segunda-feira, 8 de março de 2010

As Minhas Mulheres. Nossas Mulheres. Parabéns.

Quando somos meninos nossa mãe é tudo. Pelo menos a minha foi pontual na minha infância. Me acalentava, me dava a segurança necessária para crescer. Era carinhosa, mas rígida. Sua mão pesada por vezes me açoitava, mas sempre com o viés de direcionar, e não agredir. Mas não é da relação mãe e filho que quero discorrer. Inicio desta forma pois é a primeira e eterna mulher que todo o homem terá em sua vida: sua mãe. Desta mulher parte todos os conceitos que formaremos sobre as outras mulheres, e delas para o mundo. É um mundo feminino, sem sombra de dúvida. Longe daquela babaquice pós-machista que apregoa contrasensos que elas dominam tudo no sentido de querer nos destruir. Não, elas são o nosso sustentáculo. Assim como as mulheres dos guerreiros curavam suas feridas de batalha, elas hoje nos provem o alívio de deixar o mundo mais belo, mais afável, e menos competitivo e duro.

Voltando à infância, me recordo dos primeiros exemplos de mulheres que me deixaram admirado. Além das coleguinhas das quais roubava pequenos beijos e saía correndo, rindo, tinha uma professora de História. Era linda, inteligente e me tratava com muito carinho. Acho que posso dizer que, na minha mente pueril, aquilo poderia ser um tipo de amor assexuado, admiração de soslaio, onde o que me fazia o dia era uma simples passada de mão em minha cabeça, que me desarrumasse os cabelos. Suspirava de alegria. Era uma mulher muito cheirosa, seu aroma impregnava a sala de aula com jasmim maduro, e sempre estava bem arrumada, à sua maneira, claro. Não esqueçamos que eram os meados da década de 1980, e a boa moda não era a tônica desta época.

Na adolescência as mulheres me eram vistas com menos apreço e mais avidez. Queria possuir todas. Eram os hormônios em ebulição. Apesar de não saber o que fazer com elas, de alguma forma, queria muito estar em conjunção carnal com alguma. Nem admirava beleza, nem trejeitos, aromas, inteligência, cordialidade, nada. Era pura vontade de acoitar um fêmea. Folheava revistas e mais revistas eróticas em busca do orgão perfeito, da bunda mais redonda, dos seios mais fartos e firmes. Não era nada como a geração Internet de hoje, certamente havia pouco a se mostrar e mais a se imaginar. É comum não se aproveitar muito a adolescência, perder-se nas necessidades imediatas e jamais usá-la como ponte para uma vida adulta saudável. Contudo, não fui o único, nem serei o último a objetificar mulheres durante esse tão confuso período. Nem me arrependo disso. Foi uma época estranha, ótimo que passou.

Passou e foi tarde. Na primeira metade da vida, como já escrevi por aqui, as mulheres ganham nova importância. Aprendê-las torna-se um desafio gostoso, desvendá-las é um prazeiroso quebra-cabeças de aventuras e desventuras. Amá-las é uma montanha-russa de sentimentos confusos, idas e vindas do céu ao inferno. As instabilidades femininas vão se tornando o maior atrativo delas, e os bons momentos quase sempre compensam as dificuldades de se compreender o universo feminino. De repente, aquela professora do passado volta. Admiro novamente aquelas qualidades que compõem o sexo oposto, os aromas, os leves trejeitos, o sorriso...me sinto novamente menino, ávido e curioso por um toque, sexual ou não. Permito-me admirar, antes de desejar, a delicadeza da aura feminina. Permito-me, também, querê-las em um segundo momento, nuas e vulneráveis, com curvas sólidas e sinuosas, onde minha mão percorra a pele aveludada como pêssego, que por dentro, esconde uma criatura capaz de sustentar o mundo com um sorriso, um choro, um gesto. Estamos aqui para protegê-las, para que elas nos salvem de nosso próprio senso de predação.

Neste 8 de março, saibamos louvá-las como criaturas sagradas que são. Mulher, a minha ou não, obrigado em nome dos homens em busca de salvação.

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