terça-feira, 3 de agosto de 2010

Uma Visão Positiva Do Futuro.

Havia um tempo em que éramos tribais. Sim, há milhares de anos atrás nossa forma maior de sociedade eram as tribos. Não havia países, fronteiras, mapas ou mesmo governos. Seus integrantes sabiam o que era certo e errado e criavam suas leis a partir da experiência dos mais velhos. Daí era só transmitir aos mais jovens. Tudo que era produzido pela comunidade, era consumido pela comunidade e os excedentes eram trocados com outras tribos. Guerras eram raras, mas como algo inerente ao ser humano, faziam parte também destas sociedades tribais. Não havia uma forma de governo centralizada e isso é mister para o desenvolvimento do que quero escrever. Precisamos mesmo de um governo?

Fato é que evoluímos dos períodos tribais. A própria inquietude humana, que impõe na descoberta uma de suas maiores virtudes faz com que a vida em pequenas tribos seja pífea demais para um ser tão complexo. A descoberta dos metais, e manufaturas a partir disso nos deu a capacidade de expandirmos nossas fronteiras, conquistando outros povos, aglutinando alguns e dizimando outros. A navegação trouxe a obtenção de riquezas por meio da troca intensa de mercadorias e serviços com terras antes jamais acessíveis. A prosperidade destas atividades geraram ainda mais poder as nações que detinham tais tecnologias, e com o implemento da pólvora, os conflitos foram ficando mais violentos, alçando a ambição dos líderes nacionais a voos antes jamais alcançados. Neste período, temos a propagação dos impérios.

A figura central de um Imperador ou Rei, apesar das democracias romana e grega, era a maior expressão de um povo. A evolução de tribos para imperios é o simbolo do que o desenvolvimento tecnologico e social trouxeram. À medida que as atividades se tornaram mais complexas, precisaríamos tornar a forma de governo também mais complexa, com leis, tributos, fronteiras, exércitos e tudo mais aquilo que tirasse a preocupação latente no cidadão que seu habitat seria de alguma forma usurpado, dadas as riquezas que suas nações acumulavam. Neste momento vemos os estados nações prosperarem, e com o conhecimento sendo disseminado por meio dos livros - outrora era por meio de gravuras - precisaríamos de maior divulgação disso. A imprensa surge como a resposta para a massificação do conhecimento para aqueles que não o tinham.

A religião está no meio disso tudo. Fosse ela politeísta ou não, era fato que a mesma exercia papel fundamental na consecução das leis, costumes e na própria sociedade como um todo. O Estado da antiguidade é regido por figuras eleitas por Deus ou pelos Deuses. Seria um grande paradoxo disseminar grande conhecimento a populares, levando em conta que os mandos e desmandos das religiões, além dos seus extremismos causam numa pessoa letrada grande desconfiança. Logo, a idade média fora marcada pela manutenção da ignorância forçada à sociedade como um todo, de forma a manter o povo fiel e sob o comando da figura central eleita pela religião. As leis extremas tinham a pena de morte para aqueles que não as cumpriam, mesmo por razões absurdas. O Estado tinha o poder sobre a vida e a morte do cidadão. Os tributos incorriam sobre tudo e todos, centralizando a riqueza para os cofres públicos, repassando muito pouco ao cidadão comum, enriquecendo as monarquias e impérios daquele tempo. Ao manter a população pobre, o poder dos aristocratas, encoroados e afins era perpetuado por centenas de anos, numa sucessão sem fim.

Dando um salto na história, temos o último grande império, a nação estadounidense que por meio da democracia, igualdade, fraternidade - princípios da revolução francesa - com importância maior à liberdade, que impõe sua forma de governo às demais nações, muitas vezes por meio do conflito armado. As guerras do início e metade do século XX deram aos EUA o poder de mostrar ao mundo que sua forma de governo era a mais correta e justa. A figura de um estado nação não diferia tanto das anteriores na história, com a diferença básica que o Estado se tornava laico, e os líderes não eram mais eleitos por Deus e sim pelo povo. Os tributos e leis (por vezes com penas capitais) eram mantidos como meio de controlar os impulsos populares e revolucionários, que assolaram o mundo no vigésimo século. O comunismo, como forma de governo e vida em sociedade, em teoria, perfeita, era uma ameaça a um país tão centrado na livre iniciativa, no comercio forte e na liberdade irrestrita (todos termos contraditórios, mas latentes). O Estado americano moderno foi, antes de tudo, um Estado de guerra. Os conflitos bélicos, as invasões, as brigas político-comerciais etc., não retratavam uma nação evoluída. Era somente uma diferente forma centralizada de governo em busca de mais poder perante outras nações. Nem mesmo o comunismo trouxe qualquer inovação senão atraso economico e social. Por outro lado, a escola e a universidade trouxeram ao povo o conhecimento que lhes foram negados na idade média. O trabalho escravo fora abolido, e o trabalho remunerado trouxe benefícios ao pobre moderno. A mobilidade social era algo plausível, mas muito pouco aplicável. Era sim, possível, um homem pobre ficar rico e gerar riquezas para outros, contanto que raramente. Fora todo um processo de evolução. Voltemos então à pergunta inicial do texto e implementemos: No futuro, precisaremos mesmo de um governo? O que o cenário politicosocial nos reserva para o futuro?

