de sobrenome denominada Kirchnerismo. No Brasil, a esquerda tombou pela corrupção, pela prevaricação e pela promiscuidade com empresas privadas, loucas para prover favores aos gestores governamentais em troca de ganhos em ilícitas licitações, especialmente para construção, por meio das empreiteiras. Antes disso, o sagaz ex presidente Lula já havia se envolvido num absurdo escandalo de corrupção o qual jamais conseguiram provar sua  ativa participação: o Mensalão.

Todas estas manobras dentro do continente partiam do pressuposto da total cegueira popular diante da catastofre economica que nos esperava, mediante a troca de benefícios populares, com programas sociais de largo espectro, beneficiando milhões de familias com maciças ajudas governamentais. Assim como na Europa, o welfare system sulamericano não se sustentou e ruiu, relegando à esquerda mais uma prova de seu fracasso frente a gestão economica de seus países.

A contrapartida foi a insurgência de governos de direita, como o de Mauricio Macri, na Argentina, resultante da larga insatisfação popular da esquerda claudicante. No Brasil surgem vozes de ultra direita, uber nacionalistas como Jair Bolsonaro, que prega um discurso falso moralista homofóbico, radical e perigosíssimo num país como o nosso, onde o índice educacional é pífio, beirando o inexistente. A que ponto a esquerda conseguiu ser incompetente, preocupada em criar uma "quimera" socialista, sem se preocupar com questões mais urgentes, como a inflação galopante. Não cuidaram da infraestrutura do país, já sucateada pelo partido antecessor, com parque energético falido, educação e saúde ainda em estado lastimável. Não mudaram o discurso do partido anterior, pior, aumentaram os defeitos dos mesmos, prevaricando na Petrobrás, levando à beira da falência a maior e mais importante empresa do país. Capitalizaram em cima de financiamentos absurdos de campanha, com troca de favores e lobbies nojentos, que culminaram com o maior escândalo de corrupção já visto no Brasil.

No restante do mundo, o perigo se intensifica. Donald Trump, magnata americano, está chegando forte nas primárias do partido Republicano por meio de um discurso de ódio, preconceito e homofobia. Logo os EUA, que demonstraram nas urnas a intenção de mudar o rumo de sua política, após um desastroso governo Bush Filho, ao eleger um democrata claramente socialista, Barack Obama, se trai novamente e aventa a possibilidade de eleger um homem repulsivo, de discurso perigoso.

Dos designios da esquerda ao falastrismo da direita, a politica como um todo clama por uma terceira via. Parece papo antigo, coisa de sonhador, mas não é. O bom senso deveria caminhar junto da politica e com um historico de tantas guerras, conflitos e falta de vergonha na condução desta vã ciencia, já éramos para ter aprendido que a polarização de idéias somente nos trouxeram tragédias, cerceando discussões e atrasando o desenvolvimento humano em décadas. Direita ou esquerda, tente fugir do radical. Prefira a moderação!


Nenhum comentário:

Postar um comentário