quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Quadro Atual

Certos aspectos na minha vida são surreais. Citando Sócrates -o filósofo, não o jogador- demorei muito tempo para entender que nada sei, alvejando minha pobre auto estima com questões e mais questões do que, para mim, seriam chaves para a definição correta de felicidade. Tenho certas realizações pessoais intangíveis, mesmo sendo ainda muito jovem, que jamais perderei. Longe de serem algo material, as coisas que me realizam são inabaláveis, incontestes, são frutos ou não da minha fértil imaginação. Passo horas, e mais horas pensando no presente. Isso mesmo, passei a perder paulatinamente, com o tempo, preocoupações estúpidas com o passado e com o futuro. Isso é uma puta realização, viver o presente como ninguém.

Ferramentas não me faltam. Recebi boa educação, fui bem instruído, conheço coisas, pessoas, o mundo... não estou aqui em vão. Passa-me agora um outro traço de alegria na minha e na vida de qualquer um: tem gente que gosta de mim. Isso não é maravilhoso? Tem coisa mais destrutiva na vida do que ser odiado, ou melhor, desgradável aos outros? Sou bem quisto. Tem gente que senta comigo por horas, e ouve minhas mais ridículas anedotas, tem gente que lê o que escrevo por aqui, tem gente que me deseja vivo, saudável e feliz. Tem gente que eu admiro. Sim, não são só autores, músicos, desportistas mas também pessoas me fazem ficar admirado. Muitos podem ver isso como humildade, mas eu entendo ser uma virtude de se auto reconhecer menos, por vezes, e analisar a outra pessoa livre de egos e invejas. É uma virtuosidade monstruosa saber reconhecer aqueles menos célebres, mas tremedamente importantes em sua vida. Sou grato por isso.

Nessa eterna ignorância assumida, que só vem com tempo, surgem outros questionamentos, ainda mais dolorosos mas presentes. O coração, eufemisticamente falando, é completo? Não. Estou explorando os limites do meu coração ao extremo, e nesta fase da vida estou submetendo o mesmo a testes que podem me tornar uma pedra insensível ou um romântico incurável. A fina tênue linha que me separa da felicidade amorosa eterna e da decepção latente, me faz sentir como um equilibrista, bêbado, sem o seu famoso guarda chuvinhas colorido, em cima de um monociclo. Deu pra ter uma idéia? É a pura aposta no incerto, naquilo que poucos teriam os "cojones" de por seu ego e auto estima à prova. Mas isso, para mim, é uma realização. É uma prova que, nesta fase da vida, ainda posso me desafiar, e deste desafio colher frutos e empreender uma vida mais plena.

Não há exatamente limites para onde devemos ir quando buscamos a completude moral vital para que possamos viver plenamente, e que nosso espírito descanse na mais santa paz após uma vida movimentada, e com um belo epitáfio para escrever em nossas tumbas. Da minha parte posso dizer que, no primeiro quarto de século da minha vida, alcancei mais do que planejava, menos do que queria e me encontro num patamar de necessidades atuais que ultrapassam o limite da normalidade e chatice. Elas repousam celebremente nos meus mais urgentes desejos, que me vêm forçando a descer de todos os pedestais existentes em minha personalidade, para me tornar o mais mundano e tocável possível. Quanto mais ordinário e normal me tornar, maior a probabilidade de alcançar a plenitude dos meus mais urgentes desejos e saciá-los como os mesmos merecem.

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