Odeio previsões feitas sem base, as contradições são muitas. Contudo, baseado na história e na observação pura e simples de como a humanidade tem caminhado, posso dizer com grande certeza que não precisaremos mais de governos no futuro. O raciocínio é simples, ou seja, se estamos tendo mais acesso ao conhecimento e caminhamos cada vez mais para a igualdade por que iríamos ter conflitos? Para que teríamos fronteiras? Logo aqui matamos as figuras de exércitos e forças armadas como um todo. Se os mercados são livres, por que precisamos de diferentes moedas? Se todos cuidam do bem estar de todos, para que precisamos de tributos? É um paradoxo termos todos que pagarmos impostos para benefícios que não vemos na prática dar retorno algum. Aliás,qual serviço público, na prática, funciona bem? É fato que quando algo vai mal na administração pública, é privatizado. No fim, o setor privado cuida de tudo: Infraestrutura, comunicações, transportes, informação, produção, saúde, educação etc. Ora, para que preciso do governo? Ah sim, a segurança pública, a policia. O rigor e a aplicação das leis podem ser feitas pelo próprio cidadão. Muito embora sejamos corruptos, não teríamos mais necessidade de se-los caso fossemos iguais, economicamente e socialmente. Polícia? Quem precisa de polícia? Segurança privatizada também é uma opção. Funciona no sistema bancário, funciona nas empresas, logo por que não funcionaria para o cidadão? Por fim, percebe-se que, cada vez mais, a figura de um governo executivo cai por terra, à medida que o conjunto de serviços oferecidos pelo mesmo, quase todos débeis e pouco funcionais, serão oferecidos pelo setor privado a preços mais baixos forçados pela livre concorrencia. Prefiro saber aquilo que estou pagando do que pagar tributos que não sei para onde vão.

Isso dará, em pouco tempo, margem para cada vez menos corrupção. Os governos são criadouros de corruptos, gente que emperra a máquina pública e fere os interesses da povo. O legislativo está repleto deles. O judiciário ainda pode ser mantido. Se faz necessário punir seres humanos que não se encaixem no quadro social e causem o mal ao seu semelhante. Muitas leis são frutos do bom senso: Não jogar lixo na rua, não dirigir erradamente, não matar, não agredir etc., tudo isto não deveria estar escrito. É fruto da evolução saber disto tudo sem precisar que o Estado te imponha o bom costume. Quando evoluirmos veremos que nosso semelhante é tão importante quanto nós mesmos, por isso quereremos seu bem estar. Nos dias de hoje a informação já é livre, o conhecimento é livre, porque não derrubarmos as fronteiras e os conceitos de nação no futuro? Não parece que isto vai acontecer? É inexorável. Um dia, poderá ser daqui a mil, cem mil anos, veremos que não mais precisaremos de governos, Estados, controles e burocracias em geral. Seremos evoluídos demais para nos prendermos a limites e regras estapafúrdias que os governos nos fazem engolir. Tudo que precisarmos, saúde, educação, bens de consumo, estradas, habitação etc., tudo será privado, comprável. O trabalho gerará a riqueza, a educação gerará o trabalho e tudo isso será reinvestido no bem estar de todos. É isso que prevejo, apesar de odiar previr coisas. A anarquia é o futuro.

Um comentário:

  1. Sem duvida alguma caminhamos para ela e isso é excelente!Parabens pelo texto Luciano. Temos usurfruido bastante desse futuro: a internet e todo o conhecimento compartilhado, musicas, filmes, livros, etc e não vai tardar para n~ precisarmos mais de governos. Há projetos em andamento, inclusive com participação de brasileiros sobre a criação de um sistema livre tipo "coletivo" de controle e administração social. A sociedade governando a si própria aplicando os recursos dos trabalhadores nos próprios bairros onde residem etc. sem precisar de governos ou instituições "sociedadeemguerra.com.br" O futuro é a liberdade e a liberdade é a Anarquia que muito longe do que as pessoas hoje acreditam nada tem proximo desse sistema de caos chamado hierarquia.

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